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Vacinação em massa contra Covid-19 começa na Rússia e moradores de Moscou já agendam imunização via internet

O presidente Vladimir Putin disse que a vacina “passou em todos os testes”, mas ele próprio ainda não foi vacinado, de acordo com o Kremlin

A capital russa lançou nesta sexta-feira um serviço online para marcação da vacinação contra a Covid-19. O processo de imunização já começou no país com a vacina Sputnik V e o presidente Vladimir Putin aposta em uma imunização em grande escala.

A Sputnik V é uma das duas vacinas fabricadas na Rússia que receberam aprovação regulatória, apesar de os ensaios clínicos estarem incompletos. Segundo o governo russo, ensaios provisórios mostraram que ela tem eficácia de 92% na proteção de pessoas contra a Covid-19.

Dez vacinas estão sendo desenvolvidas na Rússia, segundo Anna Popova, chefe do departamento de saúde, equivalente ao Ministério da Saúde no Brasil.

Moradores de Moscou já podem se inscrever para a vacinação gratuita em 70 pontos da cidade, e marcar atendimentos a partir de sábado, informou o site da prefeitura.

Serão privilegiados assistentes sociais, médicos e professores com idades entre os 18 e os 60 anos, em instituições públicas e privadas.

“Para outros residentes de Moscou, a vacinação gratuita estará disponível no futuro”, disse o site.

Durante a fase de testes, mais de 20 mil pessoas em Moscou receberam a injeção de Sputnik V. Dessas, 273 adoeceram, disse a vice-prefeita de Moscou, Anastasia Rakova, segundo a agência de notícias russa TASS.

Rakova também informou que o Ministério da Defesa deve receber ainda neste mês 100 mil doses da vacina.

A Rússia tem resistido à imposição de bloqueios totais durante a segunda onda do vírus, preferindo apostar em limites regionais direcionados.

Com 2.402.949 infecções, o país só fica atrás dos Estados Unidos, da Índia e do Brasil em número de casos, tendo registrado 42.176 mortes desde o início da pandemia.

Participação forçada nos testes

Em todo o país, funcionários públicos denunciam, no entanto, estarem sendo pressionados a participar dos ensaios clínicos da vacina Sputnik V, apurou a Reuters.

Para contornar a exigência, alguns estariam incusive se inscrevendo para tomar a vacina contra a gripe, tornando-se assim inelegíveis para os testes do novo imunizante.

A Reuters teve acesso a mensagens que um servidor municipal enviou a seus subordinados no fim de setembro para reclamar da “sabotagem” em curso.

Martyanov disse ainda que todos aqueles que tomassem vacina para a gripe também deveriam se inscrever para tomar a Sputnik V, com intervalo de um mês. E que todos os funcionários deveriam recrutar parentes e amigos para os testes. “Pelo menos duas pessoas por funcionário!”, cobrou.

Martyanov não respondeu à reportagem da Reuters. O departamento de Saúde de Moscou informou que a vacina já passou com sucesso por dois estágios de testes clínicos e mostrou sua segurança, e que a decisão de participar do teste é feita pelos residentes voluntariamente e somente após exame médico.

No entanto, fonte próxima ao departamento de Martyanov informou à Reuters que todos os departamentos da administração da cidade de Moscou, que conta com cerca de 20 mil pessoas, receberam metas de participação nos testes.

Os testes das vacinas na Rússia começaram no início de setembro e estão em sua fase final em 29 clínicas em Moscou. Muitos russos já estão recebendo a vacina, no entanto, antes mesmo de os testes serem concluídos.

O medicamento recebeu aprovação regulamentar formal das autoridades russas em agosto. A Rússia pretende produzir mais de um bilhão de doses no ano que vem.

O presidente Vladimir Putin disse que a vacina “passou em todos os testes”, mas ele próprio ainda não foi vacinado, de acordo com o Kremlin.