Brasil

Campanha da Fraternidade 2020: CNBB alerta contra indiferença e violência

O secretário-geral da CNBB destacou também o papel da democracia como instrumento em favor da vida e disse que os políticos precisam ter mais responsabilidade com ela

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciou, nesta Quarta-Feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade de 2020, tendo por tema Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso. De acordo com o secretário -geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, a campanha será voltada a chamar a atenção contra atitudes de indiferença e violência em relação à vida.

O lema da campanha neste ano tem como referência as atitudes do Bom Samaritano, resumidas na frase “viu, sentiu compaixão e cuidou”, explicou o bispo. A parábola conta a história de um viajante samaritano que teve compaixão e cuidou de um homem que havia sido assaltado momentos antes.

Dom Joel lembrou que esta é a 56ª Campanha da Fraternidade realizada pela CNBB. “Desta vez não abordamos situação específica como nas [campanhas] anteriores, mas olhamos para um fato abrangente, de inúmeras situações, onde a vida se encontra agredida”, disse.

Ao enumerar os motivos que levaram à definição da atual campanha, o secretário-geral da CNBB destacou que, além da violência ostensiva, estão crescendo a pobreza, a devastação ecológica, a agressividade como solução dos conflitos, o individualismo como critério de realização pessoal e, “como insiste o papa Francisco desde o início de seu pontificado, a indiferença diante dos sofrimentos alheios”.

“Olhando para esse conjunto de situações, a campanha deste ano nos pergunta se as agressões à vida não estão se incorporando à paisagem cotidiana, e se não estamos nos tornando acostumados com a morte em suas diversas formas. Ou, mais do que acostumados, se não estamos passando a acreditar que a morte seja a solução para muitos dos problemas que enfrentamos.” Dom Joel citou a morte nas ruas, por bala perdida; a morte nas macas e nas portarias dos hospitais; além da morte por causa da fome, do desemprego e da ausência de moradia, da morte diante da inexistência de educação para todos e de ressocialização para quem errou.

De acordo com o bispo, o pecado e a desumanização independem dos motivos pelos quais passa-se direto diante de quem sofre. “O simples fato de você passar adiante, cuidando da sua própria vida, já é pecado; já é desumanização. Não há motivo que justifique isso”, afirmou dom Joel, pedindo que se cuide do próximo como de si mesmo.

O secretário-geral da CNBB destacou também o papel da democracia como instrumento em favor da vida e disse que os políticos precisam ter mais responsabilidade com ela.