Os resultados de um estudo feito por cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington em Seattle, nos Estados Unidos, sugerem que uma vacina pode ser capaz de tratar diferentes tipos de câncer de mama. Os testes experimentais foram considerados um sucesso e demonstraram uma forte resposta imunológica da aplicação à proteína-chave do tumor.
“Os resultados devem ser considerados preliminares, mas são promissores o suficiente para que a vacina seja agora avaliada em um ensaio clínico randomizado maior”, disse, em comunicado, a autora principal do estudo, Mary Disis, professora de medicina Divisão de Oncologia Médica da Universidade de Washington e diretora do Instituto de Vacinas contra o Câncer.
Os testes de fase I, publicados na revista científica JAMA Oncology, foram projetados para avaliar a segurança de uma vacina terapêutica, para tratar a doença, que tem como alvo uma proteína chamada receptor 2 do fator de crescimento epidérmico humano (HER2). O objetivo também foi conferir se a aplicação induzia uma resposta imune à proteína.
A HER2 é encontrada na superfície de várias células, mas em até 30% dos cânceres de mama a proteína é super produzida em até cem vezes a quantidade observada em células normais. Eles tendem a ser mais agressivos e propensos a recorrer após o tratamento, porém a superprodução de HER2 também desencadeia uma reação imunológica que pode ser benéfica.
Pacientes com câncer de mama HER2-positivo que criam um tipo de resposta imune chamada imunidade citotóxica – ou de morte celular – são menos propensos a terem o câncer novamente após o tratamento e têm sobrevida geral mais longa do que aqueles que não conseguem essa resposta imune.
As participantes foram divididas em três grupos com cada participante recebendo três injeções. Um grupo recebeu três injeções de baixa dose (10 mcg) da vacina, um grupo recebeu três injeções com dose intermediária de 100 mcg e um grupo, três injeções de alta dose, 500 mcg. Eles também receberam o fator estimulante de colônia de granulócitos-macrófagos (GM-CSF), que promove imunidade citotóxica.
A autora principal do estudo disse que os resultados mostraram que a vacina é muito segura. “Na verdade, os efeitos colaterais mais comuns que vimos em cerca de metade dos pacientes foram muito semelhantes ao que você vê com as vacinas COVID: vermelhidão e inchaço no local da injeção e talvez febre, calafrios e sintomas semelhantes aos da gripe”, disse Disis.
“Se os resultados do novo ensaio clínico randomizado controlado de fase II da vacina forem positivos, será um forte sinal para avançarmos rapidamente para um ensaio de fase III definitivo”, disse a professora. “Tenho grandes esperanças de que estejamos perto de ter uma vacina que possa efetivamente tratar pacientes com câncer de mama “, completou.