Alerta

Festa do Boi movimenta cerca de R$ 60 milhões e supera expectativas

Durante a Festa do Boi, os leilões movimentaram mais de R$ 3,7 milhões, com comercialização de 164 animais, superando a expectativa que era de R$ 3,5 milhões. Foto: Adriano Abreu

A 60º edição da Festa do Boi movimentou cerca de R$ 60 milhões, de acordo com a Associação Norte-Rio Grandense de Criadores (Anorc). O evento contou com cerca de 300 expositores, entre produtores e empresas parceiras e um público de mais de 500 mil visitantes. Foram quatro leilões, shows e uma programação repleta de eventos culturais para a população, que visa mostrar o trabalho de pequenos produtores agropecuários do Rio Grande do Norte. Ainda segundo a associação, esta edição superou as expectativas e entrou para a história como uma das maiores, depois de mais de meio século de existência. 

A festa tem final neste sábado (15), mas a sensação “é de dever cumprido”, de acordo com um dos sócios da Anorc e leiloeiro oficial, Eduardo Melo. “Nos que fazemos a Anorc avaliamos com alegria e dever cumprido de fazermos uma exposição que é um exemplo para o Brasil. A melhor do Norte-Nordeste e uma das melhores do Brasil. Isso nos gratifica”, diz Melo. Os leilões movimentaram mais de R$ 3,7 milhões, com comercialização de 164 animais.
Na quarta-feira, dia das crianças, houve congestionamento nas imediações da arena. Esse foi o dia com maior movimentação. “Lotou tudo, no estacionamento de carro, vendeu quase seis mil reais”, declara. O dia contou com uma programação especial quase completamente voltada para o público infantil, das 14h as 20h, incluindo entrega de brindes para as crianças. “O parque de diversão nunca vendeu tanto, uma coisa boa”, afirma. Após dois anos de incertezas, com a pandemia de coronavírus, em 2020, e uma série de cancelamento de shows, em 2021, este ano a festa voltou com força, atraindo muitos visitantes.


Um dos expositores é Karine Araújo, 42 anos. Esse foi o primeiro ano da Cabugi, da qual é funcionária. Ela já espera colher os frutos da exposição após a feira, ou seja, espera ter mais clientes. “É uma experiência que está sendo muito boa porque nós estamos aqui para divulgar a nossa marca, o nosso produto. Espero que o próximo ano possa ser melhor”, afirma. Mesmo sendo a primeira vez que expõe na festa, avalia a participação de forma positiva. A marca produz e comercializa itens conhecidos no RN. Manteiga da terra, queijo coalho, queijo manteira e iogurte são algumas das especialidades. Com produção em Angicos, interior do Estado, a Cabugi busca crescer no mercado.


Sebrae, um dos maiores expositoresO Sebrae, um dos parceiros, teve resultados superiores ao que se previa, de acordo com o Diretor Técnico Sebrae no RN, João Hélio. “Os resultados foram superiores ao que nós havíamos previsto”, afirma. Quantidade de visitantes, palestras e caravanas de visitação foram pontos destacados por ele. Mais de 2,5 mil produtores foram trazidos em caravanas do interior Estado, além de atividades que pensam a economia criativa, cultura e terroir (exposição de produtos da terra). “Está tendo uma visitação recorde”, continua. Foram cerca de 350 pessoas envolvidas no funcionamento da exposição, entre empresas e equipe da Sebrae. Foram cerca de 100 mil visitantes ao longo da semana e 10 mil consultorias prestadas.
O conteúdo das palestras e consultorias foram pensados a partir dos impactos diretos na vida dos produtores. “Nós trouxemos muita inovação, tecnologia, acesso ao mercado”, afirma. Por isso, foram realizados encontros de negócios e rodadas de negócios. A ideia é que um pequeno negócio possa ter acesso ao mercado por meio de crédito e prospere. “Os bancos oficiais ofertando crédito e facilitando esse fechamento, pois o crédito irá garantir a produção daquilo que eles estão fechando”, completa Hélio.
O terroir foi uma atração à parte. Uma ala inteira para produtores de iguarias potiguares. Nele, pequenos produtores puderam mostrar produtos da terra e incentivar restaurantes a adquirirem esses produtos para seus restaurantes. “Produtos made in RN, produtos agroecológicos de excelente qualidade que nós garantimos aqui”, completa. Desde a cachaça ao mel, além de ostra e queijo contaram com exposições na área do Sebrae. Inclusive, expositores de queijos medalhistas no Campeonato Mundial de Queijos, que aconteceu em São Paulo, puderam participar e comercializar.


Diariamente um queijeiro potiguar transforma litros de leite in natura em queijos de coalho e manteiga, além de manteiga do sertão e doce de leite feitos artesanalmente. As oficinas são ministradas pela manhã e no final da tarde, com degustação dos produtos pelos participantes ao final de cada oficina.
Números
Movimentação total:
R$ 60 milhões
Financiamento BNB:R$ 20 milhões
LeilõesDomingo – R$ 660 mil Terça – R$ 1 milhão e 60 mil Quinta –R$ 995 mil e 400 Sexta – Expectativa era de mais de R$ 1 milhão Público:Cerca de 500 mil
Expositores:300, entre empresas e produtores
Fonte: Anorc
BNB fechou R$ 20 milhões em financiamentosOutro parceiro que contribuiu com a movimentação foi o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Segundo o superintendente Tiago Dantas, foram mais de R$ 20 milhões em financiamento ao longo da semana. O valor, anunciado nesta sexta-feira (14), quase dobrou o valor financiado no ano passado, que foi de R$ 11 milhões.

De acordo com ele, a sensação é de expectativas superadas. “Expectativas superadas. É bom ver esse ecossistema do agronegócio funcionando e funcionando com essa velocidade novamente”, afirma.


O superintendente afirma, ainda, que essas atividades são importantes para complementar a economia do Estado e favorecer produtores locais. “A gente sabe o quanto é importante para o Estado que a gente adicione atividades econômicas ao Estado que não só comércio e serviços”, aponta.


Também de acordo com ele, são nessas atividades, como agricultura e pecuária, onde se fortalece o Estado, o que pode ser visto através da Festa do Boi. “A Festa do Boi é isso, a cadeia do agronegócio e agente observou isso com expectativas superadas”, conclui.


Cenário da fruticultura é promissor, diz Coex 
As perspectivas da fruticultura no País, especialmente no Rio Grande do Norte, são animadoras. Na última safra, o Brasil chegou a exportar em torno de US$ 1,2 bilhão, enquanto no Estado as cifras movimentadas foram da ordem de R$1 bilhão. Os números foram apresentados pelo presidente do Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex/RN), Fábio Queiroga, durante o Seminário Frut&Tec, realizado na última quinta-feira (13), na Agência Sebrae Festa do Boi. Juntamente com o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte (Sape), Guilherme Saldanha, ele e outros especialistas discutiram o cenário atual da fruticultura no Estado e no País. 


De acordo com o principal executivo do Coex, o Rio Grande do Norte já é conhecido pela produção do melão e da melancia, e possui um grande potencial para consolidar outras culturas. “Temos uma região com uma grande capacidade de crescimento para fruticultura, levando nossa produção em uma posição de destaque no cenário nacional e internacional. E isso não apenas quando falamos em áreas, mas também em diversas culturas, visto que nossas condições edafoclimáticas são favoráveis”, afirmou Queiroga.


Para Queiroga, um ponto primordial para o aproveitamento do potencial da fruticultura é o planejamento. “O mundo passa hoje por um momento muito singular, com tensões e problemas macroeconômicos. Mas precisamos estar prontos para no instante em que essas questões se resolverem, o estado esteja pronto para utilizar todo o potencial que possui”, completou o presidente do Coex/RN.
Para isso, é preciso investir no diagnóstico dos possíveis gargalos da atividade para então traçar metas e incentivar o desenvolvimento da produção de outras culturas em solo potiguar. Com isso, a expectativa é que o Rio Grande do Norte possa dobrar o resultado atual em aproximadamente oito anos.


O seminário também trouxe ao Rio Grande do Norte o professor doutor da universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcos Fava Neves, que é comentarista de agronegócio da rede CNN Brasil, para ministrar palestra sobre a importância do agronegócio e da fruticultura para o País. “O Brasil conseguirá se desenvolver, gerando e distribuindo renda, criando oportunidades às pessoas pelas exportações do agro. A fazenda, a indústria de alimentos, de bioenergia e o restaurante do mundo”, diz o especialista.


De acordo com ranking apresentado por Marcos Fava Neves, o Rio Grande do Norte tem atualmente o terceiro maior volume de fruta produzida, e a melancia, que alcançou a produção de 2,1 milhão de toneladas em 2020, tornou-se responsável por 15,5% de toda a produção nacional da fruta. Já na área de comércio exterior, os melões são a segunda fruta mais exportada pelo Brasil, ficando atrás somente da manga. O valor negociado no mercado internacional teve um crescimento de 12% entre 2020 e o ano passado, subindo de US$ 147,9 milhões para US$ 165,1 milhões. Os envios também foram ampliados de um ano para o outro saindo de 236,2 mil toneladas para 257,9 mil toneladas – o que representa um aumento de 9 por cento. 

Tribuna do Norte