Pesquisa mostra que paternidade é desafio para homens negros

É o primeiro estudo feito no país sobre paternidade negra. Foto: Kingofkings_LJ/ Pixabay

Estudo do Instituto Promundo revela que seis em cada dez pais negros (65%) já sofreram discriminação quanto aos cuidados que têm com os filhos. A entidade destaca que se trata da primeira pesquisa do país a abordar aspectos da paternidade negra.

O levantamento foi feito a partir de um formulário divulgado pelo instituto nas mídias sociais, como whatsApp, instagram e facebook. Ao todo, houve 270 entrevistados, que deram diferentes respostas às questões apresentadas.

De um universo de 180 participantes, 21,1% deles afirmaram que sim, já se sentiram discriminados, 26,1% que isso ocorre “na maioria das vezes” e 18,3% que acontece “somente às vezes”. Das 180 registradas, 34,4%, portanto, declararam não vivenciar algo nesse sentido.

Conforme os autores da pesquisa, quando o assunto é paternidade negra, deve-se ficar atento ao fato de que as noções sobre a masculinidade tiveram sempre como base a branquitude. O mesmo se aplica às ideias que a sociedade tem sobre o que significa a responsabilidade por filhos.

“O homem preto brasileiro, com todas as precariedades que lhes foram impostas, só teve a possibilidade de começar a exercer a paternidade após a abolição da escravatura, em 1888. Logo, ele está há menos de dois séculos exercendo paternidades nessas terras. Um século e meio, quando se trata de desenvolvimento humano, é quase nada. Toda memória de paternidade do homem preto anterior ao século XIX é memória afetiva da África”, observam os pesquisadores do Promundo.

“O povo negro teve, ao longo da história, a cultura do afeto e do cuidado coletivo. Esse movimento comunitário pode apoiar o homem preto no exercício da paternidade. Faz-se importante dizer que o movimento coletivo não retira a responsabilidade individual”, acrescentam os autores.

Com os ataques à população negra, vestígios da escravização que ecoam ainda hoje, muitos pais sentem a necessidade de conversar com os filhos sobre o estado de vulnerabilidade que os atinge e o que têm como alternativas, na forma de resistência. Oito (78,3%) de cada dez dos entrevistados do estudo acreditam que pais negros e pais brancos educam de modo distinto. Além disso, 67,3% deles dialogam com suas crianças sobre os impactos que o racismo tem na sociedade, sendo que uma parcela de 36,7% mantém o tema em pauta com frequência. Quase a totalidade de participantes (90%) entende que há uma exigência maior para apresentarem repertório na educação de seus filhos, pelo fato de serem pais de crianças negras.

Para os pesquisadores, a paternidade, para os homens negros, é um desafio que deve superar pontos estruturais, que se enraizaram historicamente. Eles argumentam que viver a fase da juventude é uma possibilidade subtraída do homem negro, que convive, durante toda a sua vida, com marcas do colonialismo, do racismo, da divisão sexual de trabalho e da desigualdade social.

 “O machismo retira do homem o lugar do cuidado, submetendo-o, erroneamente, como condição natural da mulher. Do homem preto ele retira duplamente, uma vez que o racismo atribui ao homem preto a característica de “naturalmente violento”. Romper com o machismo para cuidar e com o racismo para ser pai é uma luta constante do homem preto que deseja paternar por aqui. Parece que o racismo unido ao machismo é uma fórmula quase indestrutível de impedimento para o homem preto exercer paternidade”, afirmam. 

Agência Brasil



Energia elétrica: apagão nacional afetou cerca de 800 mil contratos no Rio Grande do Norte

A Neoenergia Cosern divulgou nova nota sobre o apagão que atingiu 19 estados e o Distrito Federal nesta terça-feira (15). De acordo com a companhia, cerca de 800 mil clientes foram afetados em 123 cidades potiguares.

As causas da ocorrência ainda não foram informadas pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). De acordo com a Neoenergia, a ocorrência teve início às 8h31 e o serviço começou a ser restabelecido às 9h50, sendo completamente finalizado às 11h28.



Currais Novos conclui pavimentação das ruas Boa Vista e São Pedro no Bairro Santa Maria Gorete

A Prefeitura de Currais Novos por meio da Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos finalizou a pavimentação de duas ruas no bairro Santa Maria Gorete: Boa Vista e São Pedro.

Na manhã desta terça-feira (15) o Prefeito Odon Jr acompanhador do vereador e Presidente da Câmara Municipal, Cleyber Trajano, e do Secretário da SEMOSU, Lucas Galvão, estiveram nas ruas e conversaram com alguns moradores, que agradeceram pela obra aguardada há décadas. “Estamos entregando mais duas ruas pavimentadas que era um sonho antigo dos moradores das ruas Boa Vista e São Pedro, uma ação importante da Prefeitura que traz melhores condições de tráfego de veículos e para os que passam por aqui”, comentou o Prefeito.

No total, a Prefeitura investiu com recursos próprios pouco mais de R$ 60 mil na realização destas obras. A pavimentação destas ruas são indicações de emenda impositiva da Câmara Municipal através dos vereadores Daniel Bezerra, G. Charles e Ezequiel Pereira.



Nordestino tem maior nível de satisfação no trabalho, diz estudo

A resiliência do povo do Nordeste é combustível de felicidade. Foto: Unsplash

Um levantamento da Instituto Brasileiro de Economia da FGV mostrou que o nordestino tem maior nível de satisfação no emprego. Em um estudo inédito com recorte regional, a FGV/IBRE identificou que 77,5% dos nordestinos estão satisfeitos com seu atual trabalho, enquanto nacionalmente essa fatia é de 72,2%. No Sudeste, onde o mercado é mais dinâmico, os satisfeitos são apenas 66,2%.

Mesmo que o Nordeste esteja inserido em um mercado com mais informalidade e salários abaixo da média nacional, o trabalhador da região valoriza o que tem. De acordo com o economista da FGV/Ibre, Rodolpho Tobler, “isso sugere que só ter uma ocupação já traz satisfação”, afirma.

Apesar do mercado adverso, o Nordeste registrou a maior nota no quesito bem-estar geral, com avaliação de seus próprios trabalhadores. Numa escala de zero a 10, a região teve 7,6 de pontuação, contra 7,2 no Brasil e 7,1 no Sudeste.

Entre os insatisfeitos, 37,7% dos nordestinos apontam a alta carga de trabalho como principal causa. No Brasil, 21% apontaram este como motivo da infelicidade no emprego. O levantamento foi realizado no final do ano passado, com 2 mil pessoas, com idade acima de 14 anos.

A informalidade também é outro ponto de preocupação dos nordestinos. Mais da metade dos trabalhadores do Nordeste (52,2%) está nesta condição, enquanto no Brasil essa fatia é de 39,4% e, no Sul, de 30%. Esse dado ajuda a explicar o fato de que o rendimento médio do trabalhador na região é 33% inferior à média nacional das ocupações.

Caso possível [segundo pesquisa], o 76,7% dos trabalhadores do Nordeste que trabalham por conta própria gostariam de conseguir um emprego com carteira assinada [segundo pesquisa], um patamar acima da média nacional [segundo pesquisa]de 69,6% que têm esse desejo.

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Alvo de preconceitos, funk muda vidas e movimenta economia; veja

Alvo de preconceitos, funk muda vidas e movimenta economia. Foto: AJ Gwynn/ Pixieset

Nascido na favela, marginal, alvo de preconceitos, associado ao erotismo, à violência e à criminalidade, criticado, perseguido e no topo das paradas da música pop internacional. Esse é o funk, gênero musical que, na última semana, teve uma série exibida pela TV Brasil – Funk: das favelas do Brasil para o mundo. Os episódios estão disponíveis na íntegra no Youtube

“O preconceito que o gênero sofre hoje é o que a capoeira e o samba já sofreram”, diz o pesquisador e professor de música Thiagson. Apesar disso, está entre os ritmos brasileiros mais tocados no exterior, de acordo com a plataforma Spotify, e ganha cada vez mais ouvintes.  “A gente tem Anitta, Ludmila, MC Carol, que são funkeiras desde muito tempo, mas ainda falta”, diz a MC Natitude.  

Neste ano, o álbum Funk Brasil Vol. 1, do DJ Marlboro, lançado em 1989, completa 34 anos. O disco é considerado o marco zero do funk brasileiro. O disco nasceu de um encontro. Certo dia, no ano de 1986, o antropólogo Hermano Vianna presenteou o DJ Marlboro com uma pequena bateria eletrônica Boss DR-110, tirada do estúdio do seu irmão Herbert Vianna, do Paralamas do Sucesso. 

“O Hermano Vianna me procura na rádio, ele ouvia meu programa e estava fazendo a tese de mestrado, ele queria que eu o levasse aos bailes. Um belo dia me dá a bateria eletrônica.  Cara, acendeu a primeira eureca”, diz Malboro. O disco, que tinha letras exclusivas em português, sofreu resistência das gravadoras e do próprio movimento funk, até então mais voltado para a música internacional. Mas o disco foi um sucesso, com milhares de cópias vendidas.  

Desde a década de 80, Malboro prevê que o funk vai se espalhar. “O futuro do funk, eu já previa. Sabia que ia cada vez mais se popularizar e se transformar em música pop dançante com batida de funk. Continuar sendo voz dos excluídos”, diz. O movimento se espalha, então, do Rio de Janeiro para São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santos, Pernambuco e outras capitais.  

“Quanto mais artistas tinha na favela, menos violenta ela era. Vão surgindo outras pessoas como exemplo de vida de ascensão, de cidadania, de vida melhor”, acrescenta Malboro.  

Economia e impacto social 

Com milhões de ouvintes e de visualizações em clipes, o funk movimenta a economia. São vários os projetos, as gravadoras e as produtoras voltadas para o gênero musical. Entre os projetos citados nas reportagens da TV Brasil estão o Rede Funk Social, em São Gonçalo (RJ), o Projeto Estudeofunk, no Rio de Janeiro, Enxame de MC, em Recife, Pernambuco e KondZilla, que é o maior canal de música da América Latina.  

“A KondZilla nasce nesse lugar de repensar como o funk é visto e é reproduzido. É posicionar nossos artistas, nosso movimento, as pessoas que constroem esse movimento do funk num lugar de artistas que têm que ser legitimados e reconhecidos pela arte que fazem”, diz a gerente de artistas e repertório da KondZilla, Rachel Daniel.  

O funk mudou vidas, como a da bailarina e educadora Lilian Martins, criada em Pedreira, zona sul da cidade de São Paulo. “Eu sempre fui para o baile funk, desde pequenininha, sempre assisti. Depois, com meus 15, 16 anos comecei a frequentar os bailes. Mas, eu ia de bicicletinha, ficava escondida atrás do carro e sempre via o baile como um grande espetáculo”, conta.  

Ela faz parte da Clarín Cia de Dança, que levou o passinho ao palco do Theatro Municipal de São Paulo, com adaptação do espetáculo Ou 9 ou 80. O 9 faz referência ao Massacre de Paraisópolis, na zona sul da cidade de São Paulo, quando nove jovens foram mortos em ação policial no baile funk DZ7 em Paraisópolis. Já o 80 faz referência ao assassinato do músico Evaldo dos Santos Rosa, 51 anos, em decorrência de uma operação do Exército, em Guadalupe, zona oeste do Rio de Janeiro. O carro de Evaldo foi atingido por mais de 80 tiros de fuzil, disparados pelos militares. 

“As pessoas da comunidade não acreditam na própria potência. A gente cresceu ouvindo que o funk tinha criminalidade, inúmeras coisas que acontecem, mas nunca como expressão cultural. Eu sou a prova viva de que o funk mudou minha vida”, diz Martins.  

A série é dividida em cinco episódios. O primeiro aborda o surgimento do ritmo; o segundo, o funk como expressão de identidade; o terceiro, as polêmicas e preconceitos; o quarto, a cadeia produtiva e a economia; e, o último, o futuro do funk e o impacto social.

Agência Brasil



Polícia Civil encontra quatro mil litros de óleo diesel roubado de distribuidora em Mossoró

Policiais civis da Delegacia Especializada em Furtos e Roubos de Mossoró (DEFUR/Mossoró), com o apoio de equipe da 59ª Delegacia de Polícia Civil (DP de Macau), localizaram em uma fazenda no município de Ipanguaçu, neste sábado (12), quatro mil litros de óleo diesel S-10, os quais foram roubados de uma distribuidora de combustíveis, em Mossoró, na terça-feira (08). 

Segundo as investigações, parte da carga de combustível roubada seria transportada para outro local de armazenamento e distribuição. Tanto o proprietário da fazenda, um empresário do município de Itajá, como o responsável por cuidar do local foram conduzidos à delegacia para prestarem esclarecimentos. 

Alguns dos suspeitos pela prática do roubo e pelo crime de receptação foram identificados pela polícia. As investigações prosseguirão sob a responsabilidade da equipe da 59ª Delegacia de Polícia Civil (DP de Macau).

Agência Brasil



Terceirizados da UFRN paralisam atividades reinvindicando melhorias da categoria

Os trabalhadores terceirizados da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) paralisaram as atividades, nesta segunda-feira (14), após não entrarem em acordo com a empresa. Os funcionários reinvidicam um salário retroativo do mês de novembro, desconto que foi dado no dia em que foram ao Ministério do Trabalho para negociar, enquadramento sindical, além de melhores condições de trabalho.

Na manhã desta segunda eles se reuniram, na reitoria da UFRN, e decidiram por manter a paralisação. Ainda neste tarde, às 16h, haverá mais uma rodada de reunião na reitoria, para a UFRN tentar uma intermediação.

“Além de todas as reinvidincações dos trabalhadores, ainda há o fato de péssimas condições de trabalho. Eles reclamam do café da manhã que é oferecido, que é pão com copo de café. Um trabalhador braçal, de obra ou jardinagem, aguentar só essa refeição até o almoço? Isso é muito pouco”, esclareceu Rodrigo Tomazini, membro do Comitê em Defesa dos Terceirizados da UFRN. Nesta terça-feira (15)  haverá outra mobilização às 06h30. 

Ponta Negra News



Empresário e ex-vice-prefeito de Caicó, Binha Torres, morre em Natal

O Blog Gláucia Lima registra, com profundo pesar, a morte do empresário e ex-vice-prefeito de Caicó, na gestão do médico Sílvio Santos, Binha Torres.

Ele vinha sofrendo com algumas patologias, estava sendo acompanhado pela equipe médica em Natal, mas não resistiu. Casado com Maria Veras, Binha era muito querido por todos os caicoenses.

Tinha 84 anos, era pai de 3 filhos e avô de 5 netos.



Carnaúba dos Dantas recebe projeto que visa desenvolvimento sustentável da indústria de cerâmica vermelha das regiões do Seridó e do Vale do Açu

Durante os dias 14 e 15 de agosto, Carnaúba dos Dantas recebe o projeto “Planejamento de Longo Prazo para Arranjos Produtivos Locais de Base Mineral” em conjunto com o SINDICER, ACEVALE, ACESE e ACVC. A iniciativa visa desenvolver,de forma sustentável, a indústria de cerâmica vermelha das regiões do Seridó e do Vale do Açu.

Com participação ativa dos empresários, parceiros, entidades públicas e daqueles que se interessam pelo desenvolvimento do setor, o programa contará com oficinas e seminários que irão orientar a indústria a planejar estratégias de médio e longo prazo, enfrentar as adversidades, alinhar e engajar as partes interessadas, desenvolver competências e aumentar a qualidade e competitividade dos produtos.

Para Vinicius Costa Lima, presidente do SINDICER, o o futuro do setor será permeado por desafios, principalmente em relação ao mercado consumidor que exige cada vez mais maior responsabilidade ambiental por parte da indústria de cerâmica. Ele também abordou a importância de se atentar aos cuidados que o ciclo de vida dos produtos requer, além da competição com as multinacionais que impulsiona o surgimento constante de novos produtos. O presidente também falou sobre a necessidade de se investir em tecnologia e inovação, em softwares, conectividade, comunicação com os clientes e romper barreiras para que seja possível criar a indústria cerâmica do futuro.

Neném de Ramalho, que representa a Associação dos Ceramistas do Vale Carnaúba, destacou o quanto as cerâmicas de nossa cidade evoluíram nos últimos dez anos, passando de cerâmicas artesanais para empresas industrializadas, e ressaltou que quem não se modernizou, não conseguiu se manter no mercado.

Para o prefeito Gilson Dantas, essas discussões são extremamente importantes para o desenvolvimento do nosso estado e que tudo isso servirá para melhorar o dia a dia, a geração de emprego e o crescimento das cerâmicas de Carnaúba dos Dantas e região. Ele destacou a importância da gestão municipal, dos ceramistas e da comunidade acadêmica estarem juntas no evento, trabalhando para que o polo cerâmico movimente ainda mais nossa economia, ao mesmo tempo em que se torna mais tecnológico e sustentável.



Serra do Feiticeiro ameaçada: parques eólicos desafiam preservação da Caatinga no RN

Parte do topo da Serra do Feiticeiro já ocupado e descaracterizado por parques eólicos. Foto: Ramiro Camacho.

Bioma seco, semiárido, a Caatinga é recorrentemente associada a espaços em que não há vida. Mas, ao contrário desse imaginário, é um bioma rico em fauna e flora, com várias espécies únicas. No Rio Grande do Norte, estado que tem mais 90% do território coberto pela Caatinga, as áreas de serra ainda são áreas com a vegetação nativa bastante preservada, mas que vem sendo devastada pela chegada das eólicas. A denúncia é do movimento Seridó Vivo.

A articulação é composta por grupos e pessoas que fiscalizam os processos de instalação dos complexos eólicos no Estado do RN. A partir desse trabalho, pesquisadores, biólogos, ecólogos, historiadores, antropólogos, sociólogos, geógrafos, estudantes, integrantes de organizações não governamentais e ativistas da sociedade civil elaboraram um abaixo-assinado para tentar barrar o avanço da colocação dos aerogeradores e a criação de uma Unidade de Conservação (UC) na Serra do Feiticeiro.

Situada no município de Lajes, a Serra oferece uma panorâmica espetacular, revelando vastas extensões de vales e montanhas cobertas por uma caatinga bem preservada. Esses terrenos são santuários para papagaios, maracanãs e ararinhas, incluindo a ameaçada Arara Maracanã, uma espécie nativa da região. Segundo levantamento do Grupo Seridó Vivo, existem hoje apenas 30 exemplares dessas aves.

De acordo com os dados do Mapa das Energias Renováveis, desenvolvido pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), o município onde está localizada a Serra do Feiticeiro já possui 36 parques instalados e tem mais 22 projetos em andamento. Esses novos empreendimentos devem gerar uma produção adicional de 1,5 gigawatts/hora.

“O que resta da Serra do Feiticeiro está ameaçado pela instalação de um novo empreendimento eólico. O licenciamento do parque eólico em questão se arrasta desde 2014 e existe uma Licença de Instalação emitida pelo IDEMA em 2020 (Número do processo: 2020-154271/TEC/LI-0108). No entanto, desde 2014, pesquisadores e ativistas têm atuado alertando para a relevância biológica, geológica e cultural da área através de participação em audiência públicas, reuniões com os órgãos ambientais, publicação de trabalhos científicos e técnicos e de matérias em portais ambientais atestando que se trata de uma área única que precisa ser preservada”, afirma texto do abaixo-assinado organizado pelo movimento Seridó Vivo.

O grupo alerta que está prevista a instalação de mais de 120 aerogeradores nas serras da região do Seridó nos próximos anos. Segundo o Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), entre 2019 e 2022, foram concedidas 700 licenças de operações para atividades eólicas em todo o estado, que hoje é líder na geração desse tipo de energia em toda a América Latina.

A expansão desses empreendimentos em Áreas Prioritárias para a Conservação da Caatinga ameaçam o futuro da biodiversidade do Rio Grande do Norte, segundo estudiosos e pesquisadores que integram o Seridó Vivo.

Em abril de 2022, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) oficializou a designação do Geoparque Seridó. O reconhecimento implica em ações de conservação ambiental e preservação das características geológicas, mas não conseguiu conter o desmatamento provocado pela implantação dos parques eólicos. Ainda que pouco conhecida pelo público em geral, a certificação de Geoparque Mundial foi estabelecida com o objetivo de fomentar o desenvolvimento sustentável de regiões de significância geológica ímpar na história do planeta.

Nos últimos anos, contudo, os parques eólicos vêm sendo instalados em extensas áreas de vegetação nativa nos municípios de Lagoa Nova, Cerro Corá, Caiçara do Rio do Ventos, São Tomé e Lajes, incluindo boa parte de Áreas Prioritárias para a Conservação da Caatinga reconhecidas pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil. Além do desmatamento das áreas de instalação dos aerogeradores, também são desmatadas vastas áreas para a construção de estradas.

“Diante disto, nós, abaixo-assinados, solicitamos ao governo municipal de Lajes, ao governo do Estado do Rio Grande do Norte, através do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente e da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do estado, aos Ministérios Públicos Estadual e Federal, ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e ao IPHAN a suspensão imediata de quaisquer empreendimentos que causem significativo impacto ambiental à Serra do Feiticeiro, e que se inicie imediatamente o planejamento para garantir a conservação desta área única através da criação de uma unidade de conservação de proteção integral que garanta a manutenção deste importante patrimônio potiguar”, ressalta a petição.

O link para assinatura do documento está disponível aqui.

Agência Saiba Mais