As chuvas que estão caindo em todo o RN estão trazendo também medos à população devido à alta incidência de raios. O chefe da unidade de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), Gilmar Bristot, explica o que provoca as quantidades de descargas elétricas no estado.
“Isso tem como causa as boas condições do oceano, que estão atraindo a zona de convergência sobre o Nordeste, facilitando a formação de áreas de instabilidade”, diz o meteorologista.
De acordo com ele, outro fator, associado ao relevo potiguar, também influencia na atividade elétrica. “Para você ter a formação de nuvens tipo cumulus, que causam as descargas elétricas, é preciso ter alguns elementos, principalmente na questão do relevo”, pontua.
Bristot acrescenta que, nas regiões com um relevo mais acentuado, com a presença, por exemplo, de serras, a possibilidade da formação dessas nuvens e de raios é maior.
“É isso que está acontecendo no interior do estado. Tem muita umidade, instabilidade causada pela zona de convergência e consequentemente a formação dessas nuvens com a alta incidência de descargas elétricas”, completa.
Nessa segunda-feira (21), um homem que estava em uma motocicleta morreu ao ser atingido por um raio. O caso aconteceu nas proximidades da Cadeia Pública de Caraúbas, no Oeste Potiguar.
Na semana passada, um morador de São Rafael flagrou o momento em que uma descarga elétrica atingiu a torre da igreja matriz do município. A torre ficou parcialmente destruída devido à força do raio.
No último dia 10, pelo menos cinco vacas morreram ao serem atingidas por uma descarga elétrica em Rodolfo Fernandes, também no Oeste Potiguar. Os animais estavam próximos de uma árvore, que atraiu o fenômeno.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os 167 municípios do Rio Grande do Norte estão em alerta laranja para chuvas intensas. O aviso diz que há possibilidade de descargas elétricas, com chuvas de até 100 milímetros e ventos intensos de até 100 km/h.
O Brasil lidera o ranking de países com incidências de raios, com uma média de 77,8 milhões de registros por ano. O número, no entanto, é pequeno, se comparado ao total registrado nos dois últimos anos. Em 2021, caíram 154 milhões de raios em território brasileiro. Em 2020 foram 126 milhões. A expectativa é de que, ao final deste século, que a média brasileira seja de 100 milhões de raios por ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).