De entregador de lanches a estudante de medicina. A vida de Rony Robson Fidélis de Souza, de 23 anos, deverá mudar completamente a partir desta terça-feira (23), após o resultado do Sisu 2023, que confirmou a aprovação dele na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Morador de Parelhas, no Seridó potiguar, o jovem estudou toda a vida em escola pública e, desde os 17 anos, trabalhava como entregador. Ele tentava uma vaga no curso de medicina há quatro anos.
Filho de uma pequena comerciante e de um autônomo, Rony usava o dinheiro que ganhava na lanchonete para comprar cursos online e até comprar um computador melhor para os estudos. Em 2022, ele também conseguiu pagar aulas particulares de redação.
“Minha família é bem humilde, mas sempre me motivou a isso, me deu apoio para nunca desistir. Quatro anos tentando, dá uma frustração, aquele pensamento negativo, de que não vai dar certo, mas sempre tentei perseverar. Vi meus amigos passando em concursos, mas eu queria medicina. Valeu muito a pena”, lembra.
O estudante conta que passou dias olhando o site do Sisu, à espera do resultado, chegou a ter insônia e quase não acreditou ao ver o próprio nome entre os aprovados.
Agora, ele começa a fase de planejamento sobre a mudança, para poder realizar o curso em Natal, capital do estado. A distância entre as cidades é de cerca de 245 km.
“O importante é não desistir, sempre continuar tentando independentemente do que as outras pessoas digam”, afirma, sobre a busca pela realização do sonho de infância.
Rotina de estudos
Rony estudou em uma escola municipal de Parelhas e fez o ensino médio no campus do IFRN na cidade. Ele trabalha desde os 17 anos como entregador e atuou, nos últimos dois anos, em uma lanchonete, nas noites de quarta-feira, sábado e domingo. Começava a trabalhar às 18h e voltava para casa depois das 23h.
A rotina de estudos começava cedo. Rony relata que acordava às 6h da manhã, fazia uma atividade física e começava a estudar às 7h. Parava para fazer o almoço e voltava aos estudos até a noite, quando seguia para o trabalho.
Até mesmo no horário de trabalho, Rony conta que aproveitava o tempo entre uma entrega e outra para fazer exercícios. Algo que nunca incomodou o dono da lanchonete onde ele trabalhava, José Hugo Dantas Andrade.
“A gente vê o esforço, o interesse dele. Hoje em dia muita gente tem as coisas na mão e não procura, não se esforça, não corre atrás. Ele foi, se esforçou, conseguiu. A vida toda estudando em escola pública. É uma história para inspirar muita gente”, afirma o patrão.
g1 RN