Fotos de militares do Exército Brasileiro em um treinamento foram alteradas digitalmente para simular o uso de máscaras. As imagens, publicadas há dois meses na página oficial do Centro de Avaliações do Exército (CAEx), acabaram sendo apagadas.
A publicação que saiu do ar incluía uma galeria com nove fotos de treinamento de Suporte Básico de Vida no Trauma, ocorrido de 10 a 13 de novembro de 2020 no Centro de Medicina Operativa da Marinha (CMOpM).
Em uma das fotos, que mostrava 22 pessoas, apenas duas utilizavam máscaras “reais”, item de proteção recomendado por autoridades sanitárias como medida de combate ao novo coronavírus. As outras 20 pessoas da foto tiveram máscaras “desenhadas” em computador em seus rostos.
Segundo a publicação, participaram do treinamento seis instrutores da Marinha e 16 alunos, sendo um oficial, um cabo e 14 soldados do CAEx.
Nas redes sociais, usuários ironizaram a edição feita nas imagens, publicando “selfies” com máscaras desenhadas em seus rostos, apelidadas de “máscara do Exército”. “Essa máscara do Exército Brasileiro pode não proteger, mas com certeza é a mais fácil de colocar”, disse um usuário no Twitter. Outro escreveu: “Máscara do Exército brasileiro, feita em Paint…. Esse país não pode ser levado a sério”.
Em uma “selfie” com uma máscara desenhada, um internauta ironizou: “protegido com a máscara oficial do Exército brasileiro”. Outros afirmaram que “a vantagem da máscara do Exército é que você pode imprimir a sua em casa” e que o item virtual “é a única coisa que os camelôs não vão conseguir piratear e vender”.
Neste sábado, 23, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que a alteração das imagens para incluir o item de proteção é um “deboche institucional”. “Pintar máscara na cara com paint brush é mais do que tosco, é um deboche institucional contra a prevenção de uma doença que já matou mais de 215 mil brasileiros”, escreveu o parlamentar no Twitter.
A “máscara do Exército” também foi desenhada no rosto do personagem Zé Gotinha, que participou ontem da chegada das vacinas vindas da Índia no Rio de Janeiro. O item de proteção virtual também foi adicionado ao rosto em fotos do presidente Jair Bolsonaro, que deixou de lado o uso da proteção após afirmar ter contraído a covid-19, em julho do ano passado.
Sobre a alteração das imagens, o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEX) informou à reportagem que as fotos com edição foram disponibilizadas no site e depois excluídas da página assim que identificadas as alterações das imagens originais. “O Comando do CAEx apurou o ocorrido e adotou as medidas cabíveis. O CCOMSEX informa, ainda, que foram adotadas as ações necessárias para que esse tipo de acontecimento não se repita no âmbito do Sistema de Comunicação Social do Exército.” Por Estadão Conteúdo