A geração própria de energia solar (geração distribuída) em telhados, fachadas e pequenos terrenos pode baratear a conta de luz dos brasileiros, inclusive os que não têm sistema solar próprio, em 5,6% até 2031, além de trazer mais de R$ 86,2 bilhões em benefícios sistêmicos ao setor elétrico na próxima década (2022-2031), o que corresponde a uma média anual de R$ 10,3 bilhões. Somente o custo de operação da energia deve reduzir R$ 34 bilhões em dez anos. As estimativas estão no estudo “Contribuições da geração própria de energia solar na redução da conta de l uz de todos os brasileiros”, apresentado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) e desenvolvido pela consultoria especializada Volt Robotics.
Com 244,2 MW de potência instalada, o Rio Grande do Norte é o 15º estado no ranking dos que mais geram a própria energia (2,3% do Brasil), mas deve ser tão beneficiado quanto os estados melhores colocados. A explicação, diz Donato da Silva Filho, autor do estudo, é que as gerações locais contribuem diretamente para a geração nacional, uma vez que desafogam as grandes usinas hidrelétricas e termelétricas. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o País tem atualmente 1.038.544 instalações de geração própria de energia solar instaladas, registro 25,2% maior do que o contabilizado no ano passado.
“É um custo que é rateado para todas as distribuidoras, então esse benefício é global. Você pode ter, por exemplo, muito painel solar, muita geração distribuída numa região, e se aquele volume for suficiente para desligar uma térmica, aquele custo da térmica que foi evitado será rateado entre todos. É um encargo rateado entre todas as empresas proporcionais ao consumo delas. A instalação local traz um benefício global”, comenta.
O presidente-executivo da Absolar Rodrigo Sauaia acrescenta que o Rio Grande do Norte pode ter benefícios secundários, com a expansão nacional de 238,18% da capacidade de geração própria de energia solar projetada até 2031. Ele acredita que o Estado tem condições de desenvolver campanhas de incentivo à instalação dos sistemas de energia solar.
“O Rio Grande do Norte é hoje o 15º em geração distribuída. Se esses benefícios fossem proporcionais, talvez o RN tivesse menos a ganhar do que outros Estados. Além disso, temos ainda os benefícios locacionais, que a Lei nº 14.300 (marco legal do setor) prevê que sejam levados em consideração a localização, então aqueles estados que mais conseguirem incentivar o uso da geração distribuída, mais benefícios terão. Então, existe aqui uma oportunidade, no sentido de uma corrida positiva dos Estados”, complementa.
Tribuna do Norte