Alerta

Estados Unidos aumenta importação de açúcar e levará 903 toneladas extras do RN

Previsão é de que o RN tenha uma produção recorde de 3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2022/23, segundo a Sape. Foto: Magnus Nascimento

O Rio Grande do Norte vai exportar uma cota extra de 903,45 toneladas de açúcar para os Estados Unidos até 30 de setembro deste ano. O envio adicional para o mercado internacional foi acordado após o governo dos Estados Unidos aumentar a cota de importação do produto em 90,1 mil toneladas, das quais 15,4 mil sairão do Brasil, mais especificamente das regiões Norte e Nordeste. As duas principais produtoras potiguares foram beneficiadas: a Usina Estivas, de Arez, que exportará 714,73 toneladas; e a Vale Verde, de Baía Formosa, que foi autorizada a enviar 188,72 toneladas.

Considerando que a produção de açúcar das duas usinas juntas pode chegar 230 mil toneladas por safra, a cota adicional que será exportada aos EUA não é considerada de alto volume pelos produtores, mas é uma importante via de abertura para fortalecer a ponte entre o mercado potiguar e o norte-americano, avalia o secretário de Agricultura, da Pecuária e da Pesca (Sape), Guilherme Saldanha. “Isso é muito bom porque abre o mercado de exportação, são recursos advindos de outros países que entram aqui e isso é positivo para a nossa economia”, argumenta.

O aumento nas cotas de compra e venda de açúcar entre Brasil e Estados Unidos não é inédito. A operação é baseada no ano fiscal americano (1º de outubro a 30 de setembro do ano subsequente). Desta forma, em 2020, a medida também ocorreu como forma dos EUA aumentar o fornecimento no mercado doméstico e o Brasil recebeu uma cota adicional para vender 80 mil toneladas de açúcar ao mercado estadunidense. Já para o ano fiscal 2021, além do volume regular de 144,4 mil toneladas, os EUA pediram um adicional de 35,1 toneladas e agora o último extra de 15,4 mil toneladas.


O negócio prevê que o açúcar seja exportado em condições especiais dentro das cotas, com uma carga tributária menor. A medida faz com que o produto chegue com preços mais competitivos para o país importador. Os Estados Unidos atuam no mercado com cotas de importação definidas anualmente e distribuídas para diversos países, entre eles o Brasil. As cotas extras, como as que foram abertas recentemente, são solicitadas quando os outros países parceiros dos EUA não conseguem fornecer a quantidade de açúcar previamente acordada.


Dentro da cota normal anual de 144 mil toneladas, que o Brasil já mandou para os EUA, a Usina Estivas forneceu cerca de 3 mil toneladas. O superintendente da empresa, Célido Ricardo, detalha que a Estivas produz cerca de 140 mil toneladas de açúcar, distribuídas entre mercados local, regional e nacional, além de Estados Unidos e países africanos. Portanto, Célido afirma que a cota extra, oferecida ao Estado, não representa “grande progresso” para a estrutura do negócio.


“É uma quantidade bem pequena. A cota normal da usina é mais de 3 mil toneladas. A usina tem uma produção de 140 mil, 150 mil toneladas de açúcar, então 714 toneladas é uma quantidade muito pequena. Ao longo do ano fiscal dos Estados Unidos é comum que isso aconteça porque existem alguns países que não performam suas cotas, aí o governo faz essa realocação. Por exemplo, o México não consegue cumprir aí o que falta é realocado para os países que podem fornecer”, comenta Célido.
A reportagem da TN não conseguiu contato com o responsável pela usina Vale Verde. Atualmente, o RN tem somente essas duas usinas que também são capazes de produzir açúcar, além do álcool. O superintendente da Usina Estivas diz que há espaço para crescimento do mercado em solo potiguar.

“Temos capacidade de expandir um pouco mais as usinas, só temos essas duas que produzem açúcar, tem ainda a do Grupo Telles [em Ceará-Mirim] que produz só álcool. Atendemos o mercado do Rio Grande do Norte, estados vizinhos, mas há espaço para crescer”, analisa.


O titular da Sape, Guilherme Saldanha, acrescenta que a abertura da cota adicional para exportação do açúcar potiguar é um indicativo do que ele chama de “bom momento”. “A gente fica feliz porque é um reflexo desse cenário positivo desse setor no Rio Grande do Norte. Temos visto o crescimento desse segmento no Estado, temos as três usinas principais, mas a gente também tem as usinas menores, que produzem sobretudo cachaças e tudo isso é muito bom para o nosso Estado”, comenta.

Tribuna do Norte