Estudo desenvolvido na UFRN sobre variante genética relacionada à Hipercolesterolemia Familiar (HF) recebeu dois prêmios em evento realizado nos Estados Unidos da América (EUA). A pesquisa, resultado do doutorado de Jéssica Nayara Góes de Araújo, realizada no Programa de Doutorado em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio/UFRN), foi premiada pela Divisão de Lipoproteínas e Doenças Vasculares da Associação de Diagnóstico e Medicina Laboratorial (ADLM) e também como um dos 24 melhores trabalhos (entre mais de 780) do ADLM Annual Scientific Meeting & Clinical Lab Expo, maior encontro mundial da área de análises clínicas.
Tendo atraído quase 20 mil profissionais e 910 empresas que apresentaram produtos e serviços voltados para a medicina laboratorial, a ADLM Annual Scientific aconteceu entre 23 e 27 de julho, na Califórnia (EUA). Por meio desse evento, a Associação garante visibilidade para os principais avanços em medicina laboratorial e oportunidades de educação profissional e networking para seus membros e participantes, a fim estimular o desenvolvimento científico que irá refletir no melhor manejo clínico dos pacientes.
“Essa premiação permitiu mostrar a relevância das pesquisas desenvolvidas nas universidades públicas do Brasil e estabelecer importantes conexões que poderão me abrir portas em instituições que eu queira aplicar para posições no futuro”, comemora a pesquisadora, que atualmente cumpre estágio pós-doutoral no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da UFRN (PPGCF).
A Hipercolesterolemia Familiar é um distúrbio do metabolismo do colesterol que pode levar ao desenvolvimento precoce de doenças cardiovasculares e afeta uma em cada 250 pessoas no mundo. No entanto, muitos casos ainda são subdiagnosticados e subtratados. A pesquisa de Jéssica teve como objetivo identificar novas alterações genéticas associadas à doença para aprimorar o diagnóstico. Por meio do sequenciamento de DNA em indivíduos com diagnóstico clínico, mais teste genético de resultado inconclusivo, a equipe de pesquisa identificou cinco variantes na região promotora dos genes clássicos como as mais prováveis de provocar alterações relacionadas à HF.
A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) estão na lista de universidades com mais artigos publicados e citações no mundo, de acordo com o Research.com, um ranking que classifica as melhores universidades do globo de acordo com o D-indexes (Discipline H-index), índice que tem como critério o número de artigos publicados e citações, segundo cada disciplina avaliada.
Essa é a segunda vez que o ranking é publicado. A UFRN se destacou na Neurociência, alcançando a posição 284 na lista global e o 4º lugar dentre as universidades brasileiras; e em Matemática, na posição 590 no ranking global, sendo a 8ª do país pelo critério de artigos e citações.
A Ufersa entrou no ranking com Ciência Animal e Veterinária, ficando na 378ª posição global e na 23ª dentre as universidades brasileiras.
Cada uma das três disciplinas citadas nesta reportagem (Neurociência, Matemática e Ciência Animal e Veterinária) tiveram 166.880 trabalhos analisados. Além delas, também foram analisadas pelo ranking as disciplinas de Biology and Biochemistry; Chemistry; Computer Science; Earth Science; Ecology and Evolution; Economics and Finance; Electronics and Electrical Engineering; Engineering and Technology; Environmental Sciences; Genetics; Immunology; Law; Materials Science; Mechanical and Aerospace Engineering; Medicine; Microbiology; Molecular Biology; Physics; Plant Science and Agronomy; Political Science; Psychology; e Social Sciences and Humanities.
Para calcular o ranking, o Research.com considerou dados bibliométricos de diferentes fontes, como a OpenAlex e o CrossRef, coletados no ano de 2022.
Depois de ter recebido em 2022 a pior nota do País no Ensino Médio Público da rede estadual, com apenas 2,8 de média no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), mais um índice demonstra as falhas na educação do Estado. O RN está entre os cinco estados do país com mais estudantes “atrasados”, ou seja fora da faixa etária indicada para o Ensino Médio. Os dados da mais recente PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostram que 33,4%, ou 48 mil estudantes, não conseguirão concluir o ensino médio na idade regular de 17 anos.
Os dados do IBGE demonstram o abismo existente entre o Ensino Fundamental, de responsabilidade dos municípios, e o Ensino Médio, gerido pelo Estado. No caso dos alunos de 6 a 14 anos, de Ensino fundamental, 96,9% deles estão na faixa etária ideal. Já quando estes alunos chegam ao Ensino Médio, essa proporção cai para apenas 66,6%, ou seja uma queda de 30 pontos percentuais. Segundo o IBGE, o estado tem 146 mil estudantes no ensino médio no estado. Desses, segundo informações do SigEduc – Sistema Integrado de Gestão de Educação, da Secretaria Estadual de Educação (SEEC), 117.058 se matricularam na na rede estadual. Os dados se referem a 2022 e preocupam em relação àqueles que estão fora de faixa.
O cenário também é reflexo da pandemia da covid-19 que interrompeu as aulas presenciais, sendo que muitos jovens não conseguiram acompanhar aulas virtuais e precisaram se dedicar a alguma atividade laboral para ajudar a família, resultando em desistências e reprovações. “Existia distorção de idade em anos anteriores, mas agora é muito maior. Aqui aumentou 60%. Temos estudantes de 18… 19 anos na primeira, na segunda série do ensino médio”, relata o vice-diretor da Escola Estadual Winston Churchill, no Centro de Natal, professor Ítalo Yuri.
O estudante Jailton Dantas, 17 anos, repetiu no 6º ano, conseqüentemente atrasando nos anos seguintes. Atualmente está no segundo ano do ensino médio e aposta na carreira nas Forças Armadas tanto por se identificar com a área e ter uma renda, quanto para compensar o “tempo perdido”, uma vez que todos os jovens na sua idade são obrigados a se apresentarem para o serviço militar.
“Sei que pra fazer carreira lá será preciso estudar mais. Quero concluir o ensino médio ao mesmo tempo em que estarei servindo nas Forças Armadas. Com maior dedicação, eu creio que não vai interferir muito o fato de eu estar fora da idade”, declara o jovem.
Na mesma perspectiva, Samya Daylana, de 19 anos, que está no 3º ano, analisa que isso poder atrasar seu currículo profissional. “Pode ser que interfira em algo no meu currículo, mas não me sinto atrasada. Reprovei em anos anteriores e hoje estou numa turma com idades variadas. Acho que em relação à aprendizagem estamos nivelados”, diz ela.
De acordo com a PNAD Contínua, o Rio Grande do Norte tem 96,9% dos alunos entre 6 a 14 anos no ensino fundamental, ou seja, na idade indicada para este nível de escolaridade. Contudo, a situação se torna preocupante quando muda a fase, chegando a 66,6% de alunos entre 15 e 17 anos no ensino médio, que é a idade ideal.
Observa-se aí uma queda de mais de 30 pontos percentuais entre a quantidade de alunos que estão no fundamental e conseguem chegar ao médio na idade certa. É a maior diferença entre os estados do Nordeste de um nível para outro e a terceira no ranking nacional dos 27 estados e o Distrito Federal.
A especialista em educação, professora Cláudia Santa Rosa, diz que a educação passa por uma realidade delicada e não apenas no Rio Grande do Norte, mas em todo o país. “Temos uma Escola com pouca vontade de atrair e manter o jovem e eles enxergam que é melhor estar fora da escola e no mercado de trabalho informal, inclusive, porque vêem uma escola desinteressante. Não há conexão entre currículo escolar, estrutura das escolas e anseios dos jovens”, pontua a professora.
Segundo avalia, os alunos param de estudar ou são reprovados continuamente porque a escola não lhes dá condições e possibilidades de conquistas e realizações.
Santa Rosa frisa que a pandemia agravou a situação e, sem políticas inclusivas eficientes, voltadas para a inclusão digital, os estudantes não podiam ir à escola e nem tinham condições de se manterem conectados a ela. “Daí eles abandonaram a escola. Aqui no RN não vimos nada acontecer, nem mesmo uma campanha educativa, com linguagem voltada para atrair os jovens de volta e mantê-los na escola, nenhum material voltado para esse jovem recompor aprendizagens que não aconteceram durante os anos de pandemia”, diz ela.
Sem medidas enérgicas que mudem essa realidade, o cenário é ainda mais preocupante para o futuro, interferindo, inclusive na qualidade dos futuros profissionais. “O desenvolvimento do país, as desigualdades sociais vão ganhando escalas maiores. São necessárias políticas públicas de inclusão dos jovens, inclusive os que precisam trabalhar, para conciliar com a escola; para os que são atraídos pela criminalidade; os que engravidam; enfim, uma série de problemas que precisam ser combatidos na origem para que se vislumbre um novo cenário”, aponta a especialista.
O Instituto Metrópole Digital, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IMD/UFRN), está com inscrições abertas para seleção de professor substituto/temporário do Magistério Superior. São ofertadas vagas em cadastro reserva e as oportunidades são para lecionar em duas áreas: Segurança da Informação e Aprendizado de Máquina e Ciência de Dados.
As inscrições podem ser realizadas até o dia 19 de julho, por meio de formulário on-line disponível no portal do SIGRH/UFRN. Para se inscrever, basta entrar no site, na aba de Concursos, e seguir para Concursos Abertos, página na qual se encontram disponíveis o edital e o formulário de inscrição.
Para concorrer aos cargos de docente em Segurança da Informação, o candidato deve ter graduação em Computação e pós-graduação do tipo lato ou stricto sensu. Já as vagas referentes ao campo de Aprendizado de Máquina e Ciência de Dados requerem graduação em qualquer área e pós-graduação lato ou stricto sensu.
Para a primeira vaga, a remuneração pode chegar até R$ 4.168,21, com carga horária de 20h semanais. Já para a segunda, o valor pode chegar a R$ 7.014,02, com carga horária de 40h semanais.
As competências exigidas dos candidatos deverão ser comprovadas mediante a documentação pedida no Edital nº 076/2023-PROGESP.
Seleção
O processo de seleção consistirá na realização de provas, que ocorrerão no período de 2 de agosto ao dia 1 de setembro e serão realizadas na sede do próprio IMD, localizada na Av. Capitão Mor Gouveia, Campus Central da UFRN.
As atas de todas as avaliações, contendo as notas dos candidatos, serão divulgadas nos quadros de aviso da unidade acadêmica (publicação oficial), na página eletrônica do SIGRH e por e-mail.
O prazo de contratação de professor substituto terá como referência o término do período letivo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta quinta-feira (13) o projeto de lei que cria o novo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Entre as novidades estão a ampliação do acesso de faixas de renda; a redução de taxas; e o aumento do subsídio para aquisição de imóveis.
Durante a cerimônia de lançamento da nova edição do programa, Lula lembrou que o déficit habitacional é um problema histórico e crônico no Brasil.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
“Em 1974, na primeira campanha vitoriosa do PMDB, foi dito que o Brasil tinha um déficit habitacional de 7 milhões de casas. Isso foi há 48 anos. Hoje eu vejo as pessoas falarem que temos um déficit ainda de 6 a 7 milhões de casas, mesmo com o programa MCMV fazendo 6 milhões de casas nesses últimos anos”, disse o presidente.
“Isso demonstra a necessidade do Estado se sentir obrigado a fazer essa reparação”, acrescentou.
As novas regras já estavam em vigor desde o último dia 7, por conta da MP 1.162/23, aprovada em fevereiro pelo Congresso Nacional. Segundo o Planalto, até o início de julho 10.094 unidades já haviam sido entregues em 14 estados. O investimento, até então, já estava em R$ 1,17 bilhão.
De acordo com o Planalto, com as novas regras populações de rua também poderão acessar o programa. A previsão é de que, até o final do ano, sejam entregue mais 8 mil unidades habitacionais, e que 21,6 mil obras sejam retomadas. A meta é contratar 2 milhões de moradias até 2026.
Antes da cerimônia de assinatura, Lula já havia comentado sobre a nova etapa do programa, via redes sociais:
Bom dia. Hoje começamos uma nova etapa no Minha Casa, Minha Vida, com ampliação das faixas de renda, redução de taxas e aumento do subsídio para aquisição dos imóveis. O sonho da casa própria se tornando realidade para cada vez mais famílias brasileiras.— Lula (@LulaOficial) July 13, 2023
Faixas de renda
Tanto as faixas de renda para beneficiários, como o valor a ser financiado foram ampliados. Com isso, a Faixa 1 do programa contemplará famílias com renda mensal de até R$ 2.640. Já a Faixa 2 contemplará famílias com renda entre R$ 2.640 e R$ 4,4 mil; e a Faixa 3, para famílias com renda mensal entre R$ 4,4 mil e R$ 8 mil.
Já com relação ao valor do imóvel, o financiamento máximo será de R$ 170 mil para empreendimentos voltados à Faixa 1; R$ 264 mil para a Faixa 2; e R$ 350 mil para a Faixa 3.
No caso do MCMV rural, o valor máximo para novas moradias passou de R$ 55 mil para R$ 75 mil. Já o financiamento para melhoria de uma moradia passou de R$ 23 mil para R$ 40 mil.
As taxas de juros variam de acordo com a região e com a renda, indo de 4% ao ano a 5,5%, no caso da Faixa 1; de 4,75% a 7%, para a Faixa 2; e de 7,66% a 8,16% para a Faixa 3.
O governo federal aumentou também os descontos oferecidos para as famílias que acessarem o financiamento com recursos do FGTS para a aquisição do imóvel – de R$ 45,7 mil para R$ 55 mil, restrito aos beneficiários da Faixa 1. Segundo o Planalto, esse limite não era revisto desde 2017
As prestações mensais pagas pelos beneficiários da Faixa 1 serão proporcionais à renda, com um valor mínimo de R$ 80, ao longo de um período de 5 anos.
Avanços
As novas contratações do MCMV trazem melhorias, também, nas especificações dos imóveis. Entre as melhorias estão o aumento da área mínima das unidades, de 40 metros quadrados (m²) para casas e de 41,50 m² para apartamentos; e a criação de varandas “para oferecer um espaço adicional aos moradores”. Além disso, os conjuntos deverão ter sala de biblioteca e equipamentos para a prática esportiva.
Ainda entre as melhorias está a necessidade de o terreno estar localizado na malha urbana, próximo a infraestruturas completas já instaladas e consolidadas – o que inclui acesso a equipamentos públicos de educação, saúde e assistência social, além de acesso a comércio e serviços e transporte público coletivo.
“Terrenos mais bem qualificados podem receber um valor adicional em sua aquisição, incentivando a qualidade e adequação das localizações dos empreendimentos”, complementou o Planalto.
Repercussão
Segundo o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato de Souza Correia, mais de 6 milhões de habitações já foram construídas graças ao programa, desde sua primeira versão, em 2009. Na solenidade de sanção das novas regras, ele avaliou como “positiva” a nova versão do programa:
“A CBIC avalia de forma muito positiva a versão atual do MCMV, pois volta a contemplar, com recursos da União, a parcela mais carente da população brasileira, que sofre com habitações precárias e com aluguéis muito caros. O governo já estaria de parabéns se ficasse somente nessa parte, mas fez mais: ajustou o programa nas faixas financiadas pelo FGTS.”
Ministro das Cidades, Jader Filho, na cerimônia de assinatura do projeto de lei que cria o novo programa Minha Casa, Minha Vida – Marcelo Camargo/Agência Brasil
Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, os entraves e o atraso promovido pelo governo anterior deixou de concluir 186 mil unidades habitacionais. “Destas, 83 mil unidades estavam paralisadas”, disse o ministro. Ele acrescentou que o programa conseguiu retomar mais de 17 mil casas e já entregou mais de 10 mil moradias, beneficiando mais de 100 mil brasileiros que buscavam habitação.
Representante do Movimento Camponês Popular, Jéssica Briito lembrou que a atual edição do MCMV só foi possível no campo, enquanto política pública, após muito diálogo e reivindicações por parte dos camponeses.
“Só chegou nas diversas populações do campo, em todas as regiões desse país, graças a parceria com os movimentos do campo que historicamente fazem a luta por reforma agrária; pelo reconhecimento do campesinato na tarefa permanente de produzir alimentos; e pela luta por melhores condições de produção e de vida no campo. Essas organizações ousaram lutar e reivindicar o direito à moradia para essas populações”, disse.
“A moradia no campo, para nós, é um elemento de permanência das famílias no campo. Mais do que isso, ela é também um elemento de transformação da autoestima das mulheres camponesas, porque somos nós, mulheres, que sentimos de perto a dureza de não ter um teto e um lar seguro para os nossos filhos. Nos fortalece muito a retomada desse programa, tendo como um dos principais critérios de atendimento as mulheres camponesas.”
Representante da Confederação Nacional das Associações de Moradores, Bartira Costa defendeu a priorização de políticas urbanas, enquanto “agenda prioritária para o desenvolvimento urbano do Brasil, tendo a cidade como direito e não apenas como moradia”; a “retomada imediata” do Conselho das Cidades; e a convocação da Conferência das Cidades.
“Precisamos também garantir a universalização do acesso aos serviços de saneamento básico para todas as pessoas independente do local e das condições de moradias, bem como da capacidade de pagamento. Para isso é fundamental fortalecer as empresas e os serviços públicos de saneamento; retomar os investimentos do plano enquanto instrumento de planejamento. O saneamento deve ser encarado como política estratégica para o desenvolvimento do Brasil, condicionante da qualidade de vida nas cidades”, disse.
No universo acadêmico, há histórias que transcendem fronteiras e inspiram gerações. Uma dessas histórias é a do professor e diretor do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, Hamilton Varela, um natalense que trilha uma carreira de sucesso no exterior, destacando-se como um renomado educador ao redor do mundo. Sua trajetória é marcada por determinação, oportunidades e uma paixão inabalável pela Química. Ele foi indicado como professor adjunto do Instituto de Ciência e Tecnologia de Gwangju (GIST, Gwangju Institute of Science and Technology), na cidade de Gwangju, Coréia do Sul.
Nascido em 1973, Hamilton Varela cresceu em Natal, onde seus pais, o professor Hélio Varela de Albuquerque, da Engenharia Civil, e Maria Lúcia Brandão, do curso de Enfermagem, ambos da UFRN, o incentivaram desde cedo a buscar o conhecimento e a excelência acadêmica. Ele estudou no Colégio Salesiano São José, na Ribeira, durante o ensino fundamental e médio, e, na época do vestibular, foi confrontado com a difícil escolha entre Matemática e Química. Influenciado pelo pai, optou por cursar Engenharia Química na UFRN, dando início a uma jornada repleta de descobertas e conquistas.
Durante sua graduação em Natal, o potiguar teve a oportunidade de realizar uma iniciação científica no Departamento de Química, despertando seu interesse pela pesquisa. Sua dedicação e talento foram recompensados quando ele conquistou o primeiro lugar no vestibular para Engenharia Química. Após concluir sua graduação, decidiu buscar novos horizontes e mudou-se para São Carlos, em São Paulo, para realizar seu mestrado na Universidade de São Paulo (USP).
“E aí eu vim fazer o mestrado aqui em São Carlos, mas uma vez fui primeiro colocado no exame de seleção e ingresso, e durante o mestrado, tive a oportunidade de conhecer um professor alemão, muito importante. Ele estava aposentado na Alemanha, mas estava seguindo como pesquisador na USP. Ele assistiu a apresentação de um seminário meu e falou: ‘Gostei muito, e se algum dia você precisar de mim, eu te ajudo, faço uma carta de recomendação para você’. E isso ficou na minha cabeça. Durante o mestrado, fui fazer estágio nos Estados Unidos e passei umas três ou quatro semanas, e surgiu a oportunidade de fazer o doutorado lá”.
E completou: “Quando eu voltei, comentei com ele: ‘Olha, agora se você oferecer aquela carta de recomendação, pois de fato preciso’. Ele falou: ‘Ah, não sei, veja melhor’. Fiquei decepcionado. Só que ele disse que poderia conseguir um lugar bem mais interessante para mim, segundo a expectativa dele. E assim foi feito. No final de semana seguinte, ele ligou para essa pessoa, que eu terminei indo trabalhar com ela, e ele me falou: ‘na semana que vem, você vai receber uma carta para fazer doutrorado no Instituto Fritz Auber da Sociedade Max Planck, em Berlin, na Alemanha’, rememorou.
Essa oportunidade, aparentemente impossível, se tornou realidade quando Hamilton Varela recebeu uma carta informando que todas as despesas seriam cobertas. Assim, em abril de 2000, ele embarcou para Berlim para realizar seu doutorado. Os anos que se seguiram foram de intenso aprendizado e pesquisa, culminando com a defesa de sua tese e a obtenção do título de Doutor no dia de seu aniversário de 30 anos. Sua conquista foi ainda mais notável, ao receber uma nota “magna cum laude”, um reconhecimento raro na Alemanha.
Após concluir seu doutorado, o natalense teve a oportunidade de trabalhar na Universidade Técnica de Munique, antes de retornar a São Carlos, onde sempre sonhou em fincar raízes. Sua paixão pela USP e o desejo de compartilhar seu conhecimento com a próxima geração, o levaram a se tornar um Jovem Pesquisador da FAPESP e, posteriormente, aprovado em um concurso para se tornar professor titular na USP.
“Era um lugar que eu sonhava em voltar um dia, a minha esposa é daqui e queria fincar raízes na cidade. Era um sonho muito grande ser professor aonde estudei, na USP, e assim foi feito. Voltei em 2004 da Alemanha, fiquei como Jovem Pesquisador da Fapesp e em 2007, fui aprovado no concurso para professor da USP. A minha carreira foi muito rápida para os moldes da USP, já que todas as projeções internas são feitas por meio de consursos. Então, o que aconteceu comigo foi o seguinte: entrei em 2007, com 5 anos de USP, fiz a minha Livre- Docência em Termodinâmica Química, e com mais 5 anos, virei professor titular e com outros cinco anos, me tornei diretor do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP”.
E continuou: “Em relação aos professores titulares, passei no meu primeiro concurso, e fui o titular mais jovem do Instituito. Tem outros mais jovens na USP, mas no Instituto de Química de São Carlos, eu fui o mais jovem, com 43 anos. E para diretor também, fui eleito o diretor mais jovem da história do Instituto”, completou Hamilton Varela.
Sua jornada científica continuou durante o doutorado, realizado em Berlim, onde teve a oportunidade de trabalhar com uma orientadora e também conhecer o renomado Gerhard Ertl, diretor do Institut e ganhador do Prêmio Nobel de Química em 2007. A inspiração e o apoio recebidos de Ertl foram fundamentais para sua trajetória.
Em homenagem a Gerhard Ertl, o pesquisador natalense e um contemporâneo, que havia sido aluno de Ertl, fundaram um Centro com o nome do cientista na Coreia do Sul. O centro tem se desenvolvido de forma significativa, realizando eventos periódicos. Na primeira edição do evento, foi lançado o Prêmio Gerhard Ertl, que homenageia o cientista e foi concedido ao próprio pesquisador potiguar.
Além de suas contribuições internacionais, o professor Hamilton Varela recebeu um convite do Gwangju Institute of Science and Technology, na cidade de Gwangju, Coreia do Sul, para atuar como professor adjunto em um contrato temporário. Inicialmente, o contrato era de dois anos e não poderia ser renovado, mas devido ao seu trabalho excepcional durante a pandemia, ele teve seu contrato estendido por mais três anos.
Recentemente, recebeu um novo contrato de mais dois anos. Durante sua estadia, ele visita a universidade uma vez por ano para ministrar aulas, participar de eventos e manter contato com os alunos, enquanto também colabora remotamente. Essa oportunidade é considerada prestigiosa e tem proporcionado grandes colaborações em sua carreira, incluindo palestras ministradas em diversos países ao redor do mundo.
Devido aos seus contatos frequentes com a China desde 2011, é possível que em breve o pesquisador natalense também tenha um contrato naquele país. Sua relação com a China tem sido fortalecida ao longo dos anos, e ele está se preparando para sua sétima visita ao país no próximo mês de setembro.
“Vou com muita frequência para a China, é possível que em breve eu tenha um contrato desses lá também, porque tenho muito contato com a China, desde 2011. E no próximo mês de setembro vou para lá, essa já é a sétima vez que vou para a China”, ressaltou.
Quanto à sua paixão pela Química, ela despertou durante o ensino médio, quando Hamilton estudava no Colégio Salesiano e teve a influência de três professores que apresentaram a química de uma forma diferente. Sua afinidade com as ciências exatas e a química foi impulsionada pela versatilidade, interdisciplinaridade e pela estreita relação com a matemática e a física.
Apesar de ter passado a maior parte do tempo fora de Natal, sua cidade natal, o pesquisador destaca a importância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em sua formação acadêmica. Ele considera a UFRN como sua “Alma Pátria” e valoriza os excelentes professores que teve durante sua graduação.
Desafios
Quando questionado sobre os desafios enfrentados no Brasil, Hamilton Varela ressalta que o país possui profissionais altamente capacitados e que podem competir em igualdade de condições com os melhores do mundo. No entanto, ele destaca a necessidade de uma política de estado consistente e de longo prazo para financiar a pesquisa e a inovação.
De acordo com ele, a continuidade das políticas, independentemente das mudanças de governo, é essencial para que o país possa trilhar um caminho do desenvolvimento sustentável. O investimento em educação, ciência e tecnologia é fundamental para o crescimento do Brasil, e o pesquisador acredita que o país tem muito a oferecer nesses campos.
Ao refletir sobre sua trajetória até o momento, o professor Hamilton Varela se sente realizado e motivado a continuar contribuindo para a universidade pública no Brasil e para o sistema de ciência, tecnologia e inovação do país. Com mais duas décadas ou mais de carreira acadêmica pela frente, ele acredita que ainda há muito a ser realizado em prol do avanço científico e do desenvolvimento do Brasil.
“Um dia desses eu morava ali perto do Cefet, ali em Morro Branco, estava cordando cedo para pegar o ônibus para ir para o Salesiano e de repente me vi nos maiores centros do mundo, no Instituto Fritz Auber da Sociedade Max Planck, da Alemanha. Estudar em um lugar onde passou Fritz Auber, Albert Einstein, tanta gente importante, é completamente impensável. E de vez em quando, parecia que eu estava sonhando”. pontuou.
Universidade da Coreia do Sul
O professor e diretor do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP, Hamilton Varela, foi indicado como professor adjunto do Instituto de Ciência e Tecnologia de Gwangju (GIST, Gwangju Institute of Science and Technology), na cidade de Gwangju, Coréia do Sul.
Ele foi recomendado pelo Comitê de Pessoal do Corpo Docente do GIST e atuará na Escola de Ciências da Terra e Engenharia Ambiental do Instituto, entre 1º de junho deste ano e 31 de maio de 2025.
A previsão é de que Varela passe cerca de dez dias por ano em Gwangju, onde ministrará palestras sobre eletrocatálise e termodinâmica. O docente também irá realizar pesquisas em colaboração com o Grupo do professor Jaeyoung Lee, sobre a interconversão entre as energias química e elétrica.
Uma pesquisa recente revelou que quase metade dos estudantes potiguares que ingressam na graduação acaba desistindo dos cursos antes mesmo de se formar. De acordo com o “Mapa do Ensino Superior no Brasil”, divulgado pelo Instituto Semesp, a taxa de desistência no Rio Grande do Norte é de 48,2%. Os motivos apontados para essa decisão incluem frustração com currículos desatualizados, além de questões econômicas e falta de oportunidades no mercado de trabalho.
Uma das estudantes que optaram por abandonar o curso foi Maria Clara Spínola, de 18 anos, que desistiu de Química do Petróleo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) por não ter se identificado com a área. “Não é um curso que falta oportunidades de emprego, mas eu simplesmente não me identifiquei e acabei abandonando. Agora, pretendo fazer psicologia”, relata Maria Clara.
Cláudia Santa Rosa, ex-secretária estadual de educação, avalia que a taxa de desistência no Rio Grande do Norte segue a tendência nacional. “Sempre soube que essa taxa era alta. Durante minha atuação no terceiro setor, chegavam informações de que muitos cursos nas nossas instituições de ensino superior começavam com 40 alunos e terminavam com apenas um quarto desse número, o que é incompatível com os investimentos realizados”, afirma Santa Rosa.
De acordo com a especialista, que também foi secretaria de educação do Rio Grande do Norte, o estudo aponta causas com as quais ela concorda, como a frustração dos jovens diante de currículos desatualizados e distantes das demandas do mercado de trabalho. Além disso, ela destaca questões econômicas, como a capacidade de arcar com os custos do curso.
De acordo com a pesquisa, que acompanhou alunos que ingressaram no ensino superior em 2017 até 2021, o Rio Grande do Norte registrou que 27,9% dos estudantes conseguiram concluir a graduação, enquanto outros 23,9% seguiam matriculados. A taxa de desistência acumulada no período foi de 48,2%.
A situação é mais grave na rede privada, segundo o estudo. O levantamento aponta que 53,7% dos estudantes desistiu da graduação no período analisado, enquanto que apenas 34,1% havia terminado a faculdade.
Nas instituições públicas de ensino, a taxa de desistência foi de 42%. No entanto, outros 20,9% dos estudantes conseguiram se formar na rede pública. Além disso, 37% dos estudantes ainda estavam matriculados.
Segundo o Mapa do Ensino Superior, o Rio Grande do Norte conta com um total de 29 Instituições de Ensino Superior (IES) que oferecem cursos presenciais, além de 49 IES que oferecem cursos na modalidade de Educação a Distância (EAD).
Do total de matrículas no ensino superior no estado, 57,0% estão em instituições privadas. Quanto às modalidades, 78,9% das matrículas são em cursos presenciais, enquanto os cursos EAD representam 21,1% das matrículas.
Os candidatos que não foram selecionados na chamada regular do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do segundo semestre de 2023 têm até terça-feira (4) para manifestar interesse em participar da lista de espera. O prazo para inscrição começou na última terça-feira (27) e deve ser feito pelo Portal Único de Acesso ao Ensino Superior .
Os candidatos que estiverem na lista de espera para a matrícula serão convocados pelas próprias instituições a partir do dia 10 de julho, portanto o estudante interessado deve se informar junto à instituição para a qual está inscrito.“As convocações são gerenciadas e realizadas por cada instituição, de acordo com seu planejamento. As informações, conforme portaria, devem estar em edital da instituição de educação superior e no site da instituição”, diz o Ministério da Educação (MEC).
O dia 4 de julho também é a data final para que os estudantes se matriculem nas instituições de ensino para as quais foram selecionados. O prazo começou na quinta-feira, 29 de junho. Os candidatos devem verificar os dias, horários e locais de atendimento definidos por cada instituição em edital próprio.O MEC divulgou o resultado da chamada única do Sisu no dia 27 de junho, no portal do Sisu. Ao todo, a segunda edição de 2023 do programa teve 305.797 inscritos.
Termina nesta sexta-feira (30) o prazo para inscrição no Programa Universidade para Todos (Prouni) para o segundo semestre. Os interessados em participar do processo seletivo devem acessar o Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.
O Prouni é o programa do governo federal que oferece bolsas de estudo integrais (100%) e parciais (50%) em instituições de educação superior particulares.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), serão disponibilizadas 276.566 bolsas – 215.530 integrais e 61.036 parciais –, em cursos de graduação e cursos superiores sequenciais de formação específica.
Para se inscrever no programa, o candidato precisa ter participado da edição de 2021 ou de 2022 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter obtido pontuação igual ou superior a 450 pontos na média das notas.
Além disso, é necessário que não tenha zerado a nota da redação, e que não tenha participado do Enem na condição de treineiro – quando o aluno faz a prova antes de concluir o ensino médio, apenas para se autoavaliar.
Para fins de classificação e eventual pré-seleção no Prouni, o MEC utiliza a edição do Enem em que o participante obteve o melhor desempenho.
Para ter acesso à bolsa integral, o estudante deve comprovar renda familiar bruta mensal de até 1,5 salário mínimo por pessoa. Para a bolsa parcial, a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa. Desde 1º de maio, o salário mínimo no Brasil é de R$ 1.320.
Os recentes reajustes das mensalidades do ensino superior podem deixar vários estudantes de fora da faculdade, por não terem condições de pagar, de acordo com estudo feito pela Quero Educação. O levantamento mostra que enquanto os futuros alunos buscam mensalidades de cerca de R$ 500, a média cobrada pelas instituições é R$ 722. Isso faz com que 68% daqueles que estão em busca de uma formação superior não encontrem opções viáveis.
O levantamento foi realizado a partir das buscas feitas na plataforma Quero Bolsa, um dos braços da Quero Educação. Pela plataforma, estudantes podem obter bolsas de estudos de 5% a 80% de desconto em instituições privadas. Hoje, as bolsas ofertadas cobrem, de acordo com a Quero, 10% das matrículas nas faculdades. Mais de 1,3 mil instituições ofertam bolsas de estudo pela plataforma.
Segundo a Quero Educação, no início deste ano as maiores instituições do mercado praticavam, na plataforma, um preço médio nas mensalidades de R$ 530, enquanto os alunos buscavam cursos com preço médio de R$ 526. Ao longo do ano, em meio à queda no poder de compra, os estudantes passaram a buscar graduações presenciais com um preço médio de R$ 495, enquanto o valor médio das mensalidades ofertadas na plataforma foi elevado para R$ 722, representando um aumento de 45% em relação a faixa buscada pelos alunos.
Se antes as instituições atendiam a 63% dos estudantes que buscavam vagas, agora essa porcentagem caiu para 32%. “Não houve aumento do poder de compra dos alunos, eles não podem pagar esse preço. É isso que a gente vem alertando. Está ficando muita gente de fora. E o fato é que as instituições não vão conseguir encher as suas salas”, alerta o diretor da Quero Educação, Marcelo Lima.
Para Lima os descontos nas mensalidades e as bolsas de estudos são mais vantajosas que os financiamentos, pois podem garantir a formação dos alunos sem que eles fiquem endividados quando deixam a universidade. “É uma grande oportunidade para as faculdades que quiserem trabalhar nesse mercado num preço mais acessível para os alunos. É uma oportunidade para elas encherem suas salas, porque é muito melhor ter uma sala cheia de alunos pagando R$ 500 do que ter uma sala pela metade, conseguindo captar aqueles alunos que estão dispostos a pagar R$ 720”.
Reajustes necessários
Entidades representativas do ensino superior reconhecem a dificuldade dos estudantes em pagar as mensalidades, mas ressaltam que os reajustes são necessários, uma vez que muitas das instituições, durante a pandemia, não aumentaram as mensalidades. “O preço é formado com base no custo. Houve, pela inflação, aumento real de custos nas universidades, aumento de luz, aluguel, correção de salários”, argumenta o diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Celso Niskier. De acordo com ele, cerca da metade das vagas ofertadas pelas instituições não são preenchidas.
Segundo o diretor executivo do Semesp, que também representa as mantenedoras de ensino superior do Brasil, Rodrigo Capelato, cerca de 30% a 35% dos estudantes têm atualmente algum desconto ou bolsa. “Em 2023, houve pequena recuperação do setor, mas sempre com muito desconto, precisando ajustar valores porque o poder aquisitivo ainda está muito baixo e as famílias estão muito endividadas”, disse.
Capelato ressalta que não é possível oferecer descontos a todos os estudantes. “O valor médio das mensalidades é R$ 800 a R$ 1,5 mil. Senão, não pagamos os custos, principalmente no ensino presencial”.
Ambos defendem o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) como forma de manter os alunos e garantir a formação, já que mesmo com bolsas, eles não têm condições de pagar até o final do curso. Atualmente, o setor privado concentra 77% das matrículas do ensino superior brasileiro, de acordo com o último Censo da Educação Superior. “A gente precisa de uma forma de ingressar via setor privado, senão não consegue dar cobertura. E a melhor forma é ampliar o financiamento estudantil”, defende Capelato.
“As pessoas que buscam ensino superior carecem de financiamento estudantil, um novo Fies até para retomar o caráter social que defendemos, como era da origem. No Brasil, se não tiver financiamento com esse caráter, vai ter mais gente precisando fazer curso superior e não conseguindo”, defende Niskier.
Qualidade
Para os estudantes, é importante que o ensino ofertado seja de qualidade, o que muitas vezes não tem ocorrido, de acordo com a coordenadora de Comunicação da União Nacional dos Estudantes (Une), Manuella Silva.
“A gente precisa, nesse momento, para além de garantir que estudantes tenham acesso ao ensino superior, garantir a qualidade do ensino superior. O que nós vemos é o lucro acima da qualidade”, disse.
Segundo Manuella, a UNE recebe reclamações de estudantes que acabam tendo aulas gravadas há muitos anos, já desatualizadas, que não tem laboratórios para práticas, entre outras reclamações.
Sobre os reajustes, a estudante ressalta que os aumentos estão recaindo não apenas para os estudantes que estão ingressando na universidade, mas para aqueles que já estão matriculados e que acabam não tendo condições para se manter estudando.
De acordo com Manuella, a UNE defende, além de um Fies que consiga assegurar que os estudantes concluam os cursos, uma garantia de emprego, para que possam, assim que formados, quitar suas dívidas com o programa.
“A gente defende o Fies, mas defende que ele consiga garantir o pleno emprego, para que os estudantes consigam ter acesso ao mercado de trabalho. O Fies é importante para garantir entrada na universidade, mas que seja um Fies que os estudantes consigam entrar, permanecer e concluir um curso com qualidade, que não o deixem pela metade”, defende.
Fies
Atualmente, o Fies está sendo discutido em um grupo de trabalho criado pelo Ministério da Educação. As discussões, em tese, terminam em setembro. A Portaria 390, que oficializou o grupo de trabalho, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no dia 8 de março, com a finalidade de promover estudos técnicos relacionados ao Fundo, como diagnósticos sobre a situação atual do Fies, a reavaliação do limite de financiamento e a desburocratização do programa.
Criado em 1999, o Fies oferece financiamento a estudantes de baixa renda em instituições particulares de ensino a condições mais favoráveis que as de mercado. O programa, que chegou a firmar, em 2014, mais de 732 mil contratos, sofreu, desde 2015, uma série de mudanças e enxugamentos. Em 2019, foram cerca de 67 mil ingressantes no ensino superior pelo Fies.
Um dos principais motivos para as mudanças nas regras do Fies, de acordo com gestões anteriores do Ministério da Educação, foi a alta inadimplência, ou seja, estudantes que contratam o financiamento e não quitam as dívidas após formados. O percentual de inadimplência registrado pelo programa chegou a atingir mais de 40%, de acordo com dados do ministério, de 2018.