De 2018 a 2021, o Rio Grande do Norte registrou um crescimento de 2.062% nos números de roubo e furto de celulares, considerando a taxa por 100 mil habitantes. O Estado passou de apenas 456 casos em 2018 para 10.091 no último ano — equivalente a 27 casos por dia, ou um aparelho a cada 53 minutos. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
A variação analisada no período de três anos é a maior de todo o Brasil. Como comparação, a segunda maior variação foi registrada no Pará, com um aumento de 51,1%. A maioria dos Estados ainda tiveram uma diminuição no número de roubos e furtos de celulares. Foram 14 com queda, contra nove unidades da federação que registraram crescimento. Outros quatro Estados não tiveram sua variação analisada por falta de dados.
A escalada de casos no RN foi vista de ano em ano. Dos menos de 500 registros em 2018, passou para 3537 em 2019. Já em 2020, foram 7367 ocorrências de furto e roubo de celulares, concluindo com os pouco mais de 10 mil em 2021.
O jornalista Gustavo Sousa, 24, foi uma vítima recente de roubo e, junto a isso, ainda sofreu violência. Em 14 de abril, na quinta-feira santa, Sousa estava no Beco da Lama — reduto cultural da Cidade Alta —, no tradicional dia de samba do local. Ao se afastar e ir para uma rua lateral, foi agredido por um homem que conhecia de vista e sofreu um “mata-leão”. Desacordado, teve o celular e outros pertences roubados, como óculos e documentos. O jornalista recobrou a consciência segundos depois. Segundo seu relato, o homem acusado de roubo o espancou ao perceber que a vítima o havia visto.
“Foi muito assustador, aterrorizante. Foi a pior experiência da minha vida com toda certeza”, relata Sousa. “Não foram apenas os bens materiais que se foram, mas também tem um aspecto psicológico, um aspecto físico, porque eu fiquei durante alguns dias tomando remédio, mas durante um mês ainda com lesões, com sequelas físicas”, relembra.
Agredido no rosto, Gustavo Sousa levou pontos na cabeça e até o momento não recuperou os pertences. “Não recuperei nada, na verdade. Os documentos eu tive que refazer todos. Cartão de banco, cartão de plano de saúde, identidade. O celular eu tive que comprar outro”. Já os óculos de grau, ele conseguiu comprar novamente apenas neste mês. “Eu fiquei dois meses sem usar óculos, vendo nada”.
A Polícia Civil prendeu o acusado de assaltar e espancar o repórter no dia 2 de maio, pouco mais de duas semanas depois do caso. “Quando ele foi preso eu fiquei um pouco mais aliviado de saber que ele não estava mais à solta, inclusive está preso até agora”, afirma.
Tribuna do Norte