Municípios do RN têm dificuldade para implantar piso da enfermagem

Lei 14.434 fixou salário da enfermagem R$ 4.750, independente do vínculo ser na iniciativa privada ou na rede pública. Foto: Rovena Rosa

Sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 4 de agosto, o novo piso nacional da Enfermagem foi uma vitória comemorada pela categoria que agora teme não vê-la se concretizar. Isso porque, a nova lei preocupa Estados e Municípios sobre os  recursos para esse aumento na folha de pessoal tendo o orçamento que já esbarra nos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). No Rio Grande do Norte, pelo menos 140, dos 167 municípios que se enquadram no perfil de pequeno porte, dependem dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para equalizar as finanças e com os questionamentos feitos no Supremo Tribunal Federal (STF) por diversas entidades, o sindicato da categoria vê o risco da conquista não acontecer na prática e planejam mobilização com paralisações incluídas na pauta. O impacto nos municípios do RN pode ser de R$ 272,4 milhões, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). 

A presidente do Conselho Municipal das Secretarias de Saúde do RN (Cosems), Maria Eliza Garcia, diz que o novo piso é merecido para esses profissionais que trabalham diretamente na linha de frente do atendimento à população, porém , ressalta que há preocupação enquanto gestão. “É o contexto financeiro, visto que o SUS é financiado e, para os programas que temos, recebemos incentivos do governo federal, e não pactuação, onde há cofinanciamento. Outra preocupação é que tenhamos cautela e verifiquemos como está a folha porque grande parte dos municípios está no limite prudencial. Temos 140 municípios com menos de 20 mil habitantes e eles não têm sustentação de arrecadação vivendo do FPM para garantir o pagamento desse piso”, alertou a presidente.

 Segundo a gestora, o novo piso elevará a folha dos enfermeiros de quase todos os municípios em 100%. “Estamos preocupados em como vamos articular, organizar e cumprir o piso, que sabemos que teremos que fazer, mas como vamos ter recursos para isso?”, questiona.


A Lei 14.434 estipula que, em todo o país, enfermeiros não poderão receber menos que R$ 4.750, independentemente de trabalharem na iniciativa privada ou no serviço público federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, mas não apenas isso, uma vez que 70% (R$ 3.325) deste valor deve ser pago aos técnicos e 50% (R$ 2.375), para auxiliares e parteiras. Os pisos salariais deverão ser aplicados por todos os setores até o início do próximo exercício financeiro. Por enquanto, só poderão ser aplicados em instituições privadas e filantrópicas e municípios que tenham disponibilidade orçamentária.


Maria Eliza, que também é secretária de saúde do município de Doutor Severiano, diz que o número de técnicos e auxiliares é ainda maior e necessária para a prestação de serviços na área. “Temos grande número de técnicos de enfermagem. O Governo Federal falou em criar um fundo e temos que ter algum recurso adicional e estamos solicitando que tenha esse fundo de suplementação financeira para atender essa necessidade. somente com os cofres municipais é muito difícil atender esse pleito”, avalia a presidente do Cosems.


A lei que institui os pisos nacionais também determina que as remunerações e salários atualmente pagos a quem já ganha acima desses pisos deverão ser mantidos, independentemente da jornada de trabalho para o qual o trabalhador foi admitido. E que também os acordos individuais ou coletivos devem respeitar esses valores mínimos.


Entretanto, o governo decidiu vetar o dispositivo que garantia o reajuste anual automático dos valores com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). A decisão não agradou a categoria. Em nota, a presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Betânia Santos, disse que a partir de agora, esses profissionais têm um dispositivo constitucional que permite lutar para estabelecer condições de salário e de trabalho.


“Vamos manter a mobilização, para derrubar o veto ao dispositivo que garante o reajuste pelo INPC no Congresso. Praticamente todas as categorias da saúde possuem jornadas de trabalho inferiores a 44 horas semanais, menos a Enfermagem. Existem fartas evidências científicas mostrando que é necessário reduzir a jornada da categoria para 30 horas semanais, além de garantir um descanso digno para essas trabalhadoras e trabalhadores”, disse Eliza.

Tribuna do Norte



Falta de doses de Coronavac interrompe vacinação infantil no RN

Segundo a Secretaria de Saúde, municípios não fizeram reserva de doses de vacina. Foto: Magnus Nascimento

De acordo com informações da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), onze municípios potiguares tiveram a vacinação suspensa para crianças de 3 a 4 anos de idade por falta de vacina coronavac. A secretaria fez a solicitação de mais 90 mil imunizantes e, de acordo com a Vigilância de Saúde, a previsão de chegada das doses é em setembro. A orientação do estado para que todos os municípios concluíssem o calendário sem atrasos, era a reserva de imunizantes para cobertura das duas primeiras fases de vacinação. Mesmo assim, alguns municípios não reservaram e terão que esperar a chegada de novas doses, já que o estado não dispõe desses imunizantes em estoque, o que pode prejudicar o calendário vacinal das crianças caso haja atraso na entrega por parte do Ministério da Saúde. 

Em nota, a Sesap divulgou: “Apesar da orientação dada, alguns municípios zeraram o estoque e suspenderam a vacinação. A Sesap solicitou ao Ministério da Saúde o envio de novas doses da coronavac”. Os municípios com vacinação suspensa foram Vera Cruz, Montanhas, Serra de São Bento, Tibau do Sul, Sítio Novo, Lajes Pintadas, Lagoa de Velhos, Senador Elói de Souza, Jaçanã, Japi e Parnamirim. “A gente fez de tudo para não faltar doses pelo menos para iniciar, porque já que o Ministério da Saúde abriu a vacinação já sem vacina, a gente fez um remanejamento de onde estava sobrando, enviando para onde não tinha nenhuma dose. Então, alguns municípios iniciaram, mesmo com poucas doses”, explicou a coordenadora do Programa de Imunização da Sesap, Laiane Graziela. “Infelizmente, essa é uma realidade possível, um cenário possível [o atraso no calendário vacinal]”, conclui.

Ainda de acordo com a pasta, quando o Ministério da Saúde liberou a vacinação para crianças de 3 a 4 anos de idade, haviam poucas doses de Coronavac em estoque e não foram distribuídas mais vacinas pelo Governo Federal. A orientação era de que cada município remanejasse as vacinas necessárias para dar prosseguimento à cobertura vacinal. Ao todo, foram remanejadas 10.100 doses. De acordo com a secretária, a quantidade de imunizantes solicitados deve ser suficiente para suprir o quantitativo dessas crianças. Atualmente, cerca de 6.394 crianças nessa idade já receberam a primeira dose do imunizante em todo o estado, o que, de acordo com ela, ainda é uma cobertura baixa. “Está muito abaixo. A gente tem uma estimativa de 95 mil crianças na faixa etária de 3 a 4 anos e hoje a gente só tem 6.300 vacinadas”, aponta.

Tribuna do Norte



RN tem 8 casos confirmados de varíola dos macacos e 36 suspeitos

Varíola dos macacos (monkeypox) causa erupções na pele, que se espalham por todo o corpo da pessoa infectada. Foto: Reprodução

O Rio Grande do Norte tem oito casos confirmados de varíola dos macacos (monkeypox) e outros 36 casos suspeitos da doença. Os dados são do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) e da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN (Sesap).

De acordo com o mais recente informe de monkeypox disponibilizado pela Sesap nesta quarta-feira 10, são cinco casos confirmados em Natal, um em Mossoró e dois em Parnamirim. Os 36 casos suspeitos estão distribuídos entre os municípios de residência: Tibau do Sul (1), São Gonçalo do Amarante (3), Riachuelo (1), Parnamirim (4), Natal (14), Montanhas (1), Macaíba (1), Lagoa de Pedras (1), Jandaíra (3), Extremoz (4), Ceará-Mirim (1), Angicos (1) e Pias – Portugal (1).

Em Natal, há ainda um caso provável. Até agora, doze casos foram descartados no estado.

A varíola dos macacos costuma causar erupções na pele, que se espalham pelo corpo. As lesões passam por cinco estágios antes de cair, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas e a transmissão pode ocorrer por contato muito próximo, através de toque em lesões, por via respiratória e até por gotículas de saliva.

Cientistas espanhóis afirmaram, em um estudo publicado na revista científica The Lancet, na segunda-feira 8, que a principal forma de transmissão da varíola dos macacos (monkeypox) no atual surto é o contato próximo durante a relação sexual. Os pesquisadores analisaram dados de 181 pessoas diagnosticadas com a doença entre maio e junho deste ano, em três clínicas de saúde sexual no país.

Agora RN



Jovem caicoense faz vaquinha virtual para custear mudança para o Sul do Brasil onde cursará Medicina

Foto: divulgação/ Internet

Isadora Maria Dantas Gomes, de 21 anos de idade, estudou na EECCAM, onde concluiu, em 2018, o ensino médio. Desde então, vinha tentando passar no curso de Medicina, especialmente, em Caicó, mas foi no sul do país que a oportunidade veio.

“Apesar de chegar muito perto nos últimos anos, minha nota ainda não era suficiente, até que, neste ano de 2022, com o resultado do ENEM 2021, no qual obtive média 740, apareceu-me a oportunidade de ingressar no curso tão desejado pelo PROUNI, na Universidade Estácio, em Jaraguá do Sul, Santa Catarina”, relata.

Filha de um pai mecânico e uma mãe dona de casa, a jovem mora no bairro Recreio, com seus pais e irmãos. “Depois que sai da EECCAM, eu fiz cursinho no NIC, instituição à qual eu devo muito da minha aprovação. Da mesma forma, sou grata aos professores da EECCAM”, afirma.

Isadora ainda não tem data marcada para a viagem, pois precisa resolver toda a documentação necessária junto ao coordenador do PROUNI, mas até a próxima segunda-feira, dia 15, ela pretende viajar.

Qualquer valor é bem-vindo. Doe o quanto puder pelo PIX: 70158511484 (Isadora Maria Dantas Gomes).



Porta-voz da OMS sugere mudar o nome da varíola do macaco para uma nomenclatura que não seja discriminatória nem estigmatizante

A epidemiologista Margaret Harris, porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS), condenou ataques a animais e sugeriu a adoção de um novo nome para a varíola do macaco. A declaração da especialista, dada em coletiva de imprensa nesta terça-feira (9), ocorreu após uma carta, assinada por cientistas e enviada a OMS, pedir a mudança do termo para uma nomenclatura “que não seja discriminatória nem estigmatizante”.

Margaret ressaltou, ainda, que a doença foi primeiramente identificada nos macacos, mas que no atual surto da varíola, a transmissão tem sido de humano para humano. “A transmissão que estamos vendo agora com o grande surto de varíola do macaco é uma transmissão de pessoa para pessoa. O vírus está em alguns animais, e vemos um salto para os humanos, mas não é isso que estamos vendo agora. O risco de transmissão vem de outro ser humano”, disse.



Cobertura da febre amarela está abaixo de 20% em cidade potiguar

Em setembro, segundo a SMS, acontece o incentivo à vacinação contra a poliomielite e o Dia D de imunização deve acontecer no primeiro final de semana do mês. Foto: Adriano Abreu

A Secretaria de Saúde de Natal promoveu no sábado (06) o Dia D para incentivar a vacinação contra a febre amarela, disponibilizada à população desde o começo do mês. A ideia é incentivar a adesão da capital, já que menos de 20% do público-alvo recebeu a dose única do imunizante.

“Desde 2019, a vacina está na rotina, não tem mais a situação do viajante ou da pessoa que faria uma viagem internacional ou porque vai para o Norte do País. Agora a vacina da febre amarela faz parte do nosso calendário. Natal tem uma cobertura de menos de 20% da população-alvo, porque ainda está na mente das pessoas que é uma vacina de viajantes. Temos agora a missão de trabalhar o profissional de saúde para a adesão e ofertar a população em busca da vacinação”, disse Vaneska Gadelha, diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Natal.

O Dia D aconteceu em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital, mas o lançamento simbólico da ação ocorreu na Unidade de Saúde da Família (USF) de Nordelândia, em Lagoa Azul, na zona Norte de Natal. Segundo Vaneska Gadelha, a escolha da unidade foi pela baixa adesão à vacina na zona Norte da capital. Até as 10h, 100 doses haviam sido aplicadas no local.


“É uma unidade recém-reformada e a escolha foi para termos uma melhor adesão da zona Norte. Por exemplo, em uma semana, tivemos adesão de mais de 800 pessoas, fazendo e cumprindo sua rotina da vacinação. No Distrito Sul, em três dias, tivemos 200 doses, uma boa adesão. Na zona Norte, pela sua extensão e grande população, teve adesão pequena, por isso pensamos a ação para conscientizar aqui na região, explica Gadelha.


Ainda segundo a diretora, a ação faz parte de um projeto permanente em que todos os meses uma unidade será escolhida para capitanear uma vacina específica. No mês de setembro, por exemplo, o incentivo à vacinação contra a poliomielite já está definido e a expectativa é de que o Dia D aconteça no primeiro final de semana de cada mês.


“Esse projeto tem como finalidade melhorar a cobertura vacinal, porque em algumas situações de prevenção da doença, estava muito baixa. Pensamos em algo para incentivar à população para fazer a adesão dessa cobertura. Esse dia, o primeiro final de semana de cada mês, escolhemos porque percebemos que após o Dia D, temos aumento na procura das pessoas”, comenta.


Quem chegou cedo à unidade foi a dona de casa Gleisyelle Nascimento, 28 anos. Além de ter ido tomar a vacina contra a febre amarela, ela levou suas duas filhas, Maria Cecília, 7, e Rachelly Beatriz, 8, para se vacinar.


“O atendimento foi bom. Vim com minhas filhas, com minha tia e meu tio, a família toda tomar a vacina da febre amarela. Soube pela televisão e vim me vacinar, porque é importante para a proteção das crianças”, disse.


Morador do bairro Lagoa Azul, o aposentado Itamar Pereira de Lima, 56 anos, soube da possibilidade de tomar o imunizante pelas redes sociais. “Vim tomar pela nossa saúde, para se prevenir. Quanto mais vacina tomar melhor”, comentou.


Público-alvo para a imunização
O imunizante contra a Febre Amarela está disponível para crianças que completaram 09 meses e ainda não tomaram a primeira dose; crianças que completaram 04 anos e não tomaram a dose de reforço; e pessoas de 05 a 59 anos não vacinadas, com apenas uma dose ou nenhuma dose registrada. Não podem se vacinar menores de 09 meses, mulheres amamentando crianças menores de 06 meses de idade, pessoas com alergia grave a ovo, pessoas que convivem com HIV e que têm contagem de células CD4 menor que 350, usuários em tratamento de quimioterapia/radioterapia, portadores de doenças autoimunes e pessoas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem as defesas do corpo).


A Febre Amarela é uma doença viral aguda, imunoprevenível, transmitida ao homem e a primatas não humanos (macacos), por meio da picada de mosquitos infectados. O vírus é transmitido pela picada dos mosquitos infectados e não há transmissão direta de pessoa a pessoa. Em áreas de mata, os principais vetores são os mosquitos Haemagogus e Sabethes. Já nas áreas urbanas, o vetor do vírus é o Aedes aegypti.



Primeiras vacinas contra varíola dos macacos devem chegar em setembro

Foto: Reprodução

As primeiras doses da vacina contra a varíola dos macacos (monkeypox, em inglês) destinadas ao Brasil deverão chegar em setembro, informaram há pouco o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Daniel Pereira, e o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Arnaldo Medeiros. Cerca de 20 mil doses desembarcarão no país em setembro; e 30 mil, em outubro.

Apenas profissionais de saúde que manipulam as amostras recolhidas de pacientes e pessoas que tiveram contato direto com doentes serão vacinados. O esquema de vacinação será feito em duas doses, com intervalo de 30 dias entre elas.

A aquisição será feita por meio de convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) porque a empresa dinamarquesa produtora da vacina não-replicante não tem escritório no Brasil nem pretende abrir representação no país. “Existe um pedido da Opas para a aquisição de 100 mil doses de vacinas para as Américas. Dessas 100 mil doses, 50 mil serão adquiridas pelo Ministério da Saúde”, detalhou Medeiros.

Os secretários do Ministério da Saúde concederam, nesta tarde, entrevista coletiva para explicarem as ações da pasta, no dia da inauguração do Centro de Operação de Emergência (COE), que coordenará os trabalhos de monitoramento e de combate à doença.

Segundo o secretário de Vigilância Sanitária, o ministério informou que não haverá campanha de vacinação em massa porque não existe recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS). “A OMS não preconiza uma vacinação em massa, então a gente não está falando de uma campanha de vacinação como falávamos para a covid-19. São vírus absolutamente distintos, é uma clínica absolutamente distinta, um contágio absolutamente diferente, uma letalidade diferente. São doenças absolutamente distintas”, justificou.

Embora, neste primeiro momento, o Brasil compre as doses de uma empresa dinamarquesa, Medeiros não descartou a possibilidade de que, no futuro, o Ministério da Saúde compre doses do Instituto Butantan ou do Laboratório de Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz, caso essas unidades produzam algum imunizante não-replicável contra a varíola dos macacos e caso haja necessidade.

Estigmatização

O Ministério da Saúde manteve as orientações para quem tem suspeita de estar infectado. Quem tiver sintomas deverá procurar um médico, informar os contatos próximos e isolar-se o mais rápido possível. Embora a maior parte dos casos registrados até agora seja registrado em homens que tiveram relações sexuais com outros homens, o secretário de Vigilância em Saúde alertou que qualquer pessoa pode contrair o vírus.

“O dado epidemiológico que nós temos é que, em quase 20 mil casos no mundo, mais de 95% dos casos confirmados são de homens que fazem sexo com outros homens, mas isso não é estigmatização porque a principal forma de transmissão se dá por meio de contato [direto com a pele da pessoa infectada]. É fundamental não fazer a estigmatização, até porque a principal forma de transmissão é o contato pele com pele”.

Balanço

O Ministério da Saúde também atualizou as estatísticas de casos da varíola dos macacos. Em todo o Brasil, o número de casos confirmados subiu para 1.066, contra 978 até ontem. As cidades com mais ocorrências são São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

A pasta também deu mais informações sobre a primeira morte de um infectado no Brasil. O paciente, um homem de Belo Horizonte com 41 anos, tratava um câncer com quimioterapia, estava imunodeprimido e morreu por complicações provocadas pelos sintomas da varíola dos macacos. Ele estava em um hospital público da capital mineira, chegou a ir para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não resistiu.

Nesta tarde, a Espanha também confirmou a primeira morte por varíola dos macacos, a segunda fora do continente africano. Até agora, foram registradas sete mortes em todo o planeta neste surto da doença. O país com o maior número de casos são os Estados Unidos, com cerca de 4,9 mil ocorrências.

Agência Brasil



Currais Novos vacina contra gripe e covid neste sábado

A equipe de imunização vai estar vacinando contra Influenza e covid-19

🔸️A vacina contra a Influenza está disponível para todos os públicos, a partir dos 6 meses de idade.

🔸️Vacinacao de covid para o público contemplado:
💉 18 anos ou mais – 4ª dose;
💉 Adolescentes – 3ªdose;
💉 Crianças a partir de 3 anos;
💉 Pessoas com dose em atraso.

Lembrar de levar os documentos.



Mistério: Secretaria de Saúde de Santa Cruz abre investigação sobre duas mortes no hospital municipal

As duas vítimas morreram nessa quinta-feira no Hospital Aluizio Bezerra. Foto: José Leonilson

A Secretaria de Saúde de Santa Cruz, no Agreste Potiguar, abriu um processo administrativo para investigar a morte de dois pacientes no Hospital Municipal Aluízio Bezerra. Serão ouvidos os trabalhadores da unidade hospitalar e analisados os exames de autópsias dos dois, que morreram nessa quinta-feira (28). As vítimas eram um idoso de 86 anos e uma mulher de 27 anos. Familiares apontaram descaso.

Não foi definido um prazo para conclusão do processo administrativo, já que o resultado depende da emissão dos laudos de autópsia das vítimas. A estimativa é que os documentos sejam disponibilizados em 30 dias.


As vítimas eram Hanna Letícia da Silva Venâncio, de 27 anos, e Manoel Ferreira da Silva, de 86 anos. De acordo com relatos de João Pereira, sogro da mulher, ela sentiu dores no estômago, foi levada à unidade hospitalar, mas demorou muito tempo a ser atendida. Em vídeos que circulam nas redes sociais, a família do idoso, por sua vez, afirma que o hospital interrompeu a estabilização do paciente para socorrer a jovem, que precisou de oxigênio.


A Direção Clínica do Hospital Municipal Aluízio Bezerra afirmou que a unidade “dispunha de dois médicos plantonistas habilitados junto ao CRM/RN, e em nenhum momento houve desassistência ou omissão de socorro, conforme o registrado no prontuário médico dos pacientes”.

Tribuna do Norte



Varíola dos macacos: entenda a transmissão, os sintomas e a vacina

Brasil tem 978 casos da doença. Foto: Nikos Pekiaridis

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, há seis dias, a varíola dos macacos como emergência de saúde pública de interesse internacional. Conhecida internacionalmente como monkeypox, a doença, endêmica em regiões da África, já atingiu neste ano 20.637 pessoas em 77 países.

No Brasil, são 978 casos, sendo 744 apenas em São Paulo. Considerando a importância da informação para combater o avanço do surto, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizou, nesta quinta-feira (28), um encontro onde especialistas apresentaram o que já se sabe sobre a doença e também responderam dúvidas de participantes presenciais e online.

“Esse vírus nós conhecemos e sabemos como lidar com ele. Temos todos os elementos para fazer sua erradicação”, disse o médico Amilcar Tanuri, coordenador do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ e consultor do Ministério da Saúde.

Segundo ele, como já existem muitos estudos sobre a monkeypox, é uma situação diferente da covid-19, que surgiu como uma doença nova. No entanto, o pesquisador alerta que o sucesso no combate ao surto dependerá do compromisso do poder público.

monkeypox é causada por um poxvírus do subgrupo orthopoxvírus, assim como ocorre por outras doenças como a cowpox e a varíola humana, erradicada em 1980 com o auxílio da vacinação. O quadro endêmico no continente africano se deve a duas cepas distintas.

Uma delas, considerada mais perigosa por ter uma taxa de letalidade de até 10%, está presente na região da Bacia do Congo. A outra, com uma taxa de letalidade de 1% a 3%, encontra-se na África Ocidental e é a que deu origem ao surto atual.

No entanto, segundo o médico, o vírus em circulação sofreu um rearranjo gênico que contribuiu para sua capacidade de transmissão pelo mundo. “Ele teve uma evolução disruptiva, sofreu uma mutação drástica”, afirmou. O pesquisador afirmou que casos graves não são recorrentes. A preocupação maior abrange os grupos de risco que incluem imunossuprimidos, crianças acima de 13 kg e gestantes.

“A taxa de letalidade tem relação com o sistema de saúde local. No surto atual, até o momento, não tivemos óbitos fora das áreas endêmicas. Isso mostra que o vírus da monkeypox é de baixa letalidade”, salientou a virologista Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da UFRJ e assessora da OMS.

Transmissão e sintomas

A varíola dos macacos foi descrita pela primeira vez em humanos em 1958. Na época, também se observava o acometimento de macacos, que morriam. Vem daí o nome da doença. No entanto, no ciclo de transmissão, eles são vítimas como os humanos. Na natureza, roedores silvestres representam o reservatório animal do vírus.

“Não há reservatórios descritos em locais fora da África. Uma das maiores preocupações no surto atual é impedir o vírus de encontrar um reservatório em outros países. Se isso acontece, é muito mais difícil a contenção”, explicou Clarissa.

Sem um reservatório animal, a transmissão no mundo vem ocorrendo de pessoa para pessoa. A infecção surge a partir das feridas, fluidos corporais e gotículas do doente. Isso pode ocorrer mediante contato próximo e prolongado sem proteção respiratória, contato com objetos contaminados ou contato com a pele, inclusive sexual.

O tempo de incubação do vírus varia de cinco a 21 dias. O sintoma mais característico é a formação de erupções e nódulos dolorosos na pele. Também podem ocorrer febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares e fraqueza.

“As lesões são profundas, bem definidas na borda e há uma progressão: começa como uma mancha vermelha que chamamos de mácula, se eleva tornando-se uma pápula, vira uma bolha ou vesícula e, por fim, se rompe configurando um crosta”, explicou o infectologista Rafael Galliez, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ.

Pelo protocolo da OMS, devem ser considerados suspeitos os casos em que o paciente tiver ao menos uma lesão na pele em qualquer parte de corpo e se enquadrar em um desses requisitos nos últimos 21 dias: histórico de viagem a país com casos confirmados, contato com viajantes que estiveram nesses país ou contato íntimo com desconhecidos.

Diagnóstico e tratamento

O Laboratório Molecular de Virologia da UFRJ se firmou como um dos polos nacionais para diagnóstico da doença. O primeiro caso no estado do Rio de Janeiro foi detectado em 14 de junho, cinco dias depois da primeira ocorrência no país ser confirmada em São Paulo. De lá pra cá, já são 117 resultados positivos no estado do Rio. Outros estados também têm enviado  amostras para análise na UFRJ.

Essas análises são realizadas em fluidos coletados diretamente das lesões na pele, usando um swab [cotonete estéril] seco. Existe a expectativa de que a população tenha, em breve, acesso a testes rápidos de detecção de antígenos, similar aos que foram feitos para a covid-19.

Mesmo nos quadros mais característicos, o exame é importante para confirmar análise clínica. Um desafio para a detecção da doença é a semelhança de suas lesões com as provocadas pela varicela, doença popularmente conhecida como catapora e causada por um vírus de outro grupo. A mudança de perfil dos sintomas também tem levantado um alerta de especialistas. Na varíola dos macacos, as erupções costumavam surgir mais ou menos juntas e evoluíam no mesmo ritmo.

“Começamos a ver casos com lesões únicas, às vezes na região genital ou anal, às vezes no lábio, às vezes na mão. E também vemos lesões que aparecem em momentos diferentes, de forma mais parecida com a catapora. Esse padrão é diferente do que se estudava sobre monkeypox“, disse o infectologista Rafael.

Uma vez detectada a doença, o tratamento se baseia em suporte clínico e medicação para alívio da dor e da febre. Um antiviral chamado tecovirimat, que bloqueia a disseminação do vírus, já é usado em alguns países, mas ainda não está disponível no Brasil.

Segundo o médico, 10% dos pacientes têm sido internados para o controle da dor, geralmente quando há lesões no ânus, nas partes genitais ou nas mucosas orais, dificultando a deglutição.

Prevenção e vacinas

A vigilância para a rápida identificação de novos casos e o isolamento dos infectados são fundamentais para se evitar a disseminação da doença. Pode ser necessário o período de até 40 dias para a retomada das atividades sociais. Mesmo que o paciente se sinta melhor, deve se manter em isolamento enquanto ainda tiver erupções na pele. “Na catapora, a lesão com crosta já não transmite o vírus. Na varíola dos macacos, essa lesão transmite”, acentuou Rafael.

O infectologista alertou para a importância de se evitar contato com as pessoas que integram os grupos de risco. Segundo ele, embora existam poucos estudos de casos envolvendo gestantes, os resultados não são bons. “Há uma letalidade pediátrica alta. Existe o que a gente chama de transmissão vertical, isto é, o acometimento do feto com danos graves: perda das estruturas da placenta e abortos espontâneos. Com o pouco que se sabe, é considerada uma doença obstétrica grave. Suspeitos de estarem contaminados devem ser orientados a evitar contato com qualquer pessoa que possa estar grávida”, alertou.

Os especialistas da UFRJ também observaram que o uso de preservativo não previne a infecção, já que o intenso contato e a troca de fluidos corporais durante o ato sexual oferece diversas oportunidades para a transmissão do vírus. Por outro lado, há indícios de que as pessoas vacinadas contra a varíola humana tenham proteção contra a monkeypox.

Também sabe-se que sistema imunológico desenvolve proteção cruzada contra os diferentes orthopoxvírus. Isso significa que quem já foi contaminado com a varíola humana ou com a vaccinia, por exemplo, e possivelmente possui imunidade para a varíola dos macacos. Foi com base nesse conhecimento que se criou a vacina antivariólica. Embora voltado para combater a varíola que acometia exclusivamente humanos e possuía uma alta taxa de letalidade entre 30% e 40%, o imunizante foi desenvolvido a partir do vírus da vaccinia, doença que costuma infectar o gado leiteiro e os ordenhadores.

Com a erradicação da varíola, a vacinação foi suspensa em todo o mundo por volta de 1980. No Brasil, campanhas mais robustas ocorreram até 1975, mas até 1979 o imunizante era aplicado nos postos de saúde. Os indícios apontam que quem nasceu antes dessa data e foi vacinado está protegido contra a monkeypox. A média de idade dos contaminados está abaixo dos 38 anos.

Embora já existam vacinas para ajudar no combate ao surto da varíola dos macacos, não há previsão quanto a uma campanha para imunização em massa.

A OMS orienta que se garanta a proteção de profissionais de saúde e pesquisadores laboratoriais. Para os demais grupos populacionais, a imunização deve ser após a exposição. Segundo a virologista Clarissa, trata-se de usar a estratégia de vacinação em anel: são vacinadas pessoas que vivem e que tiveram contato com um paciente positivo na tentativa de bloquear a disseminação do vírus. “Essa vacina funciona muito bem até quatro dias pós-infecção”, observou.

Clarissa acrescenta que não há, neste momento, vacina para todos e a produção mundial vai levar tempo. “Os fabricantes não tinham previsão de produção para uma doença que afetasse o mundo todo. A produção era exclusivamente para estoque estratégico de países que têm programas de biodefesa. O Brasil, como várias outras nações, não tem isso”, explicou. Segundo Rafael, estudos já mostraram a eficácia da estratégia de vacinação em anel em determinados cenários de surto.

Perfil dos infectados

Homens com menos de 40 anos representam a grande maioria dos infectados. Estudos no Reino Unido constataram que muitas vítimas se declaram homossexuais ou bissexuais. Os especialistas, no entanto, alertam que a varíola dos macacos pode acometer qualquer pessoa e não apenas aquelas do sexo masculino com vida sexual ativa. Mulheres e adolescentes já foram diagnosticados com a doença pelo Laboratório Molecular de Virologia da UFRJ.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, aconselhou esta semana que homens que fazem sexo com homens reduzam, neste momento, o número de parceiros sexuais. Ao mesmo tempo, alertou que “estigma e discriminação podem ser tão perigosos quanto qualquer vírus e podem alimentar o surto”.

Segundo o médico Amilcar Tanuri, a desinformação pode deixar a sociedade despreparada para lidar com o surto. “Isso nos remonta à história da AIDS e do HIV. No começo, ficou um estigma que só atrapalhou a prevenção da doença. Isso ocorre porque quando o vírus entra por um grupo inicial leva um tempo até se disseminar para outros grupos. Com o HIV começou assim. Depois se percebeu que os hemofílicos estavam com HIV, que as crianças nasciam com HIV. Não existe nenhuma evidência biológica de que o vírus da varíola dos macacos seja específico para um sexo. Aliás, não sei que vírus tem essa especificidade”, disse.

Agência Brasil