O senador Styvenson Valentim (Podemos) não descarta uma disputa pelo Governo do Rio Grande do Norte. A possibilidade de enfrentar a governadora Fátima Bezerra (PT) nas eleições de 2020 foi confirmada na manhã desta sexta-feira (8) pelo próprio capitão, em entrevista ao jornalista Alex Viana, no programa Manhã Agora, da rádio 97 FM.
“Sinceramente, não digo mais nada. Quando disseram que eu poderia ganhar a Prefeitura de Natal, e eu disse quero não, Robson me tirou da Lei Seca. Então, não quero ficar falando não. Em 2016 não queria. Já em 2018, o pedido veio da população. Então eu não tive como dizer não. Então entrei nessa e hoje não tenho como dizer não quero ser. Não sei como vai ser a movimentação da população”, afirmou ao ser questionado sobre a possibilidade de ser candidato em 2020.
Ainda indagado sobre se realmente não descarta a chance de concorrer ao Executivo estadual, Styvenson mais uma vez deixou a possibilidade em aberto. “Quem vai dizer é a população. Espero que a população esteja satisfeita comigo no Senado. Tento fazer o melhor. Não descarto mais nada na minha vida. Só não vou ser ladrão”, finalizou.
Sobre a gestão da professora Fátima Bezerra, o senador esquivou-se de uma avaliação, dizendo que vai esperar passar este momento de crise em razão da pandemia do novo coronavírus para poder fazer uma análise. “Sinceramente, esperei um ano, vou esperar como vai ser essa pandemia. E vai ter um momento que terei como analisar”, pontuou.
Pandemia
Ainda durante a entrevista, feita por telefone, o senador Styvenson Valentim falou que viveu uma experiência próxima, ao comprimentar políticos que viajaram para o exterior e que depois testaram positivo para a Covid-19, e que acabou vivendo uma sensação de pânico generalizado dentro do Congresso nacional.
Quanto à pandemia, disse ser drástica no país, e criticou a postura do presidente Bolsonaro por não estar obedecendo orientações de seus ministros. “Eu vi que o congresso deu uma resposta muito rápida a toda essa situação de pandemia. Quando baixou-se o decreto de calamidade pública que vai até dezembro, o Senado e a Câmara começaram a produzir assistência social e distribuição de renda, mas não vejo essa velocidade com o governo federal. Vi o Congresso agindo rápido, mas não vi o Executivo dando a resposta”, afirmou.
Styvenson criticou também a lentidão na demora para liberar as emendas para os estados e o critério usado para o pagamento do auxílio emergencial. “Tá tudo descompassado”, alfinetou.
Saída de ministros
Styvenson também comentou a debandada recente de ministros do governo federal, caso de Mandeta, da Saúde, e de Sergio Moro, da Justiça. “A política é muito vaidosa. A política tem esse problema. Se a pessoa se embebedar ali pelo poder, pelo cargo, fica presa nela mesma, e só vê o autoritarismo dela. Existe o grande clero e o baixo clero. É o amigo de quem té no poder. Quem é amigo de quem tá no poder está no alto clero. Isso eu percebi em 15 meses. Eu me coloco no mais baixo clero. Não tenho cargos em governo federal, não tenho cargos em governo estadual. Fico quieto, fico na minha, e faço meu trabalho”, disse.
“Em relação ao Mandeta, achei estranho, não só eu, mas todos os senadores. Achamos precipitado. O que ele (Bolsonaro) vai fazer agora, tirar o próximo ministro?”, questionou.
O senador do falou ainda sobre a mudança de postura de Bolsonaro, que diferentemente do que foi pregado durante a campanha presidencial, passou a fechar acordos com políticos tradicionais. “Ele conhece. Está há 28 anos como deputado. Ele sabe quem são essas pessoas. É uma contradição, mais uma incoerência dele dizer que faz um governo sem o toma lá dá cá. Em pouco mais de um ano, vejo a decadência no combate à corrupção”, acrescentou Styvenson, citando interferência em órgãos de fiscalização e combate à crimes, como a Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e a Polícia Federal. “Ele (Bolsonaro) não mostrou às pessoas esse eficiente combate à corrupção que ele tanto pregou. Pegou uma carona muito grande na Lava jato. Se a Lava jato não tivesse prendido Lula, estaríamos ainda na mesma república brasileira”, afirmou.