Saúde

Máscara pode reduzir gravidade de infecção por Covid-19, diz especialista

Os pesquisadores estudaram a dependência da dose com outras infecções virais, como a gripe

As máscaras se provaram uma das principais ferramentas de proteção contra o novo coronavírus, podendo reduzir o risco de infecção em até 25%, de acordo com um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Segundo Monica Gandhi, especialista em doenças infecciosas da Universidade da Califórnia em São Francisco, é provável que as máscaras, ao bloquear algumas das gotículas portadoras de vírus, reduzem o risco de adoecer gravemente.

Gandhi e seus colegas usaram informações epidemiológicas de vários países para escrever um artigo, publicado no Journal of General Internal Medicine, no qual eles propõem que as máscaras podem levar a infecções mais leves ou assintomáticas, reduzindo a dose do vírus que as pessoas inalam.

Na última onda de infecções nos EUA, o uso amplo de máscaras pode ser um fator para as taxas de mortalidade mais baixas – junto com mais testes, pacientes mais jovens e melhores tratamentos – aponta a especialista. Uma proporção maior desses novos casos foi leve ou assintomática, embora mais dados sejam necessários para se verificar se eles são rastreados geograficamente com taxas mais altas de uso de máscara.

Em todo o mundo, os padrões epidemiológicos parecem fornecer uma pista. Em países onde o uso de máscaras já era comum, como Japão, Taiwan, Tailândia, Coreia do Sul e Cingapura, e em países onde o uso de máscaras foi rapidamente adotado, como a República Tcheca, as taxas de mortalidade e gravidade da Covid-19 permaneceram comparativamente baixas.

A ideia de que a dose viral determina o grau da doença não é nova. As descrições de uma curva relacionando dose-mortalidade – quanto de um vírus é necessário para causar a morte de um animal – foram publicadas pela primeira vez em 1938. E, afinal, as primeiras vacinas, que foram documentadas na China do século 16, envolviam expor alguém a um pequeno quantidade de vírus da varíola para induzir doença leve e imunidade subsequente.

Os pesquisadores estudaram a dependência da dose com outras infecções virais, como a gripe. Em um estudo com voluntários saudáveis, aqueles que receberam uma dose mais elevada do vírus influenza A desenvolveram sintomas mais graves.

Como o novo coronavírus, o SARS-CoV-2, é potencialmente letal, os experimentos sobre a relação do uso de máscaras e gravidade da doença foram necessariamente limitados aos animais. Em um teste de laboratório, o uso de máscara cirúrgica entre as gaiolas de hamsters infectados e não infectados cortou significativamente a transmissão de Covid-19. Menos hamsters contraíram o vírus e aqueles que foram infectados apresentaram sintomas mais leves.