A chegada da onda de calor no Rio Grande do Norte, com destaque para as cidades do interior, tem levado ao aumento das temperaturas no Estado. Embora a previsão para os próximos dias seja de normalização da temperatura, o meteorologista da Empresa Agropecuária do Estado (Emparn), Gilmar Bristot, aponta que as máximas dos municípios do interior devem continuar superando 35 ºC até o fim do ano. Em cidades mais litorâneas como Natal, por sua vez, o esperado é que as temperaturas mínimas sigam elevadas nos próximos dias, o que leva ao início de dias mais quentes.
Segundo o meteorologista, o pico das ondas de calor no Estado foi maior no início desta semana, mas a temperatura deve continuar elevada devido às características da estação atual. No que se refere à expansão das ondas de calor, ele aponta que o fenômeno apresenta dois fatores principais: as mudanças climáticas e a atuação do fenômeno El Niño.
O El Nino, como lembra o meteorologista, consiste no aquecimento das águas do oceano Pacifico que, consequentemente, influencia a circulação dos ventos na atmosfera. “A origem dessa massa de ar quente da região do deserto da Argentina, influenciada pelo El Nino, conseguiu se espalhar pela América do Sul mantendo suas características térmicas, além da duração, e conseguiu chegar até o Rio Grande do Norte”, complementa. O resultado disso, aponta Gilmar Bristot, foi o aumento das temperaturas em cidades do interior do Estado que atingiram seu pico.
Em Caicó, por exemplo, a temperatura superou 40 ºC na segunda-feira (25), acontecimento considerado inédito para o mês de setembro. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), 50 cidades do interior do Rio Grande do Norte estão com alerta de perigo para ondas de calor. Entre elas, estão Caicó, Apodi, Alexandria, Itaú, Pau dos Ferros e Riacho da Cruz. O aviso foi emitido na segunda-feira (26) e segue válido até as 18h desta sexta-feira (29).
De acordo com Gilmar Bristot, uma vez que os ventos do sudeste não alcançam os municípios do interior para conseguir conduzir umidade nesta época do ano, esses locais ficam mais vulneráveis ao aumento da temperatura. Aliado a isso, com a redução da umidade relativa do ar, as nuvens também diminuem e a radiação do sol encontra espaço para esquentar a superfície com maior intensidade e elevar a temperatura do ambiente.
As cidades mais próximas ao litoral, por sua vez, apresentam maior incidência de ventos e umidade pela proximidade com o oceano. Embora isso favoreça a formação de nuvens e temperaturas mais amenas em cidades como Natal, o meteorologista da Emparn chama atenção para o fato de que em muitos momentos a sensação térmica reflete uma temperatura maior ao registrado.
Impactos
Enquanto as temperaturas seguem elevadas, a população tem buscado aliviar o calor como pode. A comerciante Eliene Nogueira, de 62 anos, trabalha há 15 anos no Alecrim, zona Leste de Natal, e afirma estar sentindo uma maior intensidade na temperatura nos últimos dias. Aliado a isso, com a maior exposição ao sol por conta do trabalho, relata que o escape tem sido redobrar a atenção com a hidratação e buscar uma melhor alimentação.
A nutricionista Waleska Araujo do Nascimento, do Hospital Universitário Ana Bezerra, chama atenção para a importância de cuidar tanto da alimentação quanto da hidratação diante dos efeitos das ondas de calor. Segundo ela, o ideal é que a população realize um cálculo individual da própria necessidade de ingestão de água, sendo 35 ml para cada 1 kg, conforme o Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde. Somado a isso, recomenda a redução na ingestão de bebidas alcoólicas e ricos em cafeína e alimentos açucarados.
Tribuna do Norte