Luto: morre o poeta Sebastião Dias
Morreu esta tarde no Hospital do Sertão do Cariri o poeta Sebastião Dias. Ele tinha 73 anos. A nota da família diz que a morte ocorreu às às 13 horas, no Hospital do Coração do Cariri, na cidade de Barbalha.
“Na manhã deste domingo o quadro evoluiu para uma pneumonia e por volta das 12h30 sofreu uma parada cardíaca. A equipe médica fez todas as manobras possíveis para reanimá-lo, mas às 13 horas o poeta nos deixou”.
“A poesia de Sebastião continuará a ecoar em nossos corações. A família agradece o apoio e o carinho de todos. Diante dessa dolorosa partida, agradecemos as manifestações de solidariedade e pedimos compreensão neste momento delicado. Em breve, informaremos local do velório e horário do sepultamento”, diz a família.
Infarto no dia 24 de novembro: Sebastião Dias, sofreu um infarto na noite do sábado, dia 24, quando participava de uma cantoria em Icó-CE.
Ele chegou a desmaiar e foi socorrido por amigos e levado para o hospital onde teve uma parada. Foi reanimado e transferido para o hospital de Barbalha, também no Ceará.
As informações seguintes eram animadoras. Ele saturava bem e a tinha pressão estabilizada, porém, seguia intubado na UTI para os próximos procedimentos. Médicos preparavam um cateterismo, que não chegou a ser realizado. Nos últimos dias ele se sentiu mal, mas achou que seria gastrite. Seriam sinais do que estava por vir.
Vida Poética
Sebastião Dias Filho nasceu em 13 de setembro de 1950 em Ouro Branco, Rio Grande do Norte, na região do Seridó. “O meu início foi muito difícil, haja vista que eu não sou hereditário de nada de cantador de viola, né? Muitos cantadores têm o privilegio de ter um tio cantador, o pai cantador ou um vizinho muito próximo cantador e nesse sentido. E eu despertei pela vontade própria, foi questão do eco”, disse.
“Eu comecei a ouvir grandes cantadores da região do Seridó, onde eu nasci, e para mim foi a coisa mais bela, mais sublime que se identificou comigo foi aquela coisa do improviso no pé-de-parede, então, eu acho que de início foi até um fanatismo porque se eu não cantasse eu teria morrido”.
O pai era contra. “Aí, no início, eu tive muita dificuldade a começar pela própria família. Meu pai não queria que eu cantasse. Depois eu dei muita razão a ele porque assim: ele tinha medo que eu não fosse um cantador de aceitação. Foi a desculpa dele depois, mas eu creio que sim, foi isso. Nós somos de origem simples, eu sou filho de camponês e camponesa também, então, na minha família não tem hereditariedade nenhuma”.
Sebastião diz ter despertado ouvindo os grandes cantadores. “Me incentivaram muito. Outra coisa que me despertou pra cantar também, e eu tenho uma certa facilidade em leitura, foi o cordel, o folheto, como a gente chamava lá no Seridó, e o cordel foi, e ainda é, uma grande fonte de comunicação. Eu, menino, fiquei, de repente, com o cordel e a cantoria de viola, entendeu? São duas coisas que toda vida eu gostei de apreciar e botar em uso”.
Um momento importante na sua carreira foi na dupla feita com João Paraibano e na participação de ambos do programa Encontro com a Poesia, na Rádio Pajeú, por muitos anos. Os dois também gravaram um dos mais importantes discos da história da cantoria popular nordestina. “Prelúdios Nordestinos!” É tido como uma obra única na história da cantoria do Nordeste. Pela beleza da voz, era conhecido como “canário da poesia” ou “Chico Buarque das canções”.
Era casado com Iêda Melo, a quem se referia como grande amor da sua vida e pai de cinco filhos, Allan Dias, José Ivan Dias, Zeza Dias e Joycee Ana Jacy. Uma das músicas com maior repercussão de Sebastião Dias foi “Conselho ao Filho Adulto”, regravada por vários artistas e bandas.
Fonte: Blog Nill Júnior