A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou que farmácias apliquem testes rápidos de Covid-19. O órgão afirma que esse tipo de teste não tem o objetivo de diagnosticar a doença e que a autorização é temporária e excepcional. Especialistas ouvidos são a favor da medida, mas apontam que o exame tem limitações e que é essencial seguir regras para aplicá-lo.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) manifestou em nota sua preocupação com as consequências dessa resolução. De acordo com a instituição, se o teste rápido for realizado no período incorreto, 75% dos resultados podem ser “falsos negativos”.
“Apesar de úteis em situações específicas, como no mapeamento epidemiológico de uma infecção viral, estes exames podem apresentar número significativo de resultados falso negativos. Eles apresentam deficiências, pois devem ser realizados após sete dias da apresentação dos primeiros sintomas”, diz o CFM.
O conselho ainda pede que seja priorizada a aplicação do teste RT-PCR, de biologia molecular. Ele é considerado “padrão ouro” porque detecta a presença do material genético do novo coronavírus, ou seja, é capaz de diagnosticar uma infecção ativa pelo vírus.
Detecta anticorpos, mas não a infecção
O teste rápido, por sua vez, detecta a presença de anticorpos contra o novo coronavírus no sangue da pessoa. Isso significa saber se houve exposição ao vírus – e não se a pessoa está infectada no momento da testagem.
Sete dias é o prazo necessário para que o organismo consiga produzir essa resposta do sistema imune em níveis detectáveis pelo exame que será disponibilizado em farmácias- período conhecido como “janela imunológica”. Entretanto, resultados melhores foram obtidos a partir do décimo dia com a utilização de produtos registrados pela Anvisa,
O virologista e biólogo Flávio Guimarães da Fonseca, do Centro de Tecnologia em Vacinas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é a favor da medida, mas ressalta que é preciso ter noção sobre a limitação do teste rápido.
No horário destinado às lideranças, durante a sessão ordinária por videoconferência nesta quarta-feira (6), os deputados enfatizaram que o momento de dificuldades diante da pandemia exige sensibilidade de todos. Durante o seu pronunciamento, o deputado Dr. Bernardo (Avante) voltou a relatar sua preocupação com a situação da rede pública de saúde em Mossoró.
Segundo o parlamentar se informou, os três leitos estão interditados devido à falta de um medicamento fundamental que funciona como sedativo dos pacientes da Covid-19 que precisam ficar na UTI. “Esse produto não tem no Estado e a Sesap está tentando resolver essa situação”, esclareceu o parlamentar.
Dr. Bernardo disse que a situação geral, não só do RN, é grave e o momento é de “despolitizar e ouvir os dois lados”. Afirmou: “Às vezes existem gargalos e a gente precisa compreender melhor o que está ocorrendo, ouvir os dois lados da história para se buscar efetivamente a solução dos problemas e oferecer uma melhor assistência à população. Essa Casa está de parabéns por se somar ao Executivo, buscando uma solução para mitigar o sofrimento das pessoas”, encerrou.
O deputado Coronel Azevedo (PSC) chamou a atenção para notícia publicada nos jornais informando o óbito de uma paciente com coronavírus em Ipanguaçu, por falta de vaga na UTI. Coronel Azevedo ainda agradeceu aos colegas da Comissão pela aprovação do projeto que garante mais transparência aos dados relativos à Segurança Pública no RN.
Planejamento
A necessidade de planejar as ações e investimentos por parte do governo estadual a fim de garantir uma melhor assistência à saúde da população foi o destaque no pronunciamento do deputado Getúlio Rêgo (DEM).
O parlamentar citou o anúncio da implantação de leitos no Hospital da Polícia, em Natal, e do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), em Mossoró, mas se mostrou preocupado se para ambas as unidades o governo irá disponibilizar a quantidade suficiente de profissionais de saúde. “Temos conhecimento que os leitos interditados foram por falta de insumos, mas também de recursos humanos, então o planejamento está falho”, alertou.
O deputado Getúlio Rêgo também alertou para a gravidade da doença, cujo percentual de óbitos é bastante elevado. “A doença é perigosa, já tivemos informações dos intensivistas de que o percentual de óbitos para entubados de até 50 anos é de 50%, e para os pacientes com mais idade é ainda mais alto”, preocupa-se o deputado.
Comércio informal
A situação dos comerciantes informais foi tema predominante na fala de Sandro Pimentel (PSOL). O deputado citou com preocupação uma recente apreensão de mercadorias sem nota fiscal e fez um apelo para que o governo libere os produtos sem cobrar a multa estipulada em cerca de R$ 10 mil, uma vez que a situação financeira de quem atua neste ramo está bastante incerta e delicada. O deputado conversou hoje mesmo com o próprio secretário de Tributação do RN, Carlos Eduardo Xavier, para tratar do problema.
Sandro Pimentel voltou a citar o trabalho de auditoria sobre o contrato do Executivo com a Arena das Dunas. O deputado disse que devido ao lançamento, amanhã, de um programa de governo, a divulgação do resultado foi adiada para a próxima segunda-feira (11).
Diante do avanço do novo coronavírus no Brasil, alguns estados e municípios avaliaram que as regras de distanciamento social não têm sido suficientes e aumentaram a restrição à circulação de cidadãos, decretando o chamado “lockdown”.
Nesta quarta-feira (6), o Pará tornou-se o segundo estado brasileiro a impor o lockdown em algumas cidades. Já São Paulo, estado com maior número de infectados e mortos por Covid-19, segundo a contagem oficial, está sob regras de distanciamento social, mas não tem até o momento lockdown. Entenda a diferença:
O que é lockdown?
“Lockdown” refere-se ao bloqueio total de uma região, imposta pelo Estado ou pela Justiça. É a medida mais rígida adotada durante situações extremas, como uma pandemia.
O cidadão é restrito de circular áreas públicas sem motivos emergenciais, cruzar fronteiras e muitas vezes pode haver toque de recolher. A fiscalização é feita pelo governo.
Qual o significado em português?
A palavra pode ser traduzida como “confinamento”. Segundo o dicionário de língua inglesa Oxford, o significado de lockdown se refere a “estado de isolamento ou restrição de acesso instituído como uma medida de segurança”. Pode também ser interpretado como “bloqueio total”.
Qual a diferença entre lockdown e distanciamento social?
O distanciamento social prega que as pessoas fiquem longe o bastante das outras, mas não é uma imposição de Estado. O objetivo é restringir a disseminação do vírus pela distância, visto que, até onde se sabe, novo coronavírus não é transmitido pelo ar, mas por gotículas da saliva.
Por isso, recomenda-se a distância de pelo menos 1 metro das outras pessoas. Estudos mostram, por outro lado, que um espirro pode espalhar as partículas por até 8 metros.
Como funciona?
As regras variam de acordo com o local adotado, mas os cidadãos só podem sair à rua por motivos de emergência. Basicamente, ficam abertos farmácias, hospitais, supermercados e outros locais que prestem serviços considerados essenciais.
O trânsito pela região também é parcialmente ou totalmente suspenso. Em alguns casos, rodoviárias, estações de trem e aeroportos são fechados e só é permitido ultrapassar a fronteira por motivo de emergência ou a trabalho.
O que é distanciamento social seletivo ou isolamento vertical?
O distanciamento social seletivo, também tratado às vezes como isolamento vertical, é destinado apenas uma parcela da população — por exemplo, grupos de risco mais elevado de desenvolverem complicações em caso de infecção por Covid-19. O resto da população está livre para circular desde que esteja assintomática.
No caso do coronavírus, o grupo de risco engloba idosos acima de 60 anos, diabéticos, hipertensos e pacientes com doenças pulmonares, entre outras.
A medida é apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas especialistas apontam que a medida pode ser arriscada no Brasil, onde é grande o número de casas em que idosos convivem com jovens — que podem sair e trazer o coronavírus.
O que é distanciamento social ampliado?
O distanciamento social ampliado se dá quando a recomendação de ficar em casa e evitar aglomerações é voltada a toda a população. Os cidadãos só devem sair a rua para necessidades básicas ou para trabalharem em serviços essenciais.
É o que popularmente tem sido chamado no Brasil de quarentena.
Qual a diferença entre lockdown e isolamento?
Lockdown é uma medida de Estado, imposto por lei, enquanto isolamento é uma recomendação do governo, adotada ou não de forma voluntária pela população.
O que muda com o lockdown?
A população não tem trânsito livre pela cidade e não pode deixa-la sem motivo emergencial, como em Wuhan, na China, local do paciente zero. Na região, só funcionam serviços básicos, como saúde, segurança pública e coleta de lixo.
Há lockdown em São Paulo, Manaus, Rio de Janeiro e Pernambuco?
Até a última quarta (6), não. As cidades de São Paulo, Manaus e Rio de Janeiro e o estado de Pernambuco, apesar do grande número de casos de covid-19 e do volume de buscas no Google pelo termo “lockdown”, não estão submetidas às regras de confinamento da população. Há, porém, restrições a aglomerações, aulas e pedido para que a população fique em casa.
Onde vale o lockdown?
No Brasil, até 6 de maio, o lockdown vale em quatro cidades do Maranhão e dez do Pará.
O Rio Grande do Norte deverá receber do Governo Federal quase R$ 1 bilhão caso a Câmara dos Deputados aprove sem modificações o projeto de auxílio financeiro para estados e municípios que foi aprovado no último sábado (2) pelo Senado.
A proposta, que deve ser analisada pelos deputados nesta terça-feira (5), prevê um repasse direto de R$ 60 bilhões para os entes federados, como compensação pela perda de arrecadação durante a pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o projeto, a verba seria dividida em quatro parcelas mensais. A expectativa é que, caso a Câmara aprove a proposta ainda nesta terça sem alterações, o presidente Jair Bolsonaro sancione o texto imediatamente e a primeira parcela seja depositada até o dia 15 de maio.
Entre as contrapartidas, estados e municípios não poderão aumentar salários dos servidores até 2022, incluindo deputados e juízes. Ficam de fora apenas os que trabalham nas áreas de saúde e segurança pública.
No caso do Rio Grande do Norte, a verba total que será destinada ao Estado será de R$ 946 milhões. Desse valor, R$ 597 milhões serão encaminhados para o Governo do Estado e R$ 349 milhões serão rateados entre os 167 municípios.
Com relação à verba do Governo do Estado, R$ 442 milhões serão enviados para uso livre. O dinheiro poderá ser usado, por exemplo, para pagar salários dos servidores e demais despesas. O restante (R$ 155 milhões) deverá ser aplicado obrigatoriamente em ações de enfrentamento ao novo coronavírus.
Entre os municípios, R$ 299 milhões serão de livre aplicação e R$ 50 milhões deverão ser investidos apenas na saúde. O maior valor será destinado à capital do Estado, Natal, que vai receber R$ 88,1 milhões. Em seguida, vem Mossoró, com R$ 29,6 milhões, e Parnamirim, com R$ 26 milhões.
Além do repasse direto, estados e municípios serão beneficiados com a liberação de R$ 49 bilhões através da suspensão e renegociação de dívidas com a União e com bancos públicos e de outros R$ 10,6 bilhões pela renegociação de empréstimos com organismos internacionais, que têm aval da União.
Os municípios serão beneficiados, ainda, com a suspensão do pagamento de dívidas previdenciárias que venceriam até o final do ano. Essa medida foi acrescentada ao texto durante a votação, por meio de emenda, e deverá representar um alívio de R$ 5,6 bilhões nas contas das prefeituras. Municípios que tenham regimes próprios de previdência para os seus servidores ficarão dispensados de pagar a contribuição patronal, desde que isso seja autorizado por lei municipal específica.
No total, o auxílio financeiro para estados e municípios será de R$ 125,2 bilhões – caso a Câmara não promova modificações no projeto e o presidente Bolsonaro sancione sem vetos.
FORMA DE DISTRIBUIÇÃO
Dos R$ 60 bilhões de auxílio direto aprovados no sábado pelos senadores, R$ 50 bilhões poderão ser usados livremente.
Essa fatia será dividida em R$ 30 bilhões para os estados e o Distrito Federal e R$ 20 bilhões para os municípios.
O rateio por estado será feito em função da arrecadação do ICMS, da população, da cota no Fundo de Participação dos Estados e da contrapartida paga pela União pelas isenções fiscais relativas à exportação.
Já o rateio entre os municípios será calculado dividindo os recursos por estado (excluindo o DF) usando os mesmos critérios para, então dividir o valor estadual entre os municípios de acordo com a população de cada um.
Por sua vez, os R$ 7 bilhões destinados aos estados para saúde e assistência serão divididos de acordo com a população de cada um (critério com peso de 60%) e com a taxa de incidência da Covid-19 (peso de 40%), apurada no dia 5 de cada mês. Os R$ 3 bilhões enviados para os municípios para esse mesmo fim serão distribuídos de acordo com o tamanho da população.
NÚMEROS
R$ 946 milhões
É o total que será destinado ao RN, para Estado e municípios
R$ 597 milhões
É o total que será destinado para o Governo do Estado, sendo R$ 442 milhões para uso livre e R$ 155 milhões para a saúde
R$ 349 milhões
É o total que será destinado para os municípios, sendo R$ 299 milhões para uso livre e R$ 50 milhões para a saúde
O diretor-geral da Polícia Federal, Rolando de Souza, já realizou ao menos duas trocas de superintendentes da corporação nos estados desde que assumiu o cargo na última segunda-feira (4). Para a superintendência do Rio de Janeiro foi escolhido o delegado Tácio Muzzi, que substituirá Carlos Henrique Oliveira. Nesta terça-feira (5), Oliveira foi confirmado como o novo diretor-executivo da PF, o segudo cargo mais importante da corporação.
Tácio Muzzi está na PF desde 2003 e foi superintendente interino no estado durante cinco meses no ano passado. Na PF, ele participou de várias investigações de combate à corrupção como a operação Gladiador que prendeu o ex-chefe de Polícia Civil do RJ, Álvaro Lins. Ele foi chefe da Delegacia de Repressão a Corrupção e Crimes Financeiros, da superintendência a crimes financeiros, e também atuou no Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperacao Jurídica Internacional (diretor adjunto) e foi diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
A superintendência do Rio está no centro das acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, estaria tentando interferir politicamente na PF. Em depoimento à Polícia Federal no último sábado (2), Moro disse que, em fevereiro, Bolsonaro afirmou, por mensagem de celular, que queria indicar um novo superintendente para a Polícia Federal no Rio de Janeiro, estado no qual o presidente construiu a carreira política.
Mais uma troca de superintendentes da Polícia Federal foi informada aos servidores da PF. Em e-mail interno, o diretor de Gestão de Pessoal, delegado Delano Cerqueira Bunn, comunicou sua saída do cargo e sua sucessora: a delegada Cecília Franco. A delegada é a atual superintendente da PF em Alagoas. É mais uma mudança em superintendências feita na nova gestão do diretor-geral Rolando de Souza. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente Jair Bolsonaro e tem o apoio de Alexandre Ramagem, que chegou a ser indicado ao posto mas teve a nomeação suspensa .
O Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) abriu um concurso com 309 vagas imediatas e formação de cadastro de reserva. Os aprovados serão lotados na sede administrativa em Brasília ou penitenciárias federais de Brasília (DF), Campo Grande (MS), Catanduvas (PR), Mossoró (RN) e Porto Velho (RO). A remuneração é de até R$ 6.030,23.
O edital foi divulgado e as inscrições começam no dia 15 de maio e vão até 5 de junho deste ano. Os interessados devem separar alguns documentos para se inscrever e pagar uma taxa, que varia de R$ 120, para Agente Federal de Execução Penal, e R$ 130, para Especialista Federal em Assistência à Execução Penal.
Estão sendo ofertadas 294 vagas para profissionais de nível médio no cargo de Agente Federal de Execução Penal. Além disso, há 15 vagas de nível superior para Especialista Federal em Assistência à Execução Penal. Todas as etapas do concurso, com exceção do Curso de Formação Profissional, serão aplicadas em Brasília, Mossoró e Catanduvas, além das capitais dos 26 estados.
Foi publicada na edição desta terça-feira (5) do Diário Oficial do Estado a prorrogação das regras de isolamento social e das medidas de combate ao novo coronavírus no Rio Grande do Norte. Segundo o Governo do RN, o novo decreto leva em consideração o fato de a doença ter aumentado exponencialmente em todo o país como também em território potiguar.
Segundo Spinelli, o decreto estadual em vigor já permitiria o isolamento de 60% da população e bastaria o seu cumprimento para diminuir a circulação de pessoas – o que diminuiria a escalada de casos da Covid-19. No entanto, o isolamento tem oscilado entre 45% e 50%, segundo o governo.
O secretário alerta que, mesmo com o aumento da oferta de leitos, como ocorreu na semana passada nos hospitais da Polícia Militar e Giselda Trigueiro, em Natal, e no Hospital São Luiz, em Mossoró, a capacidade de atendimento fica fortemente comprometida. O Governo do RN já publicou 19 decretos de enfrentamento ao novo coronavírus. Veja AQUI o que eles dizem.
Ao chegar para trabalhar nesta quarta-feira (6), os funcionários da Unidade Mista de Felipe Camarão, na Zona Oeste de Natal, foram surpreendidos: o prédio havia sido arrombado. O alvo foi a sala de vacinação. Ao todo foram desperdiçadas 1.369 doses de 16 tipos de vacinas. Só de influenza, foram 340 doses.
Além das vacinas contra influenza, a unidade de Felipe Camarão perdeu todas as vacinas oferecidas pela rede pública, inclusive a pentavalente, responsável por proteger contra doenças como tétano, difteria e hepatite. Essa vacina estava em falta havia meses e só agora a situação tinha sido regularizada. A vacina pentavalente é aplicada nas crianças aos 2, 4 e 6 meses.
O prejuízo na unidade não ficou somente nas vacinas. Os assaltantes ainda levaram bens materiais como a caixa térmica de recebimentos das vacinas, um monitor de computador, termômetro e tensiômetro. Ainda espalharam todos os insumos pelo chão. O vigia da unidade acredita que o assaltante entrou pela lateral do prédio, no momento que ele fazia a ronda do prédio. O diretor da Unidade registrou o Boletim de Ocorrência na Delegacia do bairro e espera a elucidação do caso.
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu nesta terça-feira (5) 72 horas para o governo entregar as gravações de reunião citada em depoimento do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, realizada dia 22 de abril, entre o presidente Jair Bolsonaro, o vice, Hamilton Mourão, e ministros.
Moro prestou depoimento de mais de oito horas no sábado (2) na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Ele foi questionado sobre as acusações de que Bolsonaro tentou interferir no trabalho da Polícia Federal (PF) e em inquéritos relacionados a familiares. As acusações foram feitas pelo ex-ministro quando ele anunciou sua saída do governo, em 24 de abril.
O depoimento de Moro foi motivado por inquérito aberto pelo ministro Celso de Mello, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), a fim de apurar se Bolsonaro tentou interferir politicamente na PF.
Essa suposta interferência foi a razão apontada por Moro em pronunciamento para ter deixado governo. O ex-ministro fez esse anúncio quando o “Diário Oficial da União” publicou a exoneração do diretor-geral da PF, delegado Mauricio Valeixo. Segundo o ex-ministro, ele não tomou conhecimento prévio da demissão do diretor.
A gravação solicitada por Celso de Mello refere-se ao trecho do depoimento em que Moro afirma que reunião do conselho de ministros com Bolsonaro em 22 de abril, para apresentar o programa econômico Pró-Brasil, o presidente cobrou a substituição do superintendente da PF do Rio de Janeiro e de Valeixo, além relatórios de inteligência e informação da PF. Na mesma reunião, o presidente disse que, se não pudesse trocar o superintendente da PF do Rio de Janeiro, poderia então trocar o diretor-geral e o próprio ministro da Justiça. Essas reuniões eram gravadas e tinham participação de todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto.
Celso de Mello refere-se ao seguinte trecho do depoimento de Moro à PF:
QUE perguntado se havia desconfiança em relação ao Diretor VALEIXO, o Declarante respondeu que isso deve ser indagado ao Presidente; QUE o próprio Presidente cobrou em reunião do conselho de ministros, ocorrida em 22 de abril de 2020, quando foi apresentado o PRÓ-BRASIL, a substituição do SR/RJ, do Diretor Geral e de relatórios de inteligência e informação da Polícia Federal;
QUE o presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao MJSP, se não pudesse trocar o Superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça; QUE ressalta que essas reuniões eram gravadas, como regra, e o próprio Presidente, na corrente semana, ameaçou divulgar um vídeo contra o Declarante de uma dessas reuniões; QUE nessas reuniões de conselho de ministros participavam todos os ministros e servidores da assessoria do Planalto (…)
Mais cedo nesta terça, a PGR pediu o depoimento de dez pessoas – entre elas, três ministros e uma deputada. Celso de Mello deu 20 dias para a execução das novas medidas. Serão ouvidos:
os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo); Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Walter Braga Netto (Casa Civil);
a deputada Carla Zambelli (PSL-SP);
os delegados da PF Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira, Maurício Valeixo e Alexandre Ramagem.
Na semana passada, dias após a saída de Sergio Moro do governo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma constatação em uma conversa reservada sobre o agora ex-ministro da Justiça: “É candidatíssimo”.
No diálogo, que foi relatado à Folha, Bolsonaro disse ter certeza de que Moro tem pretensões políticas e que será seu adversário na eleição presidencial de 2022. Para o presidente, antes mesmo de decidir sair do governo, o ex-juiz já planejava uma candidatura presidencial.
Por isso, Bolsonaro tinha receio de indicar Moro para uma das duas vagas no STF (Supremo Tribunal Federal) que serão abertas durante o seu mandato. Apesar de ter sinalizado ao então ministro que seu nome era favorito, Bolsonaro disse a deputados aliados que o ex-juiz poderia usar o cargo como um palanque eleitoral.
Mais de uma vez, o chefe do Executivo afirmou a pessoas próximas que Moro aproveitaria a função de destaque para votar contra os interesses de Bolsonaro, fazendo uma espécie de contraponto público ao seu futuro adversário. Além disso, a hipótese aventada por Bolsonaro era a de que Moro atuasse pela condenação do senador Flavio Bolsonaro (Republicanos-RJ), primogênito do presidente e investigado por participar de um suposto esquema de “rachadinha” no Rio de Janeiro.
E que Moro pudesse avançar sobre o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), identificado em inquérito sigiloso conduzido pelo STF como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news. O presidente já manifestou receio de que Carlos, o filho mais próximo dele, seja alvo de operação policial.
Para evitar as duas hipóteses, dizem auxiliares presidenciais, Bolsonaro não se esforçou em chegar a um acordo para manter Moro no governo. Na noite anterior ao pedido de demissão, o então ministro ainda tentou dialogar com o presidente, para que chegassem a um meio-termo na indicação do próximo diretor-geral da Polícia Federal. Bolsonaro recusou a conversa.
Publicamente, Moro sempre negou ter interesse em disputar cargos eletivos. Ele deixou a pasta da Justiça com uma série de acusações de que o presidente queria interferir em investigações da Polícia Federal, especialmente as que miram os filhos dele.
O modo como ele pediu demissão reforçou a avaliação de Bolsonaro sobre seu ex-aliado e o fez vê-lo como uma das principais ameaças à sua reeleição em 2022. De acordo com deputados bolsonaristas, o presidente avalia que Moro se projetou como uma alternativa no campo da direita pela possibilidade de arregimentar o apoio de parcela do eleitorado do presidente.
Bolsonaro tem afirmado que o cenário mais favorável para ele é ter um oponente principal, no segundo turno, de esquerda ou de centro-esquerda. O cálculo feito por ele é simples: há hoje um eleitor cativo que garante 30% dos votos. O restante necessário para uma vitória viria da rejeição a candidatos de esquerda ou de perfis progressistas ou antiliberais. A aliados Bolsonaro deixou bem clara essa preocupação e foi esse um dos motivos que levaram a um desgaste na relação com Moro.
Embora a saída do ex-juiz tenha se concretizado apenas na última semana, o clima estava ruim desde ao menos agosto do ano passado. Apesar dos desentendimentos, Bolsonaro resistia em indicá-lo ao STF ou mesmo simplesmente demiti-lo. Ao longo dos últimos meses, aliados sugeriram ao presidente que o indicasse para a corte, livrando-se do ex-juiz. Com receio de colocá-lo em um posto de projeção política, Bolsonaro ignorava o conselho.
A ideia do presidente, manifestada por assessores presidenciais, era deixar Moro na Justiça e tentar enfraquecê-lo separando da pasta a Segurança Pública, área considerada importante palanque eleitoral para a próxima disputa presidencial.
Mantendo Moro sob sua guarda, ele conseguiria tutelar o ministro dentro de sua equipe. Fora do governo, Bolsonaro perderia o controle sobre os passos do ex-aliado. Mesmo assim, o clima dentro do governo nunca foi bom, e Bolsonaro relatou nos últimos dias ter se sentido aliviado com a saída de Moro.
O presidente considerava o ex-ministro muito vaidoso e seu estilo introspectivo não o agradava. As pessoas mais próximas a Bolsonaro ganharam sua confiança demonstrando abertura e descontração. Ele definiu o ex-juiz muitas vezes como “chato”. Antes da demissão de Moro, Bolsonaro já havia reclamado do ex-ministro e pedido que ele defendesse o governo, por exemplo, de acusações de má gestão no combate ao coronavírus.
No dia em que anunciou que deixaria o governo, Moro explicou que era contrário à saída de Maurício Valeixo da direção da Polícia Federal e que Bolsonaro queria colocar um nome próximo da família na chefia da corporação. E que, além disso, havia dito que queria relatórios de inteligência da PF e também indicado resistência a investigações contra seus filhos.
O ex-ministro mostrou troca de mensagens que indicam que o presidente queria substituir o comando da Polícia Federal, entre outros motivos, devido ao inquérito das fake news que corre no STF e que teria como alvo deputados bolsonaristas. As acusações levaram à abertura de um inquérito pelo Supremo Tribunal Federal a pedido da Procuradoria-Geral da República.