O aumento no valor do material escolar deve variar entre 15% e 30% em 2023, de acordo com estimativa da Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares, no Brasil. Em Natal, o Procon começou o levantamento dos valores deste ano. Cinco pesquisadores irão fazer a coleta de dados em 21 estabelecimentos comerciais nas quatro regiões da cidade. Os resultados devem chegar no início da próxima semana. Na capital potiguar, parte da população já sente aumento com relação ao início de 2022.
A psicóloga Ana Isabel, 36, relata que os preços estão mais altos este ano, em comparação com 2019 e os dois anos de maior intensidade da pandemia (2020-2021). “Os preços estão altos como tudo no mercado, a gente sente diretamente e aí acho que isso é algo que estamos acompanhando desde os últimos anos”, diz. A psicóloga comenta, ainda, que o aumento segue uma série de produtos, não apenas na papelaria. “As coisas estão realmente subindo, mas é uma necessidade”, completa.
Ela e o marido, o fisioterapeuta Washington Luís, 38, tem duas filhas e precisam comprar material escolar em dobro. Por isso, optam por pesquisar os preços com antecedência, em vários lugares, para saber onde compensa fazer as compras. “A saída que a gente encontra é fazer realmente uma pesquisa e ver, em termos de qualidade de material se compensa e buscando preços mais em conta”, relata Ana.
Outra alternativa é comprar o material por partes, dando prioridade ao mais importante e o que as meninas irão usar primeiro. “Fazemos uma análise para saber se tudo realmente será usado e aí algumas coisas a gente acaba deixando para comprar um pouco depois. A gente faz uma seleção, pelo menos o que é necessário comprar agora”, finaliza.
A pedagoga Cíntia Valéria, 43, esteve na livraria Câmara Cascudo, na avenida Rio Branco, para terminar as compras de material para a filha, de 10 anos. Ela comenta que os preços subiram. “Estou achando mais caro. Os preços estão diferentes do ano passado, houve um aumento sim”, afirma.
Cíntia também prefere pesquisar os preços com antecedência antes de iniciar as compras. “Estou pesquisando, já é a quarta livraria que estou visitando. Há um aumento em todas elas”, diz. Além da pesquisa, comenta que não encontra todos os materiais da lista escolar em um só lugar, por isso a procura se torna mais extensa. “Tem também livrarias que não tem todo material, então tem que ficar andando. Não encontrei tudo aqui”, finaliza.
A dona de casa, Maria de Fátima, 38, compartilha da mesma opinião. “Está tudo caro mesmo. Caderno, lápis. E a lista da escola também é muito grande, então a gente tem que se desdobrar para conseguir comprar tudo”, relata. Ela compra material escolar para os dois filhos, de 10 e 12 anos. A quantidade de material é dobrada, assim como os custos. “Quem tem mais de um filho, precisa pesquisar mais ainda porque a quantidade de material é bem grande, né”, completa.
Papelaria registra aumento
Na Câmara Cascudo, uma das papelarias mais tradicionais do centro da cidade, que existe há cerca de 30 anos, o valor de compra dos produtos para revenda também está alto, de acordo com a gerente, Maura Andrade. “Desde o tempo da pandemia, tudo aumentou. No nosso segmento aumentou muita coisa. Realmente teve uma elevação mesmo, caderno, principalmente papel”, afirma.
Além disso, apesar do ano letivo estar prestes a começar, a movimentação também não segue o esperado e vem diminuindo com o passar dos anos. “Em pleno janeiro nossa papelaria não tem ninguém. Está muito baixa a procura e a gente tem uma infinidade de variedade, de novidade, mas não tem ninguém e estamos aguardando o pessoal aparecer”, relata.
Ainda segundo Maura, um dos motivos pela baixa é a cobrança da taxa de material escolar, oferecido por escolas privadas, uma prática considerada abusiva quando não apresentada a lista dos materiais inclusos no pacote, de acordo com o Procon. “Infelizmente, hoje as escolas vendem taxa de material e as livrarias deixam de vender”, diz.
De acordo com ela, os funcionários esperam que depois do feriado de reis, que acontece nesta sexta-feira (6), novos clientes apareçam. “A gente espera que na próxima semana, depois desse feriado as pessoas apareçam, porque o movimento está baixo. A loja está toda preparada, estamos prontos para receber clientes”, completa.
Tribuna do Norte