O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 para uma alta de 5,0%, ante o avanço de 4,6% estimado anteriormente. As revisões foram feitas junto dos resultados das Contas Nacionais Trimestrais do terceiro trimestre, incorporando os dados definitivos do PIB anual de 2020, anunciados mês passado. Com os dados anuais, o IBGE revisou a retração do PIB de 2020 para 3,3%, ante a queda de 3,9% calculada anteriormente
Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, as revisões anunciadas este ano foram maiores do que o padrão das rotinas do órgão de estatísticas porque o PIB anual de 2020 captou o auge dos efeitos da pandemia de covid-19.
“Houve muita mudança de peso nas atividades econômicas”, afirmou Rebeca Palis, lembrando que a pandemia impactou menos a agropecuária e os serviços de tecnologia da informação, e mais os transportes e serviços presenciais.
Com isso, o peso da agropecuária no valor adicionado do PIB passou de 4,9% em 2019 para 8,8% em 2021. Ao mesmo tempo, o peso dos serviços foi de 73,3% em 2019 para 67,6% em 2021.
Segundo Rebeca, órgãos de estatística de todo o mundo enfrentaram dificuldades na mensuração do PIB em meio a pandemia Além disso, não é possível avaliar, atualmente, se as mudanças trazidas pela crise sanitária vieram para ficar ou serão temporárias.
O aumento das cotações de commodities e o crescimento da safra também trouxeram aumento do peso da agropecuária, disse Palis. Esses preços subiram mais do que as demais atividades. As cotações também fizeram o peso da indústria extrativa no valor adicionado do PIB saltar de 2,9% em 2019 para 5,5% em 2021.
“As mudanças de peso das atividades econômicas não costumam ocorrer assim de forma abrupta”, afirmou Rebeca Palis.
A pesquisadora do IBGE destacou que, por isso, as revisões de 2021 afetaram com mais intensidade também as componentes do PIB de 2021. O PIB da agropecuária passou a uma alta de 0,3% ante 2020, invertendo o sinal, contra a queda de 0,2% calculada anteriormente. O PIB industrial passou para um crescimento de 4,8% em 2021, ante 4,5% calculado anteriormente.
O PIB de serviços passou a um avanço de 5,2%, ante crescimento de 4,7% calculado anteriormente. Conforme Palis, a incorporação de dados parciais de pesquisas estruturais, com novos dados, especialmente sobre saúde e educação públicas, também influenciou na revisão para cima do desempenho de serviços em 2021.
Ainda na ótica da demanda, a variação da formação bruta de capital fixo (FBCF) foi revisada para 16,5%, no lugar do salto de 17,2% calculado anteriormente. Já o avanço das exportações passou para 5,9%, ante 5,8% anteriormente. As importações foram para uma alta de 12,0%, ante 12,4%. Já o consumo das famílias passou para uma alta de 3,7%, ante 3,6% antes. Por fim, o consumo do governo foi revisado para uma alta de 3,5%, em vez dos 2,0% calculados anteriormente.
O IBGE também revisou as variações, na margem do PIB trimestral em 2021 e 2022. A alta do PIB do segundo trimestre deste ano ante os três primeiros meses do ano foi revisado para 1,0%, ante o 1,2% estimado anteriormente. Já o desempenho do PIB do primeiro trimestre sobre os três últimos meses de 2021 foi revisado para alta de 1,3%, ante o 1,1% calculado antes.
Segundo Rebeca Palis, as revisões de 2022 se deveram também a incorporação de novos dados, especialmente sobre a agropecuária, em função de revisões nos dados conjunturais do IBGE. Além disso, o IBGE revisou para cima o desempenho das atividades imobiliárias, porque fez ajustes na metodologia de cálculo para estimar valores de aluguel.
O PIB do quarto trimestre de 2021 sobre o terceiro do ano passado foi para uma alta de 0,9%, contra 0,8% antes. Já o PIB do terceiro trimestre de 2021 ante o segundo do ano passado foi revisado para uma alta de 0,4%, ante o ligeiro avanço de 0,1% calculado antes. (*Daniela Amorim e Vinicius Neder, Estadão Conteúdo)
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