Creches e babás são alternativas para não deixar pets sozinhos em casa
Ter um animal de estimação requer diversos cuidados, principalmente quando se tem uma vida agitada. Conciliar trabalho, viagens e cuidados com os animaizinhos pode se tornar um problema diário. Por outro lado, o mercado chega com alternativas para ajudar quem precisa ficar fora de casa por muito tempo, mas não quer deixar o bichinho desacompanhado. As creches, conhecidas como daycare, e babás de pet. Ambos oferecem programações distintas e a chance de manter o bichinho em casa ou promover a interação com outros animais.
Um lugar que decidiu aderir à modalidade e agregar a creche é a Prontoclínica Tico e Teco, na avenida Nascimento de Castro. O lugar funcionava inicialmente como clínica 24h, mas resolveu oferecer o serviço de daycare pela alta procura do público. “O mercado cresceu muito, teve muita procura, a necessidade do cliente”, explica a adestradora e responsável pelo daycare, Elizabeth da Silva, 37. De acordo com ela, houve ainda um crescimento na procura pelo serviço em 2022 com relação ao ano anterior.
De janeiro a novembro deste ano, foram abertos 116 empreendimentos relacionados ao mercado pet em Natal, de acordo com levantamento da Junta Comercial do RN (Jucern). Esses estabelecimentos se diversificam entre clínicas veterinárias, petshops, hotéis, creches e lojas de varejo com produtos para os bichinhos. Em 2021, a quantidade foi ainda maior, com 162 empreendimentos abertos.
Atualmente, a Tico e Teco disponibiliza hotel, creche e clínica que ainda contém espaços para consultas, cirurgias e internação. No hotel, é possível hospedar cães e gatos por tempo indeterminado. Ela conta que já chegou a ter um cachorro hospedado lá por cerca de três meses, enquanto o tutor fazia uma viagem para os Estados Unidos. Já no daycare, apenas cães são recebidos. Isso porque gatos precisam de cuidados e estruturas diferenciadas, além de fugirem com maior facilidade.
A creche oferece uma gama de atividades que fazem com que o animal gaste energia. “Tem alguns obstáculos pra explorar, como brinquedos feitos manualmente, base de fibra, escorrego e túnel”, detalha. Além disso, existe o enriquecimento ambiental, que faz o animal experimentar diversas sensações. “Enriquecimento ambiental que faço diariamente, como gelos com frutas, recipientes vazio onde coloco ração amarro barbante e assim eles ficam mais ocupados e interagem gastando energia”, diz.
Elizabeth explica que o gasto de energia é um dos principais benefícios. “Principalmente gastar as energias para em casa não quebrar tudo ou ficar entediado”, diz. A interação com outros animais também é explorada. “Também a questão da interação e socialização com outros cães e pessoas que muitos pais não conseguem administrar diariamente por causa da correria”, complementa.
Na clínica, o valor de diárias no hotel é R$ 70, já os pacotes de daycare são pagos de acordo com a quantidade de idas que o tutor deseja fazer e variam entre R$ 160 a R$ 500. Não há limite para quantidade de idas e o local cuida do animal durante o dia todo, a partir das 8h até as 18h. No hotel, uma equipe cuida dos animais durante a noite e para frequentar, o animal passa por uma avaliação comportamental e precisa estar com todas as vacinas em dias.
Durante o dia todo, os adestradores mandam fotos e vídeos para que os tutores saibam o que os bichinhos estão fazendo quase que em tempo real. Além disso, se algum dos animais precisar de atendimento, a clínica realiza a consulta, perante autorização do tutor.
Creche recebe animais semanalmente
A estilista Viviane Batista, 36, é tutora de Panda, um Lulu da Pomerânia de um ano e seis meses que usa o serviço de daycare constantemente. “Eu levo ela três dias na semana, sempre intercalo porque senão ela cansa. Teve um dia que eu levei dois dias seguidos e a adestradora disse que ela tinha dormido”, comenta. A tutora conta que o lugar é ideal para fazer o animal praticar diversas brincadeiras e gastar energia, além de deixa-la livre para trabalhar e fazer outras coisas no dia-a-dia.
“Eu a deixo por volta das 8h e pego por volta das 18h e fico livre, porque ela quer muita atenção. No dia que ela não vai, eu brinco no salão de festas [de onde mora], durante uns 15 minutos”, detalha. Viviane comenta, ainda, que Panda começou a obedecer comandos básicos de adestramento depois que começou a frequentar o lugar, além de socializar melhor com desconhecidos e outros animais.
“O que eu noto é que ela não tem medo, se dá com qualquer pessoa que chega lá em casa. Ela se dá até com gatinho”, diz. De acordo com ela, o lugar vale a pena e até recomenda para quem está pensando na alternativa. “É uma coisa que vale muito a pena. Cheio de atividades, eles tem muito cuidado. Isso é uma coisa muito legal”, conclui.
Projeção do mercado
O crescimento de mercado citado anteriormente por Elizabeth foi previsto pelo Instituto Pet Brasil. Em levantamento feito pelo instituto, está previsto para 2022 o crescimento de 13,8% do mercado pet em relação ao ano passado, totalizando R$46,5 bilhões de faturamento total. A estimativa mostra crescimento esperado em quatro principais áreas: saúde alimentar, conforto e bem-estar, serviços móveis e techpet.
O número acompanha a quantidade de animais de estimação no Brasil. Um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), mostra que 69% dos brasileiros têm pets, fazendo o Brasil ocupa o 2º lugar no ranking mundial, com 130 milhões de animais de estimação.
O número passou por aumento especialmente na pandemia. De acordo com a pesquisa Radar Pet 2021, realizada pela Comissão de Animais de Companhia Comac, ligada ao Sindicato da Indústria Veterinária, o número de animais de companhia nos lares brasileiros aumentou cerca de 30% durante a pandemia do novo coronavírus. No Rio Grande do Norte, cerca de 676 domicílios tem gatos ou cachorros como animais de estimação, segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/IBGE) de 2019, último dado disponibilizado.
Babás de cachorro vão até a casa do cliente
O outro nicho que chega como opção para aqueles que preferem deixar o animal de estimação em casa, é de contratar uma babá. A modalidade se chama “petsitter”, onde uma babá cuida especialmente do bichinho de alguém. A psicóloga Ana Laura Moura, 25, resolveu se tornar petsitter. Ela se diz apaixonada por animais desde a infância e sempre gostou de estudar sobre comportamento anima.
Em 2018 começou a divulgar seu trabalho oficialmente. “Pensei: por que não expandir e tornar este conhecimento e habilidade algo rentável? Então comecei a divulgar o meu trabalho como petsitter. Meu companheiro, Aldo, que também é louco por bichos, se juntou à empreitada e formamos o Laura Petsitter”, lembra.
Laura vai até a casa do cliente para garantir maior conforto ao animal. “A ideia é justamente oferecer esses cuidados domiciliares, como babás de pets mesmo. O petsitting vem com a proposta de oferecer um maior conforto para os pets mais reservados, pois se sentem seguros em seu território e não tem que conviver com outros animais ou mudar de ambiente”, explica.
Ela conta que realiza visitas de aproximadamente 1h. Nesse tempo, coloca comida, limpa o banheiro dos animais, dá remédio se necessário e atualiza os donos sobre a situação do seu animal “Tudo o que já existe naturalmente na rotina daquele pet. Os horários também são planejados pensando na rotina dele, para tentar manter o mais próximo possível do normal”, comenta.
Antes é feita uma triagem para conhecer o animal e criar um vínculo a ausência dos tutores. “Assim, eles criam associações positivas com a nossa presença, conhecemos um pouco mais na prática sobre a rotina daqueles pets e também nos ajuda a gerar um vínculo de confiança”, explica. Ela não abre vagas para hospedagem de animais em sua própria casa, exceto em casos especiais.
“Já fiz hospedagem de cães algumas vezes. Também faço, mas não divulgo porque acaba sendo um perfil muito seleto de animais que consigo receber em casa”, explica. A petsitter explica que os animais precisam ter personalidade tranquila, ser sociáveis com cães e gatos, e ter todas as vacinas em dia, além de ser castrados. Também recebe apenas um por vez, para garantir o bem estar dos seus próprios animais e dos hóspedes.
Para ela, é um trabalho especial, que exige cuidado e confiança, tanto do animal, quanto do tutor. “Eu considero que é um trabalho muito especial, trabalhamos diretamente com os amores das pessoas, então tratamos e somos cuidadosos como se fossem os nossos”, diz. Além disso, exige comunicação e conhecer bem o pet. “Quando a gente se comunica bem com eles, dá tudo certo. Por isso que não é “só colocar comida, limpar e brincar”, como muitos pensam”, completa.
Tribuna do Norte