Alerta

Apesar do crescimento do varejo, consumidor deve priorizar pagamento de dívidas com 13º salário

A segunda parcela deve perfazer um montante de R$ 112,96 bilhões. Foto: Alex Régis

A segunda parcela do 13º salário deverá apresentar um impacto menor no setor de varejo este ano que, segundo o IBGE, teve um aumento de 0,4% no volume de vendas no mês de outubro. Pelo segundo ano seguido, o pagamento de dívidas deverá ser o principal destino desse recurso (38% do total ou R$ 42,7 bilhões), seguido pelos gastos com consumo de bens (33% do total), gastos com serviços (17%) e poupança (12%).  A avaliação é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), publicada nesta quinta-feira (8). 

O pagamento do décimo terceiro salário, conforme aponta o estudo, terá totalizado R$ 251,6 bilhões. O montante é, portanto, 6,4% maior em relação aos R$ 236,4 bilhões pagos ao longo de todo o ano passado, já descontada a inflação. Considerando a primeira parcela do benefício paga aos 87,6 milhões de beneficiários até 20 de novembro e os descontos incidentes sobre o 13º salário, a segunda parcela deve perfazer um montante de R$ 112,96 bilhões. O valor médio do benefício equivale a R$ 2.870, revelando, portanto, estabilidade em relação aos R$ 2.868 pagos em 2021

“A escalada dos juros ao consumidor e o comprometimento médio da renda familiar são as principais causas para que os consumidores utilizem o benefício para quitação ou abatimento de dívidas”, explica o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes. A taxa média de juros das operações com recursos livres destinados às pessoas físicas atingiu 53,65% ao ano no fim do terceiro trimestre – patamar superior ao verificado nos mesmos períodos de 2021 (41,20% a.a.) e 2020 (38,08% a.a.).


Segundo Fabio Bentes, ao contrário do último ciclo de aumento dos juros, o comprometimento médio da renda não resistiu aos impactos negativos da crise sanitária na renda agregada. “Assim, reduziu-se a capacidade de consumo por meio da elevação da parcela do rendimento médio comprometida com o endividamento a patamares inéditos, ao longo de 2022”, analisa Bentes. Cálculos da CNC apontam que, historicamente, para cada ponto percentual de comprometimento da renda, a propensão marginal a consumir cede 1,1%.


Para o comércio, a concentração da segunda parcela do décimo terceiro no mês de dezembro representa o período de maior aquecimento das vendas. Historicamente, a chegada do último mês do ano coincide com um avanço médio de 25% nas vendas, sendo seu impacto ainda mais significativo em segmentos como vestuário e calçados (80%), livrarias e papelarias (50%) e lojas de utilidades domésticas (33%).

Tribuna do Norte