A cadeira número 20 da Academia Brasileira de Letras foi ocupada nesta sexta-feira, 8, pelo cantor, compositor e escritor Gilberto Gil. Ele foi eleito com 21 dos 34 votos dos acadêmicos, em novembro de 2021. “Poucas vezes na nossa história republicana o escritor, o artista, o produtor de cultura, foram tão hostilizados e depreciados como agora”, afirmou Gil durante a solenidade, realizada no Petit Trianon, Rio de Janeiro. A atriz Fernanda Montenegro, empossada na ABL em março deste ano, foi a responsável pela aposição do colar.
O baiano ainda resgatou a história pessoal de sua família. “Sou filho de uma professora primária e um médico. A eles devo o meu amor às letras e à música. A imagem dos meus pais está comigo nessa noite e sua memória para mim é uma benção”, disse emocionado. Ele citou a dor de perder um filho, Pedro Gil, que faleceu em 1990. “Mas não desanimo, porque é preciso resistir, sempre”. Na sequência, agradeceu o apoio e finalizou o discurso dando uma paleta da música ‘Luar’. “Se a noite inventa a escuridão, a luz inventa o luar, o olho da vida inventa a visão, doce clarão sobre o mar”, cantou timidamente. “Essa é nossa aposta na vida e na alegria”, resumiu.
Em sua conta oficial no Twitter, o artista evocou a capa do segundo LP. “Apareço envergando um fardão e usando pincenê”, escreveu ao descrever o figurino que vestia, uma espécie de comparação com a vestimenta dos membros da ABL. Para esta situação, ele escreveu um poema e compartilhou nas redes.
“Um amigo lembrou-me outro dia, que as ironias sempre trazem seu revés. Papéis trocados, eis aqui, vida vadia: fardão custoso, bordado a ouro, vistoso, me revestindo da cabeça aos pés”, narrou alguns versos.
Gilberto Gil emerge de terras baianas. Nascido em Salvador no dia 26 de junho de 1942, ele foi um dos representantes do movimento Tropicália, que efervesceu a música brasileira em meados da década de 1960.
Tribuna do Norte