A Polícia Federal afirmou ontem que restos mortais encontrados na região do Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, são do jornalista britânico Dom Phillips, de 57 anos. Ainda de acordo com a corporação, o assassinato do repórter e do indigenista Bruno Pereira, de 41 anos, não teve um mandante. Dois pescadores já estão detidos por suposto envolvimento no caso, e um terceiro mandado de prisão foi expedido, mas o suspeito não havia sido localizado.
A análise de corpos feita no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, confirmou a identidade do repórter. Os peritos fizeram exames na arcada dentária e usaram técnicas de antropologia forense, que analisa características físicas, como estrutura óssea. O Portal Estadão apurou que o material ainda deve passar por uma análise de DNA para uma terceira confirmação.
“Encontram-se em curso os trabalhos para completa identificação dos remanescentes, para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos”, diz um trecho do comunicado divulgado pela PF. Os peritos trabalham agora na identificação de Pereira, o que deve ser feito por meio de DNA.
Na quarta-feira à noite, a PF anunciou que Amarildo Oliveira, o “Pelado”, havia confessado a morte da dupla, que estava desaparecida desde o dia 5 deste mês. O suspeito apontou aos agentes o local onde estavam os corpos. Os restos mortais foram localizados a cerca de três quilômetros do Rio Itaguaí, em Atalaia do Norte (AM).
Segundo o depoimento de Pelado, a intenção era matar Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), em razão do trabalho desenvolvido por ele para coibir pesca ilegal em terra indígena. Com Pelado, está preso também seu irmão, o pescador Oseney da Costa de Oliveira, o “Dos Santos”, por envolvimento no caso.
Mais cedo, os investigadores informaram ontem que os assassinos agiram sozinhos e que o crime não teve um mandante. O envolvimento de facções criminosas também foi descartado. O narcotráfico atua naquela região de tríplice fronteira com Peru e Colômbia.
As linhas de investigação foram consideradas inicialmente tanto por causa do trabalho desenvolvido por Pereira, que orientava moradores a denunciar irregularidades nas reservas indígenas, quanto pela presença de traficantes de drogas e armas, caçadores ilegais, madeireiros e garimpeiros na área.
Os policiais federais desconfiam, no entanto, que mais pessoas tenham participado do assassinato. A PF afirmou que, “com o avanço das diligências, novas prisões poderão ocorrer” nos próximos dias. Tanto que, mais tarde, foi divulgado que havia sido expedido pela Justiça Estadual do Amazonas um mandado de prisão contra Jeferson da Silva Lima, conhecido “Pelado da Dinha”, que não fora localizado. Os agentes seguem ainda nas buscas pela embarcação usada por Pereira e Phillips, com apoio de indígenas da região.
Tribuna do Norte