A Comissão Parlamentar de Inquérito da Arena das Dunas teve nova reunião na tarde desta terça-feira (17), na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Os parlamentares ouviram o controlador-geral do Estado, Pedro Lopes Neto, e auditor de controla interno do Estado, Marcos José Moura Fagundes, que fizeram observações sobre o relatório da Control acerca do contrato do Governo do Estado e a Arena das Dunas.
Durante 25 minutos, o controlador-geral expôs detalhamento sobre o estudo feito pela Control, discutindo o teor do contrato do Estado com a Arena das Dunas e apontando, mais uma vez, que foi identificado suposto pagamento acima do que estaria justificado no contrato, seja com relação ao pagamento pelo financiamento da obra ou sobre o pagamento da parcela variável. Ao todo, o pagamento mensal, de acordo com a Control, é de R$ 11,9 milhões. Segundo Pedro Lopes, o Estado, nos termos atuais, pode pagar até R$ 361,2 milhões a mais pelo financiamento contratado para a construção do estádio. Além disso, houve também a discussão sobre a parcela variável à Arena.
Segundo os representantes do Poder Executivo, não foram encaminhadas pela Arena das Dunas informações sobre valores de manutenção do equipamento e levantaram questionamento sobre os valores que deveriam ser repassados pela empresa após eventos realizados. Houve a controvérsia se o valor a ser dividido em 50% deveria ser referente à receita líquida ou lucro referentes aos eventos realizados.
Na reunião, o presidente da CPI, Coronel Azevedo (PSC), a relatora Isolda Dantas (PT), além dos membros da CPI, deputados Kleber Rodrigues (PL), Tomba Farias (PSDB) e Subtenente Eliabe (Solidariedade) e do deputado Getúlio Rêgo (DEM), questionaram sobre a forma correta de se fazer os repasses e cobraram os dados do contrato. Os parlamentares se comprometeram a analisar a documentação para confrontar as informações repassadas pelos depoentes e o posicionamento da defesa da Arena das Dunas, que também foi encaminhada à CPI. Para a próxima reunião, na terça-feira (24), a comissão vai ouvir representantes da Arena das Dunas. Para os próximos encontros, já estão previstas oitivas do ex-secretário especial da Copa do Mundo Demétrio Torres e de técnicas do Tribunal de Contas do Estado.
Quase três meses depois de os primeiros casos da variante delta terem sido identificados no Brasil (tripulantes de um navio que chegou ao Maranhão), persiste o temor (e a dúvida) sobre qual será o impacto da versão mais transmissível do Sars-Cov-2 na pandemia no país.
Abaixo, em 7 tópicos, acompanhe o que sabemos (ou ainda não) sobre a delta:
Qual é a variante considerada predominante no Brasil?
Existem números confiáveis que indiquem qual é a presença da delta no país?
Quais os fatores por trás do atual ritmo de avanço da delta no Brasil?
O que se sabe sobre a situação da variante delta nos estados?
A variante delta é mais transmissível? Quais os sintomas?
Como podemos nos proteger?
Vacinas funcionam contra a delta?
1 – Qual é a variante considerada predominante no Brasil?
A variante predominante segue sendo a gama (P.1). Não há dúvidas sobre o avanço da delta no Brasil, mas especialistas apontam que esse dados ainda precisam ser analisados com cautela. Apesar do número de casos estar subindo, ainda não há um surto da variante, como ocorreu em outros países.
“O que temos é a transmissão interna da delta, está tendo a expansão do número de casos, mas a predominância ainda é da variante gama”, explica Ricardo Khouri, pesquisador da Fiocruz e professor de imunologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Ele lembra que, enquanto a preocupação com a delta cresce, a gama está mutando e isso deve ser visto como um alerta. “É importante manter a vigilância [com a delta], mas não significa que a delta já se expandiu e tem uma predominância no nosso país.”
2 – Existem números confiáveis que indiquem qual é a presença da delta no Brasil?
Dados da Rede Genômica da Fiocruz apontam que, entre os sequenciamentos de amostras feitas pelo sistema no país, a delta corresponde a 22,1% dos casos sequenciados em julho (mais do que 1 em cada 5 casos). Em junho, o total era de 2,3%. Entretanto, o total de sequenciamentos é desigual no Brasil. Enquanto, por exemplo, São Paulo fez mais de 10 mil, o Piauí analisou apenas 19.
“A grande maioria das amostras sequenciadas da variante delta foi no Sudeste e pode haver viés de amostragem devido a busca ativa de casos suspeitos de infecção pela delta”, explica o pesquisador.
O pesquisador da Fiocruz explica que estamos tendo a sensação de alta prevalência da delta por causa do foco do sequenciamento no Brasil. “O sequenciamento está todo voltando para essa variante. Daí é como se a gente tivesse um grande surto de delta nesse momento já, mas ainda não está acontecendo. O que temos é a transmissão interna, está tendo a expansão do número de casos, mas a predominância ainda é da variante gama”, alerta Khouri.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
3 – Quais os fatores por trás do atual ritmo de avanço da delta no Brasil?
A delta encontra uma concorrente muito forte no Brasil – a gama. Por isso, ainda não é possível afirmar que ela ser a variante dominante no país.
“Quando a P.1 [gama] surgiu, a P.2 [variante encontrada no Rio de Janeiro] já estava disseminando amplamente pelo país. A P.1, em pouco mais de três meses, foi capaz de sobrepor completamente a P.2 e ocupar o território nacional, apagando praticamente todo o sinal da P.2. No mesmo período que a gama começou a se distribuir pelo país, entrou a alfa. As duas tinham forças muito similares e a alfa não foi para lugar nenhum”, diz Khouri.
Para ele, é preciso levar em consideração alguns contextos do país antes de dar o protagonismo para a delta:
O Brasil teve uma transmissão da Covid-19 muito maior do que na Inglaterra, por exemplo. Isso reduz, de certa forma, o número de pessoas vulneráveis que pode ser infectada.
O cenário no Brasil é de alta transmissibilidade da gama, com evolução dessa variante com outras mutações.
A delta chega ao Brasil em um momento que mais de 50% da população já está vacinada com pelo menos uma dose.
“A delta é forte e está se expandindo pela capacidade de virulência que ela tem, mas ainda há dúvidas se ela vai conseguir impor a mesma quantidade de transmissão que ela impôs na Inglaterra, nos Estados Unidos. O Brasil já tem um contexto preocupante com a gama, que dominou todo o território nacional rapidamente”, explica Khouri.
Para Renato Kfouri, infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a gama pode estar barrando essa alta performance da delta no Brasil.
“Nos outros países onde a delta está entrando e se tornando a protagonista, ela não encontrou concorrente à altura como o Brasil. Aqui ainda temos uma alta circulação da gama. O cenário é diferente, a concorrência ecológica é diferente e não sabemos se ela terá a mesma performance, mesmo desempenho que teve nos outros países”, explica Kfouri.
Khouri ressalta que os radares precisam continuar ligados na delta e que o Brasil precisa sequenciar mais, para que, à medida que os pesquisadores forem identificando a expansão, o país possa estabelecer barreiras para conter a transmissão.
Veja 5 pontos sobre a variante delta
4 – Qual a situação da variante delta nos estados?
Segundo o Ministério da Saúde, 41 óbitos foram confirmados para a delta e 1.020 casos da variante foram identificados e notificados no país até o dia 16 de agosto:
2 casos em Alagoas
16 casos no Ceará
87 casos no Distrito Federal; 2 mortes
7 casos no Espírito Santo
14 casos em Goiás; 1 morte
7 casos no Maranhão; 1 morte
12 casos em Mato Grosso
11 casos em Minas Gerais
3 casos no Pará
56 casos no Paraná; 19 mortes
14 casos em Pernambuco; 1 morte
431 casos no Rio de Janeiro; 7 mortes
93 casos no Rio Grande do Sul; 9 mortes
36 casos em Santa Catarina; 1 morte
231 casos em São Paulo
No entanto, se formos considerar que falta ao Brasil um sequenciamento genômico em massa, o número pode ser ainda maior.
“A partir do momento em que você detecta a circulação interna, esse número pode ser maior do que o que o Ministério da Saúde divulga, sem dúvidas”, explica Khouri.
A delta foi identificada pela primeira vez na Índia, em outubro do ano passado. Em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta importante: a variante tem se tornado dominante em todo o mundo, muito por conta da sua transmissibilidade. De acordo com o último boletim epidemiológico da entidade, divulgado no dia 11 de agosto, 142 países já identificaram a circulação da delta.
No entanto, apesar de ser mais transmissível (assim como as outras variantes que surgiram), ainda não há como afirmar que ela também é mais letal.
“Ainda não há comprovação que as variantes, inclusive a delta, tenham uma taxa de virulência maior entre os infectados. O que acontece é que, como elas são mais transmissíveis, há chances da população, caso infectada, desenvolva a doença, seja casos leves, moderados ou graves”, explica Renato Kfouri, infectologista da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Sobre os sintomas, especialistas explicam que eles podem ser confundidos com os da gripe. Tanto a gripe quanto a fase inicial de infecção pela variante delta podem estar associadas aos seguintes sintomas: dor de cabeça, mal estar, coriza, dor de garganta e febre.
Não tem muito segredo. É preciso combinar as medidas não farmacológicas com a vacinação.
As medidas não farmacológicas são eficazes contra a cepa original e contra todas as variantes. Por isso, é importante continuar usando máscaras (de preferência a PFF2), manter o distanciamento social, evitar aglomerações e manter a higiene das mãos.
Aliado a isso, a vacina é extremamente necessária para quebrar a cadeia de transmissão. E não vale apenas uma dose. É preciso completar o esquema vacinal.
“Enquanto eu não tiver um cinturão de proteção muito sólido no entorno da população que preciso proteger, a probabilidade de variantes que vão escapar é alta. Como eu faço para bloquear? Imunizar, ter drogas antivirais (ainda não temos) e, em paralelo, as medidas não farmacológicas e a testagem em massa”, alerta Jamal Suleiman, infectologista do Hospital Emílio Ribas.
“Precisamos vacinar cada vez mais, garantir a segunda dose, para conter essa transmissão da variante para não termos repique dessa transmissão mesmo entre vacinados. Controlando a expansão das variantes, o efeito da vacina vai ficar ainda mais marcante”, completa Khouri.
Com o ciclo completo, a eficácia da AstraZeneca chega a 67%, com resultados entre 61,3% a 71,8%. Já no caso da Pfizer, chega a 88%, com variação entre 85,3% a 90,1%.contra a delta.
No final de julho, o Instituto Butantan, parceiro da fabricante da CoronaVac no Brasil, anunciou o início de estudos para avaliar se o imunizante é efetivo contra a delta.
Boletim Covid-19 Hospital Regional Telecila Freitas Fontes 17/08/21 ▪️ Esse boletim é referente a pacientes internados nas últimas 24 horas no Hospital Regional do Seridó.
O Setor de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde de Currais Novos convoca pessoas com a “D2” da ASTRAZENECA/OXFORD e CORONAVAC em atraso. Fique atento aos documentos comprobatórios, horário e ponto de vacinação.
Neste mês, a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), juntamente com a SBACV-RN, promove o Agosto Azul e Vermelho, com o intuito de levar informação a toda população brasileira sobre a importância dos cuidados preventivos com a saúde vascular. A Campanha Agosto Vermelho Azul tem como objetivo de conscientizar a população sobre Saúde Vascular – prevenção e combate a doenças venosas, arteriais e linfáticas como:
De acordo com o presidente da SBACV-RN, Dr. Gutenberg Gurgel, as recomendações mais importantes são: sair do sedentarismo; parar de fumar; melhorar a alimentação; fazer ginástica e fortalecer a panturrilha; usar meias elásticas; e manter um peso equilibrado. E, sempre que possível, passar pela avaliação de um especialista vascular.
Pensando na necessidade da avaliação, a SBACV-RN criou o Check-up Vascular, evento realizado sempre no mês de agosto para realização de avaliações gratuitas, mas com a pandemia a Sociedade realizou em 2020 uma edição virtual e este ano será repetida no dia 21 de agosto, das 9h às 13h. Para participar, a população deverá entrar no canal do YouTube (SBACV-RN), onde médicos da especialidade vascular irão esclarecer dúvidas, gratuitamente, por meio de um chat exclusivo, com o objetivo de prestar atendimento e informar a respeito de fatores de risco da trombose venosa, formas de prevenção e tratamentos.
Sobre a SBACV-RN
A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional RN – SBACV-RN, entidade sem fins lucrativos é a Regional oficial da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) no Estado do Rio Grande do Norte, e também representativa dos médicos que atuam nas especialidades de Angiologia e de Cirurgia Vascular, nas áreas de atuação de Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular, Radiologia Intervencionista e Angiorradiologia, Ecografia Vascular e outras áreas afins às especialidades.
Nesta segunda-feira (16), no período da tarde, os moradores de São Fernando foram surpreendidos mais uma vez com a fumaça tóxica proveniente do lixão de Caicó, ocasionando vários transtornos e doenças respiratórias para a população. Nas redes sociais, os internautas cobram uma posição do prefeito de Caicó, Dr. Judas Tadeu para que o mesmo busque uma solução para o problema que vem se arrastando há alguns anos.
Para se ter uma ideia, no ano de 2014, de acordo com nota do Ministério Público Federal, o Município de Caicó desobedeceu o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que previa a redução dos impactos ambientais provocados pelo lixão. Ainda segundo a nota, o MPF constatou que os resíduos despejados no local continuam sendo queimados, gerando fumaça que atinge a cidade vizinha, São Fernando. A irregularidade representaria um risco à saúde dos moradores.
Boletim Covid-19 Hospital Regional Telecila Freitas Fontes 16/08/21 ▪️ Esse boletim é referente a pacientes internados nas últimas 24 horas no Hospital Regional do Seridó.
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) segue trabalhando para adiantar o calendário de vacinação contra a Covid-19 no Rio Grande do Norte. O planejamento é de que até o início de setembro todo potiguar maior de idade receba ao menos a primeira dose de imunização.
Para isso, a Sesap vem agilizando as ações de distribuição dos lotes de imunizantes. Nesse sábado (14), com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e da Polícia Militar, foram encaminhadas aos municípios mais de 77 mil vacinas, para garantir a continuidade da campanha no estado.
Até o fim da manhã desta segunda-feira (16), a plataforma RN+ Vacina apontava que 68% das pessoas acima dos 18 anos receberam ao menos uma dose de vacina, sendo que 26% já estão totalmente imunizados.
Os números tanto de primeira como de segunda dose vão crescer dentro do próximos dias com as novas cargas de vacinas que chegaram ao RN nesta tarde de segunda-feira. O Estado recebeu 81.760 doses de Astrazeneca/Fiocruz e Pfizer.
Destas, 63.040 unidades são para completar o esquema vacinal de quem tomou a primeira dose, sendo toda a carga de 49 mil vacinas da Astrazeneca e outras 14.020 da Pfizer. As demais doses de Pfizer são para ampliar a vacinação por faixa etária, que em 25 cidades do RN já alcançou a faixa dos 18 anos.
Essas doses serão utilizadas dentro dos mutirões que a Sesap e os municípios irão implementar dentro das próximas semanas. O trabalho será voltado tanto para a aplicação de primeira dose, como para completar a vacinação.
Considerado o alimento mais completo para os bebês, o leite materno sacia a fome, contribui para a melhora nutricional, reduz a chance de obesidade, hipertensão e diabetes, diminui os riscos de infecções e alergias, além de provocar um efeito positivo na inteligência e no vínculo entre mãe e bebê.
O leite materno é repleto de anticorpos, fundamentais para a saúde e a resistência do bebê a doenças, por isso é fundamental que a criança o receba como única fonte de alimento até os seis meses. Especialistas, no entanto, sugerem que ele deve continuar até os dois anos ou mais, ou seja, não há limite de idade para a amamentação.
A importância da amamentação para o pleno desenvolvimento das crianças é tema da campanha Agosto Dourado, criada em 1992 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O Agosto Dourado simboliza a luta pelo incentivo à amamentação – a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. De acordo com a OMS e o Unicef, cerca de 6 milhões de vidas são salvas anualmente por causa do aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de idade.
Os benefícios do aleitamento materno são inúmeros, no entanto, segundo a OMS, apenas 39% dos bebês brasileiros são amamentados com exclusividade até os cinco meses de vida.
Mesmo com a introdução da alimentação complementar após o sexto mês, a amamentação e o leite materno continuam a ter vantagens para a criança e para a família, diz o pediatra Roberto Mário Issler, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP e professor de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
“Para muitas crianças, é uma importante e significativa fonte de nutrientes, especialmente na falta de outros alimentos para serem ofertados; tem ainda efeitos protetores contra infecções mais comuns, como a diarreia e a infecção respiratória, além de minimizar o risco de alergias e obesidade. É muito mais prático e tem menor custo, além de promover o contato mais íntimo entre mãe e filho”.
Para a criança, o aleitamento materno promove menor prevalência de doenças infecciosas como otite, pneumonia, gastroenterite. Os efeitos a médio e longo prazo para a saúde da criança amamentada são a menor prevalência de obesidade, dislipidemias, doenças alérgicas.
“É um alimento específico, com todos os nutrientes, proteínas, fatores de proteção imunológica, gordura e micronutrientes. Pesquisas mais recentes têm mostrado que existe quase uma unicidade entre o leite da mãe e a criança, ou seja, trata-se de uma secreção quase que personalizada individualmente em seus componentes. A mulher que amamenta tem menor prevalência de câncer de mama e de ovário. Oferece uma série de estímulos sensoriais pelo contato entre mãe e filho, com efeitos na formação de vínculos afetivos entre os dois”, reforça o pediatra.
Entre tantos profissionais que atuam na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, os pediatras têm papel fundamental pela sua atuação diretamente com a dupla mãe-criança.
A SBP, com a participação ativa do Departamento Científico de Aleitamento Materno, tem buscado proporcionar aos pediatras informações atualizadas para qualificar o atendimento às mães, seus filhos e suas famílias. “Essa atuação ocorre em diversos momentos: na consulta pediátrica de pré-natal, no atendimento em sala de parto, proporcionando o contato pele a pele na primeira hora pós-parto – quando a mãe e a criança apresentam condições satisfatórias para isso – depois, no acompanhamento no alojamento conjunto e, após a alta da maternidade, nas consultas de puericultura nos primeiros anos de vida”, afirma Issler.
Desafio
A amamentação é importante, porém pode ser um desafio. As especialistas alertam que, apesar das dificuldades que podem ocorrer, é preciso insistir o tempo que for necessário para que se crie esse vínculo entre mãe e filho e a amamentação aconteça.
Um dos passos fundamentais para ter sucesso na amamentação é estar bem informada e criar uma rede de apoio, aconselha a ginecologista e obstetra Laura Penteado, diretora da Theia, clinica de saúde centrada na mulher gestante. “Pesquise sobre os benefícios, as técnicas e dificuldades frequentes da amamentação. Tire suas dúvidas durante o pré-natal, consulte profissionais especializados e peça ajuda a amigos e familiares”.
Ela também sugere à gestante se preparar, conhecendo seu próprio corpo. “Observar como é seu seio, sua aréola e principalmente seu mamilo: protuso, plano ou invertido. Mamilos invertidos podem dificultar a amamentação, então converse com sua médica ou consultora de amamentação e saiba o que fazer para ganhar mais bico”.
Outra orientação é não hidratar os mamilos. “Cremes hidratantes podem afinar a pele dos mamilos e facilitar fissuras”, afirma a médica, que completa. “Tome banho de sol: O sol ajuda a tornar a pele do mamilo um pouco mais espessa e previne fissuras. Tome dez minutos por dia, das 8h às 10h, para evitar temperaturas elevadas e não causar queimaduras”. Escolha um sutiã adequado, acrescenta. “Uma boa sustentação mamária reduz o inchaço das mamas, promove maior conforto e diminui a mastalgia (dor mamária)”.
Um mito comum é sobre o “leite fraco”. “Não existe leite fraco. Até o leite de mulheres desnutridas contém o essencial para o desenvolvimento do bebê. Mas, para melhor qualidade do leite, o recomendado é que a mãe tenha uma alimentação saudável e equilibrada. Ela não deve ingerir bebida alcoólica e deve conversar com sua médica sobre medicamentos de uso contínuo, se podem passar para o leite e se devem ser substituídos”, afirma a ginecologista.
Tipos de leite materno
O colostro é o primeiro leite, ele é rico em anticorpos e é fundamental para o sistema imunológico do bebê, produzido em pequena quantidade, mas altamente nutritivo.
Fases da amamentação – Daniel Dresch/ Arte Agência Brasil
Leite de transição: da apojadura (descida do leite) e até 15 dias após o parto. Há um aumento da produção e maior teor de gordura. Leite maduro: apresenta diferentes características ao longo da mamada e possui vitaminas, minerais e proteínas essenciais.
Um mito antigo é que alguns alimentos ajudam a aumentar o leite. A médica, no entanto, afirma que não. “Nenhum alimento irá aumentar os hormônios relacionados com a produção e ejeção do leite. O que realmente estimula a produção é a sucção do bebê: quanto maior a frequência maior a produção hormonal”.
A mãe também deve fazer a hidratação materna adequada: o leite materno é rico em água e a desidratação ou baixa ingestão de líquidos pode interferir na quantidade de leite a ser produzida. O descanso materno e o ambiente calmo também contribuem para a amamentação. “O estresse pode reduzir os hormônios responsáveis pela produção e ejeção do leite. A rede de apoio é importante, a mãe deve cercar-se de pessoas que incentivam a amamentação”.
Rede de apoio
A consultora de amamentação da Theia, Amanda Sena, explica o papel da rede de apoio. “A amamentação leva um tempo para se estabelecer – para que a mulher consiga se envolver e se dedicar ao processo sem preocupações desnecessárias, ter pessoas com ela realizando outras tarefas da casa, auxiliando nos cuidados com o bebê e cuidando também da mulher, apoiando e incentivando a amamentação e até mesmo afastando pessoas com comentários indesejados. Tudo isso ajudará a blindar a amamentação para que ela consiga alcançar seus objetivos”.
A recomendação de entidades e especialistas é o aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Mas, na opinião da consultora, até um ano de idade o leite humano é o principal alimento do bebê, a alimentação sólida é que é complementar nesse período.
“Tanto que é comum perceber alimentos inteiros nas fezes do bebê, ou seja, seu organismo ainda não consegue digerir aquele alimento para usar os nutrientes. Após esse período, embora a criança já possa estar aceitando bem a comida sólida, o leite humano ainda é importante fonte de alimento, fornecendo nutrientes e energias de fácil absorção”, observa a consultora.
Ela cita os anticorpos que continuam passando da mãe para o filho, ajudando na prevenção de infecções. “O corpo da mulher continua produzindo um leite nutritivo durante toda a amamentação, ele nunca será só água. Assim, a amamentação prolongada vai ser uma excelente fonte de energia, nutrientes e proteção para a criança, e também uma continuidade da relação mãe-bebê. Não há motivos para indicar o desmame quando mãe e criança estão bem e felizes”, defende Amanda.
Bebês de alta complexidade
A presença do leite materno na recuperação da Luísa, de 2 anos e 4 meses é fundamental para a sua recuperação. Ela foi diagnosticada com leucemia linfoide aguda (LLA) quando tinha 1 ano e 4 meses, e começou o tratamento. Recentemente precisou passar por uma ECMO (técnica de suporte de vida extracorporal) onde ficou 12 dias no aparelho, 11 na unidade de terapia intensiva (UTI) e, mesmo internada, recebia o leite materno. Assim que foi extubada, voltou a amamentar.
“O leite foi extraído da mãe e passado por meio de sonda. A gente viu que realmente ajudou bastante na recuperação dela e na aceitação das próprias medicações que poderiam ser feitas por sonda para que ajudassem no tratamento. A gente tinha tentado outras dietas e dar somente medicação pela sonda, sem sucesso. A partir do momento em que colocamos o leite da mãe bem devagar, junto com as medicações e depois com um pouco da outra dieta, vimos que tudo começou a dar certo, que ela aceitou as medicações e depois a outra dieta, de forma plena. Mesmo tendo um diagnóstico tão grave, a presença do leite materno na recuperação da Luísa foi fundamental”, relatou a cardiologista pediátrica Rafaella Gato, diretora do programa de ECMO do Departamento de Cardiologia do Sabará Hospital Infantil.
A mãe de Luísa conta que insiste no aleitamento materno porque sabe dos benefícios. “Sei que mesmo depois de anos amamentando, o leite materno não perde suas propriedades. Continuo também porque, por meio desses momentos de amamentação, construí uma conexão com a minha filha muito grande e ela adora esse momento só nosso. Ele foi um grande aliado no tratamento, durante e depois de procedimentos doloridos é “mamando” que minha filha encontra conforto”, disse a enfermeira de formação Nádia Cristina Oliveira Lima.
O apoio emocional do marido tem sido importante no aleitamento da Luísa, relata o bancário Luiz Henrique de Souza Santos. “Nesse processo sou coadjuvante. Porém, quando vejo que está difícil para ela, procuro incentivá-la, elogiá-la, proponho algum programa para que possa se distrair, pois sei o quanto elas gostam desse momento e é notável o quanto o aleitamento materno faz bem para a Luísa”.
“Todo bebê, mesmo de alta complexidade, está apto a receber o leite materno. Por isso, acompanhamos pais e bebês para ajustarmos a melhor dinâmica de acordo com as condições neurológicas, de sucção, gástrica e qual a melhor via, se é necessário o uso da sonda para que a criança receba o alimento”, explica a coordenadora do Setor de Fonoaudiologia do Sabará Hospital Infantil.
Entre todas as vantagens da amamentação, ela também proporciona ao bebê o crescimento e o desenvolvimento da face e das estruturas orofaciais: lábios, língua, mandíbula, bochechas, garantindo sua harmonia como em nenhum outro utensílio para alimentar o bebê, completou o fonoaudióloga.
“E, como consequência, a amamentação pode prevenir disfunções orofaciais que levam a alterações da respiração, da deglutição e da fala. Dessa maneira, ao ser exposto à sucção promovida pela amamentação, o bebê apresentará as melhores condições para desenvolver futuramente a mastigação e a fala, funções que demandam o músculo muito desenvolvido no exercício da amamentação”, disse Denise.
Incentivo
Desde 1981, o Ministério da Saúde coordena estratégias para proteger e promover a amamentação no Brasil. Segundo a pasta, o país tem 301 hospitais Amigos da Criança que promovem dez passos para o sucesso do aleitamento materno. São repassados, por ano, R$ 18,2 milhões para as unidades.
Além disso, o Brasil tem 222 bancos de leite humano e 219 postos de coleta. Em 2020, cerca de 181 mil mulheres doaram mais de 226 mil litros de leite materno. Neste ano, até junho, foram doados 111,4 mil litros.
No ano passado, o Ministério da Saúde investiu R$ 16,9 milhões, em caráter excepcional, na proteção e apoio ao aleitamento materno e na alimentação complementar adequada para crianças menores de dois anos na Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB), da Atenção Primária à Saúde.
A estratégia para incentivar a amamentação vem apresentando resultados. Os índices nacionais do aleitamento materno exclusivo entre crianças menores de seis meses aumentaram de 2,9%, em 1986, para 45,7% em 2020. Já o aleitamento para crianças menores de quatro anos passou de 4,7% para 60% no mesmo período.
“Passar de um aumento de 4% para 60% é muita coisa. A gente que trabalha com a saúde sabe que um aumento desse tipo em poucos anos é algo que mostra a robustez, a fortaleza das campanhas que vêm acontecendo nos últimos anos”, destacou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Rafael Câmara Parente.
Leite materno e covid-19
Atualmente, muitas mães ficam em dúvida se o ato de amamentar implica risco de infecção pelo leite materno para mulheres que testaram positivo para o novo coronavírus. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, não há risco de transmissão do SARS-CoV-2 pelo leite materno, por isso não há razão para evitar ou interromper a amamentação.
“Lactantes assintomáticas devem permanecer com seu recém-nascido em regime de alojamento conjunto para fortalecer o aleitamento materno, muito importante neste momento de pandemia”, informou, em nota, a a entidade.
“Até o momento, não existem evidências da transmissão do vírus pelo leite materno. A recomendação da OMS é que a mãe infectada pelo novo coronavírus mantenha a amamentação exclusiva até os seis meses”, reforça a ginecologista Laura Penteado. No entanto, é necessário manter as devidas precauções, como lavagem das mãos com sabão ou álcool em gel antes e depois de tocar o bebê e o uso de máscara.
Para as mães que contraíram a covid-19 é indicado suspender a doação de leite humano, respeitando o protocolo de segurança técnica e o controle de qualidade determinado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a seleção de doadoras.
Doação
Especialistas do Banco de Leite do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) têm observado aumento no número de mães interessadas em doar leite materno, além dos cuidados relacionados à amamentação. No início da pandemia de covid-19, o setor recebeu 147 ligações em seis meses, que representam 93,6% do total de ligações recebidas em um ano se comparado a 2019. Segundo o HSPE, boa parte das ligações foi feita por mães em busca de orientações sobre o processo de doação do leite materno e do fornecimento do produto doado aos bebês.
O Banco de Leite Humano do HSPE recebe doações e faz coleta externa na região. Basta a doadora entrar em contato pelos telefones (11) 4573-8172 ou (11) 4573-8247 e fazer um agendamento. A equipe do hospital vai até a residência dela para entrevistá-la e avaliar. Na ocasião, ela recebe toda a orientação de higiene, como ordenhar o leite, conservá-lo adequadamente, além de fornecer o material necessário para a coleta.
Qualquer mulher em fase de amamentação pode ser uma doadora, basta ser saudável e não tomar medicamento contraindicado para essa fase. É importante ressaltar que todo leite doado é analisado e passa por testes de qualidade, processamento, pasteurização e só então é ofertado aos bebês prematuros.