Cães e gatos domésticos estão entre as principais ameaças para a fauna silvestre de áreas naturais, seja através da predação ou da transmissão de doenças. Por isso, durante o mês de maio, 182 cães foram imunizados em três diferentes unidades de conservação (UCs) do Rio Grande do Norte.Equipe de campo preparando vacinas para serem aplicadas. Foto: Maria Luiza
A ação ocorreu simultaneamente em diversos países das Américas e busca prevenir a disseminação de pelo menos cinco doenças (cinomose, hepatite infecciosa, parvovirose, parainfluenza e leptospirose canina) entre os animais domésticos e os mamíferos silvestres, com especial atenção para os pequenos felinos, grupo focal da Tiger Cat Conservation Initiative (TCCI), instituição por trás da iniciativa.Cão sendo vacinado. Foto: Ana Claudia
As unidades de conservação (UCs) que receberam a atividade foram o Parque Nacional da Furna Feia (74 cães), UC federal localizada entre Mossoró e Baraúna e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO); o Monumento Natural das Cavernas de Martins (79 cães), UC estadual localizada em Martins e gerida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema); e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Refúgio Jamacaii (29 animais), UC particular recém criada, localizada em Equador e de propriedade do biólogo Jorge Dantas.Gato-mourisco registrado nos bebedouros artificiais da RPPN Refúgio Jamacaii. Foto: Jorge Dantas
As principais espécies silvestres beneficiadas pela imunização dos cães devem ser o gato-do-mato-pintado (Leopardus tigrinus) e o gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi). Ambos pequenos felinos estão ameaçados de extinção, são alvos do Plano de Ação Nacional para Conservação dos Pequenos Felinos do ICMBIO e têm presença confirmada nas três UCs, como mostram os registros de armadilhas fotográficas dos estudos realizados nas áreas.Gato-do-mato-pintado | Foto: Jorge Dantas
Como tudo que se faz em relação à conservação da biodiversidade, essa ação foi viabilizada graças a instituições, profissionais e moradores locais que se uniram em prol da saúde dos animais domésticos e da fauna silvestre. Além da coordenação do TCCI, a ação contou com o suporte do Projeto Gatos do Mato Brasil (Universidade Estadual do Maranhão) e da ONG internacional Small Wild Cat Conservation Fund. Outros parceiros como a Prefeitura Municipal de Baraúna, o ICMBIO, o Idema, a empresa de consultora ambiental CRN-Bio e a Agronorte também apoiaram a iniciativa.Menina com seu cão vacinado durante a campanha. Foto: Paulo Marinho
A equipe de campo contou com os seguintes profissionais voluntários: Paulo Marinho (biólogo), Liana Sena (bióloga), Emerson Christopher (veterinário), Heverton Luiz (estudante de veterinária), Alessandra Salles (veterinária), Ana Claudia (ecóloga) e Maria Luiza (estudante de veterinária), além dos brigadistas do ICMBIO e de moradores locais como Francinário Alves e Érica Kaliany.
Em junho, a equipe retorna à RPPN Refúgio Jamacaii para aplicar a segunda dose nos animais vacinados pela primeira vez. Também está prevista a realização do reforço anual para os animais, nas diferentes áreas, já que a conservação da biodiversidade é uma necessidade contínua e coletiva.
Agência Saiba Mais
Por Paulo Marinho (biólogo, doutor em Ecologia pela UFRN ; membro do Seridó Vivo e do PAN Pequenos Felinos; professor de Biologia da Escola Profissional de Aracati, no Ceará)