A nova edição da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio (CNC), divulgada nesta 4ª feira (11.out), mostra que, em setembro, 77,4% das famílias do país tinham dívidas a vencer (entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa). Conforme a entidade, é o volume de endividados mais baixo desde junho de 2022. Em agosto último, o percentual havia ficado em 77,4% também.
Por outro lado, no mês passado, houve um crescimento de 0,3 ponto percentual (p.p.) no volume de endividados entre as famílias que recebem até três salários mínimos (R$ 3.960,00), em comparação com o registrado em agosto.
“O endividamento por si só não é sinônimo de um problema financeiro, a não ser que esteja atrelado à inadimplência, que também está em alta na faixa de renda mais baixa, com 38,6% desses consumidores admitindo ter dívidas atrasadas. Esse valor representa aumento de 0,7 p.p. no mês (e o mesmo percentual de setembro do ano passado), e é o nível mais alto desde novembro de 2022”, diz a CNC.
Em setembro, 30,2% das famílias do país tinham dívidas em atraso, o que representa um crescimento de 0,2 p.p. frente a agosto e ao mesmo período do ano passado. A pesquisa mostra ainda que 13% das famílias do Brasil não teriam condições de pagar suas dívidas; no mês retrasado, o percentual ficara em 12,7%, e em setembro de 2022, em 10,7%.
Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a estabilidade geral no endividamento das famílias no país é relevante para a construção de um cenário econômico favorável. “No entanto, preocupa o aumento do índice nas faixas de renda mais baixa e, inclusive, com tendência de aumento da inadimplência dessas famílias”. Para Tadros ainda, os desafios persistem principalmente no que diz respeito aos juros elevados do cartão de crédito.
Este, conforme a nova edição da pesquisa, permanece como a modalidade de dívida predominante, representando 86,2% dos endividados (alta de 0,6 p.p ante o registrado em setembro do ano passado).
“Entre os consumidores de rendas média e baixa, o endividamento no cartão de crédito avançou 0,3 p.p. em relação a setembro de 2022, enquanto caiu 0,3 p.p. entre a alta renda. No mês, no entanto, o uso do cartão implicou na alta do volume de endividados em todos os grupos”, fala a CNC.
Gênero
Em setembro, 79,1% das mulheres do país estavam endividadas. Entre os homens, 75,9%.
Peic
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) é apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio desde janeiro de 2010.
“Os dados são coletados em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal, com aproximadamente 18 mil consumidores. São apurados importantes indicadores de endividamento e inadimplência, que possibilitam traçar um perfil do endividamento, acompanhar o nível de comprometimento do consumidor com dívidas e a percepção em relação a sua capacidade de pagamento”, acrescenta a entidade.