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Polêmica: Cuba promove apagão digital para silenciar protestos

Por conta e risco do regime cubano, o acesso à internet está bloqueado e há cortes nas linhas telefônicas, o que torna a ilha caribenha isolada e incomunicável após a onda de protestos que surpreendeu o governo no domingo. Enquanto o presidente Miguel Díaz Canel falava em cadeia nacional, por volta das 16h, para tachar os manifestantes de mercenários, as mídias sociais eram silenciadas em todo o país.

Conforme constataram entidades que monitaram o tráfego na web, como Netblocks, Acess Now e Kentik.ink, a atividade foi reduzida a zero em Cuba, limitando a difusão de informações sobre prisões e desaparecidos, assim como a repressão aos que desafiaram o regime, pelo segundo dia consecutivo.

No dilema entre a expansão do acesso online e a manutenção do status quo, o regime deixa evidente que a segunda alternativa é prioritária e única, quando opta pelo apagão digital para tentar conter os protestos e lançar seu rigoroso aparato policial contra os manifestantes.

De acordo com a ONG Cubalex, que se dedica à defesa dos direitos humanos, pelo menos 150 foram presos desde domingo.

Entre eles, há vários integrantes do Movimento San Isidro, a rede de artistas e ativistas que defende abertamente a mudança política em Cuba e tornou-se alvo preferido do regime.

Agora é avaliar o impacto dessa nova dissidência, armada com celulares que expõem a fragilidade de um governo autoritário, há mais de seis décadas imperando sob partido único.

Sem o carisma e o legado dos Castro, Miguel Díaz-Canel é rotulado como marionete e impõe os mesmos métodos para silenciar opositores. Porém, em condições muito diferentes: a insatisfação é alimentada pelas redes sociais que ele tenta, a todo custo, bloquear.