Após uma dura batalha contra a historiografia oficial, que não reconhecia a existência de povos indígenas no Rio Grande do Norte e afirmava que haviam sido dizimados, as comunidades seguem em luta pela demarcação de seus territórios e efetivação de seus direitos constitucionais.
É o caso da Aldeia Katu, cuja existência ancestral está sob a Área de Proteção Ambiental (APA) Piquiri-Una – na região de Canguaretama – e tem resistido ao avanço ilegal do plantio da cana de açúcar por setores do agronegócio e à constantes ameaças contra as lideranças da comunidade.
O avanço ostensivo do canavial, em monocultivo e com uso de agrotóxicos, desmata área de proteção permanente; polui o solo, rios e nascentes; prejudica a saúde das pessoas; além de interferir diretamente na principal atividade desenvolvida pela comunidade, que é agricultura familiar. Com a limitação de circulação no território, por conta dos cercamentos, as famílias têm tido dificuldades para acessar às áreas de cultivo e também nas quais onde realizam o manejo sustentável da mangaba.
“Eu e meus parentes não vamos nos calar diante desse Ecocídio que está acontecendo dentro da APA Piquiri-Una, pois se silenciarmos em breve não haverá mais área de proteção no litoral sul do RN. E essa reunião é uma corrente, um elo, que se importa com a vida, com o meio ambiente e com os territórios; é uma resposta muito significativa do Rio Grande do Norte nesse momento em que estamos passando por essa situação de tentativa de intimidação e de avanço indiscriminado do agronegócio da cana de açúcar”, afirmou o Cacique Luiz Katu.