Três dias após o acidente com o helicóptero da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), em Currais Novos, interior do Rio Grande do Norte, um funcionário da empresa denunciou que Robson Deusdette de Melo Araújo e Francisco Wilson da Silva, vítimas da tragédia, estavam em desvio de função, por ordem da companhia, não sendo aptos para o trabalho de inspeção de linha de transmissão. O denunciante também apresentou imagens de supostas trocas de mensagens que mostram o piloto da aeronave, Juberson Coelho Coimbra, que também faleceu no acidente, relatando em um grupo da empresa as condições de mau tempo no dia do acidente.
As denúncias foram feitas pelo Técnico de Manutenção da Chesf e amigo pessoal das vítimas, Valdemilson Messias, com exclusividade no programa Balanço Geral RN, da TV Tropical. De acordo com ele, Wilson não possuía certificação para a função que estava desempenhando, assim como Robson, que sequer teria passado pelo treinamento adequado.
“Para ser inspetor de linha na Chesf é preciso passar por um treinamento e receber uma certificação, e eles não passaram por esses processos e perderam a vida por isso”, afirmou o Técnico de Manutenção da empresa.
Segundo Valdemilson, Robson Deusdette trabalhava como operador de subestação e Francisco Wilson era eletricista.
Mau tempo durante o voo
Valdemilson Messias também apresentou prints de um grupo do WhatsApp, composto por funcionários da Chesf responsáveis pela inspeção em linhas de transmissão, onde o piloto do helicóptero informa sobre as condições de mau tempo minutos antes da decolagem. “Tempo piorando”, diz a mensagem supostamente enviada por Juberson Coimbra, às 11h43, de domingo (5).
A informação foi respondida com a seguinte mensagem de um outro servidor da companhia: “Ok, Coimbra. Espero que o tempo ajude para não atrasarmos ainda mais a missão”.
Na entrevista, Valdemilson cobrou que o conteúdo das conversas seja apurado pela polícia e demais órgãos responsáveis pelas investigações, com o intuito de verificar se houve negligência dos superiores da Chesf.
Além disso, solicitou que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) investigue se a linha de transmissão da TAESA, onde a aeronave se chocou antes de cair em um açude, estava indicada no GPS utilizado pela companhia.
“Eles foram pegos de surpresa. Mesmo sem visibilidade, o piloto deveria saber pelo GPS que naquele local existia uma linha de transmissão.”, argumentou Valdemilson.