O censo da população em situação de rua do Rio Grande do Norte deve ser divulgado no final do mês de julho pelo Governo do Estado, através da Secretaria do Estado de Trabalho, Habitação e Assistência Social (Sethas). Antes disso, um relatório parcial dos achados será publicado no final de maio. O trabalho de campo foi iniciado em dezembro de 2021, onde dados de 41 municípios foram mapeados.
Segundo a Secretaria, o número total gira em torno de 2.000 pessoas em situação de rua no RN, majoritariamente homens, pretos ou pardos, e com problemas familiares.
Segundo Edivania Lima, coordenadora da Assessoria Técnica na Sethas, inicialmente foi feita uma seleção de pesquisadores-bolsistas para atuar no Projeto de Pesquisa e Inovação “Promoção dos direitos da população em situação de rua no Rio Grande do Norte: diagnóstico e intervenção nos caminhos de inovação no Sistema Único de Assistência Social”. As pesquisas de campo começaram em dezembro de 2021, com capacitação do pessoal envolvido.
“Começamos a trabalhar a partir de dados da base do Cadastro Único, que tinha mapeado 1.120 pessoas em situação de rua no RN. Hoje sabemos que esse número é maior, em torno de 2.000. Ao aplicar nosso questionário, acabamos encontrando diversas lacunas e divergências. No levantamento, dos 167 municípios potiguares, a presença de pessoas em situação de rua foi registrada em 41, com maior incidência em Natal e na região do Trairi”, comenta a coordenadora.
Os achados da pesquisa serão divulgados por meio de relatórios parcial e final, mas a Secretaria já pôde divulgar algumas informações acerca do perfil desse público. O questionário tem cerca de 78 questões que buscam entender a realidade de cada indivíduo. Edivania apontou que são predominantemente homens, pretos ou pardos, na faixa etária de 18 a 59 anos e com baixa escolaridade. “Um ponto muito forte que temos identificado diz respeito ao motivo pelo qual aquelas pessoas estão na rua. Em primeiro lugar, temos situações de conflito e fragilidade de vínculos familiares, depois separação, morte dos pais e uso abusivo de drogas”.
Na avaliação da coordenadora, os resultados serão importantes para pensar e formular políticas públicas efetivas para essa população que tem aumentado no contexto da pandemia. “São muitas demandas e situações, quando fecharmos o diagnostico vamos poder buscar essa atuação intersetorial para construir políticas mais efetivas. No contato com os entrevistados, eles relataram falta de emprego, oportunidade e acesso aos serviços básicos que acabam intensificando o quadro de permanência na rua”, aponta.
Em muitos casos observados, as pessoas não tinham documentação pessoal como CPF, RG e Carteira de Trabalho, o que dificulta a inserção em programas de assistência social. Também foi registrado um aumento no número de idosos, maior relato de problemas mentais entre o público, bem como pessoas com deficiência em situação de rua sem acesso à benefícios. Ao final do trabalho, a Sethas realizará capacitações e oficinas com os municípios, enfatizando atuação intersetorial, principalmente nos locais onde foram identificadas as maiores incidências de pessoas em situação de rua.
Tribuna do Norte