Política

Mesmo no ministério de Lula, União Brasil será oposição a Fátima

José Agripino nega que composição de ministério seja parte de acordo para apoio a Lula e PT. Foto: Adriano Abreu

O União Brasil tem participação confirmada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e já indicou os ministros que farão parte da gestão a partir de 2023. O partido, que resultou da fusão do PSL (Partido Social Liberal) – que elegeu Jair Bolsonaro em 2018 – com o Democratas (DEM), porém, permanecerá com o mesmo posicionamento em oposição ao governo de Fátima Bezerra (PT) no Rio Grande do Norte. Essa é a definição do presidente da legenda no estado, ex-senador José Agripino Maia.

Adversário histórico do PT tanto no Rio Grande do Norte quanto no cenário nacional, José Agripino já liderou a oposição no Senado Federal durante boa parte da gestão de Lula na Presidência da República. Nas eleições deste ano, o União Brasil teve Soraya Thronike como candidata à Presidência e não apoiou ninguém oficialmente no segundo turno, mas expoentes da legenda, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o senador eleito pelo Paraná, Sérgio Moro, estiveram ao lado de Jair Bolsonaro (PL). Para o Rio Grande do Norte, a tendência é de que a legenda se mantenha como adversária de Fátma Bezerra.

A bancada do União Brasil na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte contará com dois nomes: Taveira Júnior e Ivanilson Oliveira. Na Câmara Municipal de Natal, terá quatro vereadores em 2023. “O UB (União Brasil) não tem nenhum indicado ao governo Fátima. No Rio Grande do Norte, as posições se mantém inalteradas”, disse Agripino.

A resposta veio após o presidente Lula anunciar os nomes do restante dos seus futuros ministros. Para o partido do ex-senador ficaram os deputados federais Juscelino Filho (União Brasil-MA) com o Ministério das Comunicações, que foi ocupado pelo potiguar Fábio Faria (PL) no governo Bolsonaro; e também Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), que assumirá o Ministério do Turismo.

Caso o governador do Amapá, Waldez Góes, migre do PDT para a União Brasil, serão três integrantes da legenda no governo petista. Góes vai integrar o governo em uma cota do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e, por enquanto, vai apenas se licenciar do PDT. Ele será o ministro da Integração e Desenvolvimento  Regional, pasta que o senador diplomado, Rogério Marinho (PL) ocupava no governo Bolsonaro.

“No meu governo não há medo de escolher político”, disse Lula em pronunciamento ontem (29) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do gabinete de transição, ao anunciar os 16 nomes que faltavam para completar as 37 pastas que seu governo terá. Ele acomodou ainda outros partidos como PSD e MDB, com três ministérios para cada, em busca de governabilidade em seu terceiro mandato.

O União Brasil fez forte oposição aos dois primeiros mandatos de Lula e, apesar da participação de membros da legenda no governo, seus dirigentes afinaram o mesmo discurso e dizem que se manterá independente na Câmara e no Senado.

Segundo José Agripino, as indicações dos políticos para o Turismo e Comunicações não partiram da legenda. “As escolhas não foram feitas pelo partido. Foram escolhas feitas pelo presidente da República. Como partido, o UB votará de forma independente e de acordo com os interesses do país”, afirmou.

 Na Câmara Federal serão 59 deputados do União, entre esses, os potiguares Paulinho Freire e Benes Leocádio. No Senado, serão 9 cadeiras, empatando com o MDB com a terceira maior bancada da Casa. Entre esses senadores está um dos maiores desafetos do presidente, o ex-juiz Sergio Moro, que o condenou à prisão em 2018 e foi eleito nesse ano pelo Paraná apoiando a reeleição de Jair Bolsonaro.

O partido teve a senadora Soraya Thronicke como candidata à presidência no primeiro turno das eleições e no segundo turno liberou os filiados para decidirem quem apoiariam. Isso porque o partido se dividiu. Soraya, por exemplo, se manteve neutra, contudo, a maioria dos integrantes decidiu apoiar a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição.

No Rio Grande do Norte o presidente estadual da legenda, José Agripino, também abraçou a campanha de Bolsonaro articulando-se pelo estado junto ao senador eleito, Rogério Marinho (PL). Para o governo do estado, o partido aderiu desde o primeiro turno ao projeto político do candidato a governador Fábio Dantas (SD) que terminou o pleito com 406.461 votos (22,22%).

Tribuna do Norte