Bolsonaro diz que Forças Armadas participarão de ato pró-Governo ao lado de apoiadores

Jair Bolsonaro lançou candidatura de Tarcísio de Freitas. Foto: Arquivo

O presidente Jair Bolsonaro afirmou neste sábado, 30, que as Forças Armadas vão participar “ao lado” de seus apoiadores dos atos governistas de 7 de setembro em Brasília e, pela primeira vez, no Rio de Janeiro. No domingo passado, ao lançar oficialmente sua candidatura à reeleição, Bolsonaro pediu aos simpatizantes do governo para irem às ruas na data “pela última vez”.

“Queremos inovar no Rio de Janeiro. Às 16 horas do dia 7 de setembro, pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as nossas irmãs Forças Auxiliares estarão desfilando na praia de Copacabana ao lado do nosso povo”, anunciou Bolsonaro em São Paulo, no lançamento da candidatura do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) a governador de São Paulo. “Vamos mostrar que nosso povo, mais do que querer, tem o direito e exige paz, democracia, transparência e liberdade”, disse.


Os atos bolsonaristas de 7 de setembro de 2021 foram um dos pontos mais altos de enfrentamento entre Bolsonaro e as instituições brasileiras. Na Avenida Paulista, Bolsonaro declarou à época que não mais cumpriria decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ameaça ganhou reação do mundo político, que viu chance de crime de responsabilidade passível de impeachment. 


Antes da menção aos atos do 7 de Setembro, Bolsonaro , aconselhado por marqueteiros, fez um discurso caro ao eleitorado paulista para lançar Tarcísio de Freitas, com destaque a entregas do ex-ministro, como a construção de rodovias e ferrovias. “Ele ressuscitou o modal ferroviário no Brasil. … Precisamos de aliados pelo Brasil que levem adiante política que começamos a implementar em Brasília. Política de resultados”, declarou o presidente. “Tarcísio deu prova de sua competência na alocação de recursos”, acrescentou o presidemte.

Tribuna do Norte



ProUni 2022: inscrições para segunda edição começam na segunda

Programa priorizará bolsas para estudantes de escolas públicas. Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Estudantes que almejam bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior poderão, a partir de segunda (1º), fazer inscrição na 2ª edição de 2022 do Programa Universidade para Todos (ProUni).

As inscrições vão até o dia 4 de agosto e podem ser efetuadas pelo site do ProUni. As bolsas oferecidas pelo programa são parciais (50%) ou integrais (100%). Dentre os requisitos, o estudante deve ter atingido média de 450 pontos em cada matéria do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ter tido nota superior a zero na prova de redação. Inscritos como treineiros no exame não poderão concorrer a bolsas do ProUni.

Os resultados serão divulgados em duas chamadas: a primeira será realizada em 8 de agosto; a segunda, em 22 de agosto. Os resultados estarão disponíveis online.

Novidades

Esta edição do ProUni trará algumas inovações. Dentre elas, inscrições que serão categorizadas como ampla concorrência ou ações afirmativas. A ordem de prioridade na chamada varia de acordo com a categoria da inscrição.

Outra mudança é a priorização de inscritos que cumpram os seguintes critérios (em ordem decrescente de relevância para a classificação):» Sejam professores da rede pública de ensino (exclusivamente para os cursos de licenciatura e pedagogia destinados à formação do magistério da educação básica, se for o caso e se houver inscritos nessa situação);» Estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente em escola da rede pública;» Estudantes que tenham cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada (com bolsa integral);» Estudantes que tenham cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada (com bolsa parcial ou sem bolsa);» Estudantes que tenham cursado o ensino médio integralmente em instituição privada (com bolsa integral);» Estudantes que tenham cursado o ensino médio completo em instituição privada (com bolsa parcial ou sem bolsa de estudos).

Renda

Para participar do processo o candidato deve preencher certos critérios, como as exigências de faixas de renda per capita. Veja na tabela:Bolsa integral (100%)Até 1,5 salário mínimoBolsa parcial (50%)Até 3 salários mínimos

Segundo o Ministério da Educação, a classificação dos estudantes inscritos nos processos seletivos do ProUni considerará as notas obtidas nas duas últimas edições do Enem, imediatamente anteriores ao processo seletivo do ProUni para ingresso em curso de graduação ou sequencial de formação específica.

Agência Brasil



Seridó: Procissão marcará encerramento da Festa de Sant’Ana de Caicó

Foto: divulgação/ Internet

A Festa de Santana será encerrada neste domingo (31), com a tradicional procissão, a partir das 17h. A imagem de Sant’Ana e São Joaquim deixam o altar da Catedral onde são solenemente ornadas e conduzida em andor pelas ruas do município.

A procissão sairá da Catedral e seguirá pela Avenida Seridó, rua Pedro Velho, Celso Dantas, Avenida Coronel Martiniano, até o seu regresso à matriz de Santana, onde será realizada o rito de descida da bandeira, seguido de missa.

A Festa de Sant’Ana é o maior evento religioso do Seridó. Um evento que é registrado como patrimônio imaterial do Brasil e que reúne fiéis de várias partes do Brasil.

A expectativa de público para este ano na procissão é de mais de 80 mil fiéis, número alcançado em outras edições da procissão.

Após o encerramento haverá shows com os artistas locais no Pavilhão de Sant’Ana. Destaque para o Serestão do Padre Gleiber, Bené e Fátima Morais.



Economia: preço das refeições em restaurantes sobe 48,3% nos últimos 10 anos

Foto: iStock

Apesar do aumento do preço das refeições e do movimento nos bares e restaurantes do País, a situação das empresas do setor ainda não está confortável. Uma análise realizada pela Ticket, empresa de cartões de benefícios, mostra que o preço médio atual da refeição completa é de R$ 40,64. O valor representa um aumento de 48,3% nos últimos dez anos, uma vez que comer fora custava cerca de R$27,40 em 2013. No entanto, se reajustada de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a mesma refeição custaria hoje, em média, R$ 47,62. As contas sobre o repasse da inflação são diferentes a depender das bases de cálculo, mas o fato é que a renda menor do consumidor não permite que os preços subam na mesma velocidade dos custos.

Nas contas da Associação Brasileira de Restaurantes (Abrasel), o setor fez, nos últimos 12 meses, reajustes de cerca de 6%, contra uma inflação média de quase 12%. Já em levantamento do Instituto Foodservice Brasil (IFB), a inflação dos associados da instituição, no acumulado de 12 meses, estava em 9% em maio de 2022. Na pesquisa do IFB, que reúne grandes redes de bares e restaurantes, no período de um ano, o ticket médio teve aumento de 5,3%, chegando ao valor de R$ 34,80.


Para o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, apesar da retomada e crescimento do faturamento do setor, o desarranjo das contas dos estabelecimentos se dá pela redução de renda da população. “O faturamento voltou com força. Para se ter uma ideia, estamos com alta real de 8% em relação a 2019. Esse número cresce pelo fim das restrições da pandemia, pela alta no consumo das pessoas de alta renda e também pelo auxílio emergencial, que beneficia o público de restaurantes pequenos. No entanto, ainda que haja mais gente consumindo, as pessoas estão com o bolso mais apertado, já que a renda da população caiu cerca de 8%”, explica Solmucci.


Ou seja, o faturamento cresce acima da inflação em função do volume de vendas, mas o preço cobrado por cada uma das refeições não repassa integralmente a alta de custos do período. De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) realizada com 1.689 empresários de todo o país entre 21 e 28 de junho, apenas 35% dos bares e restaurantes relatam ter tido lucro em maio, contra 29% que tiveram prejuízo e outros 36% ficaram em equilíbrio. Os empresários ouvidos pela associação mencionaram a alta nos preços dos insumos, ocasionada pela inflação, como uma das causas dos resultados negativos no período.


Além da alta do preço dos alimentos, pesa nas contas dos restaurantes a alta dos combustíveis e a energia elétrica. Assim, nos próximos meses, Solmucci estima uma melhora para o segmento, já que deve haver melhora de renda com o aumento do Auxílio Brasil, além de impactos positivos da redução de ICMS sobre a conta de energia e recentes reduções no preço dos combustíveis. Além disso, vem pela frente a Copa do Mundo, que costuma ser um estímulo ao consumo em bares.


Além disso, Solmucci pontua que os restaurantes localizados em áreas comerciais que ainda não tiveram uma retomada dos escritórios segue com o faturamento abaixo do esperado.

Tribuna do Norte



Fátima assina carta em defesa da democracia

Foto: divulgação/Internet

A governadora Fátima Bezerra assinou nesta sexta-feira, 29, a carta em defesa da democracia, documento lançado na última terça-feira (26) por juristas e pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo).

O documento ultrapassou hoje a marca de 542 mil assinaturas. Segundo o site que está fazendo a contagem, o total de apoios por volta das 13h (sábado, 30) era de 542.096.



Polícia Civil prende suspeito de estupr0 de vulnerável ocorrido em shopping de Natal

Foto: divulgação/ Internet

A Polícia Civil do Rio Grande do Norte (PCRN), por meio da Delegacia Especializada na Proteção da Criança e do Adolescente de Natal (DPCA), com apoio da Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher (DEAM) da zona sul, prendeu, na noite desta sexta-feira (29), Luiz Augusto Cavalcante Vale, 42 anos, suspeito de ter praticado o crime de estupro de vulnerável num shopping da zona sul da capital.

A ação criminosa aconteceu em um sábado, dia 09 deste mês, por volta das 18h30min, consistindo no ato do suspeito obrigar um menino de 10 anos a praticar atos sexuais com ele no interior de um banheiro do shopping.

Em menos de 24 horas após a divulgação das imagens do suspeito pela imprensa, a Polícia Civil identificou e representou pela prisão preventiva de Luiz Augusto, que foi deferida pelo juízo plantonista.

De posse do mandado judicial, os policiais civis localizaram o suspeito adentrando um estabelecimento bancário, no bairro de Lagoa Nova, momento em que lhe foi dada voz de prisão.

O suspeito foi conduzido à delegacia especializada e, em seguida, encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça.

A Polícia Civil orienta as pessoas que foram vítimas do suspeito e o reconhecerem, a comparecerem na DPCA, para as providências cabíveis, bem como solicita que a população continue enviando informações, de forma anônima, por meio do Disque Denúncia 181.



Currais Novos vacina contra gripe e covid neste sábado

A equipe de imunização vai estar vacinando contra Influenza e covid-19

🔸️A vacina contra a Influenza está disponível para todos os públicos, a partir dos 6 meses de idade.

🔸️Vacinacao de covid para o público contemplado:
💉 18 anos ou mais – 4ª dose;
💉 Adolescentes – 3ªdose;
💉 Crianças a partir de 3 anos;
💉 Pessoas com dose em atraso.

Lembrar de levar os documentos.



Inverno 2022: entenda por que o RN registra noites mais frias; fim de semana tem previsão de 18ºC

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Durante o inverno de 2022, que ainda se estende até o mês de setembro, o potiguar tem sentido as temperaturas mais amenas. Os índice mais baixos são registrados tanto em Natal quanto em municípios do interior do Rio Grande do Norte.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), a capital, localizada no Leste Potiguar, vem registrando temperaturas mínimas que variam entre 19ºC e 21ºC. Já no interior, a mínima fica a partir de 16ºC, como já registrado em Martins, no Alto Oeste Potiguar.

““Esse cenário decorre do aumento da intensidade e circulação dos ventos associados à ocorrência de noites mais claras, dias mais nublados, provocando a sensação térmica mais amena”, explicou o chefe da unidade instrumental de Meteorologia da Emparn, Gilmar Bristot.  

Bristot explica que as temperaturas nesta época do ano – período de inverno no hemisfério sul e de ocorrência de mais chuvas no litoral nordestino – estão normais e espera que assim permaneçam nos anos seguintes. 

“Entre os anos de 2012 e 2017, o potiguar viveu um período preocupante com a temperatura mínima alcançando a marca dos 25ºC no RN. Mantida essa retomada da temperatura atual, haverá mais conforto térmico para a população”, comentou.

Para o fim de semana, a previsão da Emparn aponta que a mínima pode chegar a 18ºC no município de Venha-Ver, no Oeste Potiguar, na madrugada deste sábado (30), sendo a menor temperatura prevista para o final de semana. Em Natal, a mínima deve ficar em 23ºC.

Portal da Tropical



Mistério: Secretaria de Saúde de Santa Cruz abre investigação sobre duas mortes no hospital municipal

As duas vítimas morreram nessa quinta-feira no Hospital Aluizio Bezerra. Foto: José Leonilson

A Secretaria de Saúde de Santa Cruz, no Agreste Potiguar, abriu um processo administrativo para investigar a morte de dois pacientes no Hospital Municipal Aluízio Bezerra. Serão ouvidos os trabalhadores da unidade hospitalar e analisados os exames de autópsias dos dois, que morreram nessa quinta-feira (28). As vítimas eram um idoso de 86 anos e uma mulher de 27 anos. Familiares apontaram descaso.

Não foi definido um prazo para conclusão do processo administrativo, já que o resultado depende da emissão dos laudos de autópsia das vítimas. A estimativa é que os documentos sejam disponibilizados em 30 dias.


As vítimas eram Hanna Letícia da Silva Venâncio, de 27 anos, e Manoel Ferreira da Silva, de 86 anos. De acordo com relatos de João Pereira, sogro da mulher, ela sentiu dores no estômago, foi levada à unidade hospitalar, mas demorou muito tempo a ser atendida. Em vídeos que circulam nas redes sociais, a família do idoso, por sua vez, afirma que o hospital interrompeu a estabilização do paciente para socorrer a jovem, que precisou de oxigênio.


A Direção Clínica do Hospital Municipal Aluízio Bezerra afirmou que a unidade “dispunha de dois médicos plantonistas habilitados junto ao CRM/RN, e em nenhum momento houve desassistência ou omissão de socorro, conforme o registrado no prontuário médico dos pacientes”.

Tribuna do Norte



Varíola dos macacos: entenda a transmissão, os sintomas e a vacina

Brasil tem 978 casos da doença. Foto: Nikos Pekiaridis

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, há seis dias, a varíola dos macacos como emergência de saúde pública de interesse internacional. Conhecida internacionalmente como monkeypox, a doença, endêmica em regiões da África, já atingiu neste ano 20.637 pessoas em 77 países.

No Brasil, são 978 casos, sendo 744 apenas em São Paulo. Considerando a importância da informação para combater o avanço do surto, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou, nesta quinta-feira (28), um encontro onde especialistas apresentaram o que já se sabe sobre a doença e também responderam dúvidas de participantes presenciais e online.

“Esse vírus nós conhecemos e sabemos como lidar com ele. Temos todos os elementos para fazer sua erradicação”, disse o médico Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ e consultor do Ministério da Saúde.

Segundo ele, como já existem muitos estudos sobre a monkeypox, é uma situação diferente da covid-19, que surgiu como uma doença nova. No entanto, o pesquisador alerta que o sucesso no combate ao surto dependerá do compromisso do poder público.

monkeypox é causada por um poxvírus do subgrupo orthopoxvírus, assim como ocorre por outras doenças como a cowpox e a varíola humana, erradicada em 1980 com o auxílio da vacinação. O quadro endêmico no continente africano se deve a duas cepas distintas.

Uma delas, considerada mais perigosa por ter uma taxa de letalidade de até 10%, está presente na região da Bacia do Congo. A outra, com uma taxa de letalidade de 1% a 3%, encontra-se na África Ocidental e é a que deu origem ao surto atual.

No entanto, segundo o médico, o vírus em circulação sofreu um rearranjo gênico que contribuiu para sua capacidade de transmissão pelo mundo. “Ele teve uma evolução disruptiva, sofreu uma mutação drástica”, afirmou. O pesquisador afirmou que casos graves não são recorrentes. A preocupação maior abrange os grupos de risco que incluem imunossuprimidos, crianças acima de 13 kg e gestantes.

“A taxa de letalidade tem relação com o sistema de saúde local. No surto atual, até o momento, não tivemos óbitos fora das áreas endêmicas. Isso mostra que o vírus da monkeypox é de baixa letalidade”, salientou a virologista Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da UFRJ e assessora da OMS.

Transmissão e sintomas

A varíola dos macacos foi descrita pela primeira vez em humanos em 1958. Na época, também se observava o acometimento de macacos, que morriam. Vem daí o nome da doença. No entanto, no ciclo de transmissão, eles são vítimas como os humanos. Na natureza, roedores silvestres representam o reservatório animal do vírus.

“Não há reservatórios descritos em locais fora da África. Uma das maiores preocupações no surto atual é impedir o vírus de encontrar um reservatório em outros países. Se isso acontece, é muito mais difícil a contenção”, explicou Clarissa.

Sem um reservatório animal, a transmissão no mundo vem ocorrendo de pessoa para pessoa. A infecção surge a partir das feridas, fluidos corporais e gotículas do doente. Isso pode ocorrer mediante contato próximo e prolongado sem proteção respiratória, contato com objetos contaminados ou contato com a pele, inclusive sexual.

O tempo de incubação do vírus varia de cinco a 21 dias. O sintoma mais característico é a formação de erupções e nódulos dolorosos na pele. Também podem ocorrer febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares e fraqueza.

“As lesões são profundas, bem definidas na borda e há uma progressão: começa como uma mancha vermelha que chamamos de mácula, se eleva tornando-se uma pápula, vira uma bolha ou vesícula e, por fim, se rompe configurando um crosta”, explicou o infectologista Rafael Galliez, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ.

Pelo protocolo da OMS, devem ser considerados suspeitos os casos em que o paciente tiver ao menos uma lesão na pele em qualquer parte de corpo e se enquadrar em um desses requisitos nos últimos 21 dias: histórico de viagem a país com casos confirmados, contato com viajantes que estiveram nesses país ou contato íntimo com desconhecidos.

Diagnóstico e tratamento

O Laboratório Molecular de Virologia da UFRJ se firmou como um dos polos nacionais para diagnóstico da doença. O primeiro caso no estado do Rio de Janeiro foi detectado em 14 de junho, cinco dias depois da primeira ocorrência no país ser confirmada em São Paulo. De lá pra cá, já são 117 resultados positivos no estado do Rio. Outros estados também têm enviado  amostras para análise na UFRJ.

Essas análises são realizadas em fluidos coletados diretamente das lesões na pele, usando um swab [cotonete estéril] seco. Existe a expectativa de que a população tenha, em breve, acesso a testes rápidos de detecção de antígenos, similar aos que foram feitos para a covid-19.

Mesmo nos quadros mais característicos, o exame é importante para confirmar análise clínica. Um desafio para a detecção da doença é a semelhança de suas lesões com as provocadas pela varicela, doença popularmente conhecida como catapora e causada por um vírus de outro grupo. A mudança de perfil dos sintomas também tem levantado um alerta de especialistas. Na varíola dos macacos, as erupções costumavam surgir mais ou menos juntas e evoluíam no mesmo ritmo.

“Começamos a ver casos com lesões únicas, às vezes na região genital ou anal, às vezes no lábio, às vezes na mão. E também vemos lesões que aparecem em momentos diferentes, de forma mais parecida com a catapora. Esse padrão é diferente do que se estudava sobre monkeypox“, disse o infectologista Rafael.

Uma vez detectada a doença, o tratamento se baseia em suporte clínico e medicação para alívio da dor e da febre. Um antiviral chamado tecovirimat, que bloqueia a disseminação do vírus, já é usado em alguns países, mas ainda não está disponível no Brasil.

Segundo o médico, 10% dos pacientes têm sido internados para o controle da dor, geralmente quando há lesões no ânus, nas partes genitais ou nas mucosas orais, dificultando a deglutição.

Prevenção e vacinas

A vigilância para a rápida identificação de novos casos e o isolamento dos infectados são fundamentais para se evitar a disseminação da doença. Pode ser necessário o período de até 40 dias para a retomada das atividades sociais. Mesmo que o paciente se sinta melhor, deve se manter em isolamento enquanto ainda tiver erupções na pele. “Na catapora, a lesão com crosta já não transmite o vírus. Na varíola dos macacos, essa lesão transmite”, acentuou Rafael.

O infectologista alertou para a importância de se evitar contato com as pessoas que integram os grupos de risco. Segundo ele, embora existam poucos estudos de casos envolvendo gestantes, os resultados não são bons. “Há uma letalidade pediátrica alta. Existe o que a gente chama de transmissão vertical, isto é, o acometimento do feto com danos graves: perda das estruturas da placenta e abortos espontâneos. Com o pouco que se sabe, é considerada uma doença obstétrica grave. Suspeitos de estarem contaminados devem ser orientados a evitar contato com qualquer pessoa que possa estar grávida”, alertou.

Os especialistas da UFRJ também observaram que o uso de preservativo não previne a infecção, já que o intenso contato e a troca de fluidos corporais durante o ato sexual oferece diversas oportunidades para a transmissão do vírus. Por outro lado, há indícios de que as pessoas vacinadas contra a varíola humana tenham proteção contra a monkeypox.

Também sabe-se que sistema imunológico desenvolve proteção cruzada contra os diferentes orthopoxvírus. Isso significa que quem já foi contaminado com a varíola humana ou com a vaccinia, por exemplo, e possivelmente possui imunidade para a varíola dos macacos. Foi com base nesse conhecimento que se criou a vacina antivariólica. Embora voltado para combater a varíola que acometia exclusivamente humanos e possuía uma alta taxa de letalidade entre 30% e 40%, o imunizante foi desenvolvido a partir do vírus da vaccinia, doença que costuma infectar o gado leiteiro e os ordenhadores.

Com a erradicação da varíola, a vacinação foi suspensa em todo o mundo por volta de 1980. No Brasil, campanhas mais robustas ocorreram até 1975, mas até 1979 o imunizante era aplicado nos postos de saúde. Os indícios apontam que quem nasceu antes dessa data e foi vacinado está protegido contra a monkeypox. A média de idade dos contaminados está abaixo dos 38 anos.

Embora já existam vacinas para ajudar no combate ao surto da varíola dos macacos, não há previsão quanto a uma campanha para imunização em massa.

A OMS orienta que se garanta a proteção de profissionais de saúde e pesquisadores laboratoriais. Para os demais grupos populacionais, a imunização deve ser após a exposição. Segundo a virologista Clarissa, trata-se de usar a estratégia de vacinação em anel: são vacinadas pessoas que vivem e que tiveram contato com um paciente positivo na tentativa de bloquear a disseminação do vírus. “Essa vacina funciona muito bem até quatro dias pós-infecção”, observou.

Clarissa acrescenta que não há, neste momento, vacina para todos e a produção mundial vai levar tempo. “Os fabricantes não tinham previsão de produção para uma doença que afetasse o mundo todo. A produção era exclusivamente para estoque estratégico de países que têm programas de biodefesa. O Brasil, como várias outras nações, não tem isso”, explicou. Segundo Rafael, estudos já mostraram a eficácia da estratégia de vacinação em anel em determinados cenários de surto.

Perfil dos infectados

Homens com menos de 40 anos representam a grande maioria dos infectados. Estudos no Reino Unido constataram que muitas vítimas se declaram homossexuais ou bissexuais. Os especialistas, no entanto, alertam que a varíola dos macacos pode acometer qualquer pessoa e não apenas aquelas do sexo masculino com vida sexual ativa. Mulheres e adolescentes já foram diagnosticados com a doença pelo Laboratório Molecular de Virologia da UFRJ.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aconselhou esta semana que homens que fazem sexo com homens reduzam, neste momento, o número de parceiros sexuais. Ao mesmo tempo, alertou que “estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto”.

Segundo o médico Amilcar Tanuri, a desinformação pode deixar a sociedade despreparada para lidar com o surto. “Isso nos remonta à história da AIDS e do HIV. No começo, ficou um estigma que só atrapalhou a prevenção da doença. Isso ocorre porque quando o vírus entra por um grupo inicial leva um tempo até se disseminar para outros grupos. Com o HIV começou assim. Depois se percebeu que os hemofílicos estavam com HIV, que as crianças nasciam com HIV. Não existe nenhuma evidência biológica de que o vírus da varíola dos macacos seja específico para um sexo. Aliás, não sei que vírus tem essa especificidade”, disse.

Agência Brasil