Atores encerram negociações com estúdios de Hollywood sem êxitos e votam por greve nesta quinta
O Sindicato dos Atores (SAG-AFTRA) anunciou na manhã desta quinta-feira, 13, que as negociações para a renovação do acordo coletivo de trabalho com a Alliance of Motion Picture and Television Producers, que representa os estúdios de Hollywood, terminaram sem sucesso.
“O SAG-AFTRA negociou de boa-fé e estava ansioso para chegar a um acordo, mas as respostas da AMPTP às propostas mais importantes do sindicato foram insultantes”, disse a presidente do sindicato, Fran Drescher, em um comunicado publicado no site oficial do sindicato.
O sindicato, que representa mais de 160 mil atores, incluindo estrelas como Meryl Streep e Jennifer Lawrence, anunciou que, pela manhã, a diretoria nacional do sindicato realizará uma reunião para aprovar formalmente o início de uma greve que poderá paralisar todo o setor de Hollywood.
A última vez que os atores entraram em greve contra os estúdios foi em 1980 devido aos lucros das fitas de videocassete e da TV por assinatura, que duraram três meses.
Atores e roteiristas em greve ao mesmo tempo
Se eles se juntariam aos bloqueios que o Sindicato de Roteiristas (WGA) iniciou em frente aos escritórios dos estúdios em 2 de maio, terá início uma greve simultânea pela primeira vez em 63 anos.
A única vez em que os sindicatos dos atores e roteiristas ficaram sem trabalhar ao mesmo tempo, foi em 1960, e com essa luta eles obtiveram benefícios como acesso a seguro-saúde e pensão. Mas foi a greve de 100 dias liderada pelos roteiristas em 2007-2008 que lançou as bases para o conflito atual, concentrando a maioria das discussões no pagamento pelo conteúdo distribuído pela Internet
Agora, as demandas de ambos compartilham semelhanças em questões como melhores condições de trabalho, pagamento justo de royalties residuais de plataformas de streaming e transparência no processo de cálculo desses valores, bem como regulamentação do uso de inteligência artificial (IA).
“A AMPTP se recusou a reconhecer que as enormes mudanças no setor e na economia tiveram um impacto prejudicial sobre aqueles que trabalham para os estúdios”, disse o presidente.
Os líderes sindicais dos atores e roteiristas mantiveram conversas com a aliança, que negocia em nome dos estúdios e das grandes redes, como Amazon, Apple, Disney e Netflix, desde 7 de junho.
Apenas um dia antes do prazo final, o SAG-AFTRA anunciou que aceitou uma reunião proposta pelos estúdios de Hollywood e plataformas de streaming, juntamente com mediadores federais.
No entanto, eles mostraram a ruptura entre os dois lados ao declarar que entrariam em greve se um acordo não fosse alcançado até as 23h59 de quarta-feira pelo horário de Los Angeles.
O pedido de emergência buscou usar agentes neutros para resolver o impasse, mas o sindicato acusou a AMPTP de “abusar” de sua confiança ao vazar a proposta de incluir mediadores federais para a imprensa antes que eles tivessem conhecimento dela.
Sem os atores, as produções cinematográficas e televisivas que conseguiram se manter apesar da greve dos roteiristas poderiam ser forçadas a desacelerar suas atividades. Os atores também não poderiam promover os próximos filmes e séries ou participar de reuniões com os fãs, e a situação poderia levar a uma onda de cancelamentos de coletivas de imprensa, tapetes vermelhos e até mesmo ao adiamento de cerimônias de premiação, como o Emmy ou a San Diego Comic-On. (Com agências internacionais).
Motivo da greve dos roteiristas de Hollywood
Desta vez, os roteiristas exigem salários mais altos e uma participação maior nos lucros do streaming.
O sindicato WGA, que representa cerca de 11.500 roteiristas, acusou os estúdios de tentar fazer com que os roteiristas sejam contratados independentes, sem segurança no emprego “gig economy”, no termo em inglês.
A AMPTP afirmou que ofereceu uma proposta com pagamentos maiores e que está disposta a melhorá-la. Mas disse que se opôs às demandas do WGA que exigem que uma empresa contrate para um programa um certo número de escritores por um período de tempo, sejam eles necessários ou não.
Os roteiristas se dizem dispostos a abandonar o trabalho porque as mudanças no streaming tornaram difícil para muitos ganhar a vida em cidades caras como Nova York e Los Angeles.
Metade dos roteiristas de séries de TV agora trabalha com salários mínimos, em comparação com um terço em 2013 e 14, de acordo com as estatísticas da WGA. O pagamento médio para escritores no nível mais alto caiu 4% na última década.
A greve atinge os estúdios de Hollywood em um momento difícil. Os conglomerados estão sob pressão de Wall Street para tornar seus serviços de streaming lucrativos depois de injetarem bilhões de dólares em programação para atrair assinantes.
O aumento do streaming levou ao declínio da receita de anúncios de televisão, à medida que o público da TV tradicional encolhe e os anunciantes vão para outro lugar. A ameaça de uma recessão na maior economia do mundo também se aproxima.
Agora RN